O longa-metragem recebeu duas indicações ao Globo de Ouro em 2018: Chastain foi indicada na categoria de Melhor Atriz de Filme – Drama, enquanto Aaron Sorkin, diretor do longa-metragem, foi indicado ao prêmio de Melhor Roteiro. ‘A Grande Jogada’ marca a estreia de Sorkin na direção.
A produção é baseada no livro de memórias de Molly Bloom, uma ex-esquiadora que ficou conhecida como a “Princesa do Pôquer”. Além de mostrar os bastidores dos jogos que tinham a participação de estrelas de Hollywood e milionários de Wall Street, o longa-metragem mostra o momento em que Molly começou a ser investigada pelo FBI, acusada de organizar eventos ilegais e de envolvimento com a máfia russa.
Vencedor de 5 Emmys pela série dramática West Wing: Nos Bastidores do Poder, Um Oscar de Melhor Roteiro Adaptado pela Rede Social e Dois Globos de Ouro de Melhor Roteiro pela Rede Social e por Steve Jobs, Aaron Sorkin é um roteirista-celebridade, ou seja, graças ao seu estilo de criar roteiros de filmes e séries se tornou conhecido pelo público americano por seus personagens irônicos, walk and talk do elenco, diálogos idealistas com conteúdo e explicações detalhadas, ora direta ora indireta, sobre o tema. Como seu primeiro trabalho como diretor e roteirista, Sorkin realiza a adaptação do livro de memórias escrito por Molly Bloom, A Grande Jogada, tradução brasileira.
Após danificar a coluna nas eliminatórias para as Olimpíadas de Inverno, a ex-esquiadora Molly Bloom (Jessica Chastain) adia a sua entrada na faculdade de direito e vai para Los Angeles numa jornada pessoal para a decepção de seu pai e psicólogo clinico Larry Bloom (Kevin Costner). Vira Barwoman e secretária de Dean (Jeremy Strong) um dono de casa de apostas clandestinas onde frequenta celebridades em busca de dinheiro fácil como o Jogador X (Michael Cera) numa alegoria a astros jogadores de Poker como Leonardo DiCaprio, Tobey Maguire e Ben Affleck. Até uma demissão injusta, a forçar a montar seu próprio clube de apostas.
Doze anos depois, após publicar um livro de memórias cujo nome é o título do filme, Molly é presa pelo FBI acusada de envolvimento com a máfia russa e somente uma delação premiada diminuiria sua pena assim procura o advogado Charlie Jaffey (Idris Elba) para escapar da prisão.
O filme se divide nesses dois segmentos: Os doze anos como gerente de apostas e após a publicação do seu livro de memória, quando procura um advogado para escapar da delação premiada. Com flashbacks de sua infância e adolescência ao lado da educação rígida do pai, principal influência para sua personalidade determinada e comandante.
O público conhece a fundo o poker para aprender as jogadas além de uma mão com cinco ases, os blefes, as desistências e o dinheiro minimo apostado de U$ 10.000 podendo chegar a milhões numa noite de rodadas. As lavagens de dinheiro inerentes aos clubes de aposta assim como a fama e o sucesso adquiridos por cometer um crime. Desde o inicio, ouvimos a narração em off sobre a vida de Molly e como funciona o mundo do poker. A função de cada carta numa jogada e como aquilo determina a vitória em dinheiro até do pior jogador.
Tal qual os filmes anteriores de Sorkin, vemos uma metalinguagem documental sobre a vida de alguém junto com o aprofundamento de temas adjacentes a biografia. O roteiro livre de maniqueísmo e cheio de personagens usando suas inteligências para defender suas causas deixa a marca registrada do diretor-roteirista.
Jessica reprisa o papel que lhe rendeu um Globo de Ouro de Melhor Atriz pelo drama policial A Hora Mais Escura como a jogadora que detesta perder num jogo de ascensão e queda. Molly está num fogo cruzado entre a justiça nacional e o crime organizado de onde deseja perder o mínimo possível.
Mais do que um rostinho de boa moça, vemos um ser humano em busca da vitória e determinação ainda que seja fora da lei deixando dúvidas sobre suas reais motivações. Dos 20 aos 32 anos, parecem pouco devido a maquiagem e figurino na atriz embora não comprometa atuação da personagem visto sua versatilidade em Histórias Cruzadas (2011, Tate Taylor).
Idris Elba, vencedor do Globo de Ouro de Melhor Ator pelo drama policial Luther, também foi escolhido baseado no personagem premiado na forma de um advogado. Aqui, o dever e a corrupção são substituídas pelo prestígio possivelmente conquistado pelo caso e a ética exigida pela condenação de uma criminosa em potencial. Mesmo não sabendo das reais intenções da cliente e munido apenas das informações que ela permite compartilhar, a sua reputação de advogado está em jogo.
Já Kevin Costner num papel coadjuvante para um premiado com os Oscas de Melhor Diretor e Filme por Dança com os Lobos está lá para somar o marketing do filme pela escolha do elenco principal como atores premiados para promover um roteiro com verdades inconvenientes, embora sua atuação como a principal influencia nas ações de Molly e na cena de reencontro entre pai e filha contribua para o riso e o choro do público.
O filme serve para ilustrar a vida como um jogo em todo momento. Onde o jogador pode ser medido por seus números de vitória e derrotas podendo as regras e os resultados mudarem conforme os desejos de quem está no comando. Quer apostar o quanto a vida é assim?
Direção e Roteiro: Aaron Sorkin
Produção: Amy Pascal, Mark Gordon, Matt Jackson
Fotografia: Charlotte Bruus Christensen
Trilha Sonora: Daniel Pemberton
Estúdio: Entertainment One, Pascal Pictures, The Mark Gordon Company
Montador: Alan Baumgarten, Elliot Graham, Josh Schaeffer
Distribuidora: Diamond Films
Elenco: Angela Gots, Bill Camp, Bo Martyn, Brian d’Arcy James, Chris O’Dowd, Claire Rankin, Graham Greene, Idris Elba, J.C. MacKenzie, Jeremy Strong, Jessica Chastain, Joe Keery, Jon Bass, Kevin Costner, Madison McKinley, Michael Cera, Michael Kostroff, Natalie Krill, Rachel Skarsten, Samantha Isler.