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Crítica: Gato de Botas 2: o Último Desejo

Crítica: Gato de Botas 2: o Último Desejo
  • Publicado em: janeiro 5, 2023

Em 2011, o personagem mais arrogante, corajoso, charmoso e fofo das animações ganhou um filme para chamar de seu. Falo do Gato de Botas, spin-off do sucesso da série Shrek, que foi para a telona tendo com um dos produtores Guillermo del Toro e com vozes de Antonio Banderas e Salma Hayek. O filme tinha feito relativo sucesso, mas parecia que iria ficar por aí, até que em 2022, o bichano de nove vidas mais caliente das fábulas, volta com tudo numa super animação, com direção de Januel Mercado, que chega às telas no início desse ano, Gato de Botas 2: o Último Desejo (Puss in Boots: the Last Wish, 2022).

O Gato de Botas, depois de anos de muitas aventuras, farras e uma rotina intensa, parece que está com sua vida por um fio. Aliás, a sua nona vida está sob risco e a morte começa a rondar as pegadas do bichano. Resta ao gato, literalmente, aposentar as botas e viver como um reles gatinho em uma casa com diversos gatos abandonados. Mas o Gato (chamado de Pepino pela nova dona) não sossega, faz amizade com Perrito, um cãozinho infiltrado no lar de bichanos, que inflama sua índole aventureira. Nisso, é instigado pela Cachinhos Dourados e a Família Urso, para ir atrás da lendária estrela cadente do último desejo, um astro mítico que pode devolver suas nove vidas. Para isso, conta com a ajuda de Kitty Pata Mansa e tem que enfrentar o mimado e malvado João Trombeta, que está atrás de mais poderes, que só a estrela pode conceder a ele.

Sou um dos que gostei muito do primeiro Gato de Botas e, realmente, depois de tanto tempo, não esperava grande coisa dessa tal continuação, mas confesso que Gato de Botas 2 honra com louvor a história do gato mais temido e amado da Espanha. Nesse caso, a história ganha até mais força com o acréscimo de novos personagens, como Perrito, o cachorro que queria ser gato e vivia no abrigo de felinos abandonados, e a inclusão de Cachinhos Dourados e a Família Urso, como antagonistas do bem do Gato, o que enriquece muito a trama. Inclusive a presença do gigante João Trombeta, adulto mimado e ambicioso, dá a trama aquele vilão malvado que todos temem e querem derrotar. Kitty Pata Mansa também está de volta com sua relação de amor e ódio com o protagonista. Mas o acerto que dá certa profundidade ao filme é a inclusão do lobo que representa a morte e faz o inconsequente Gato ter, pela primeira vez, consciência e responsabilidade na vida, e principalmente, medo. Uma espécie de amadurecimento do felino, que vê na finitude uma espécie de chance de tentar ser melhor. Quem diria que Gato de Botas teria essa profundidade de encarar sua vida…

É claro que o Gato de Botas 2 não é só reflexão, tem muitas cores vivas, efeitos de primeira, muitas vezes passagens que lembram storyboards, desenhos primários com toque refinado de animação, mas também com aquele frenetismo clássico das animações atuais, muita aventura e humor, principalmente na presença cômica do Perrito, além de uma jornada quase épica de todos personagens em busca do “Santo Graal” que é a estrela cadente do último desejo, que só pode ser alcançada através de um mapa que guia os personagens para encontrá-la e que, conforme a perspectiva do observador, se mostra mais ameno ou mais perigoso. O Gato de Botas apesar de mais humilde, jamais perde o charme, deboche e mesmo sabendo do que aprontou com Pata Mansa, não conseguimos ficar com raiva do irresponsável bichano.

Se algo pode ser concluído da continuação do filme de 2011, é que Gato de Botas 2: o Ultimo Pedido é uma espécie  de edificação do personagem, que  meio que na marra e, graças ao sentimento de medo, no caso de perder sua vida depois de tanto brincar e desafia-lá, pela primeira vez, pensa antes de agir. Sua jornada rumo à estrela é quase uma epopeia de provação, onde se obriga a enfrentar seus fantasmas interiores e até exteriores, no caso, a eterna perseguição do lobo mau da morte, que cedo ou tarde, fará a visita derradeira, mas quem sabe, em outro filme.

Enfim, essa continuação é uma agradável história, com os elementos básicos que a Dreamworks e a saga do Shrek sempre nos encantou, com muitos personagens de contos de fadas, fantasia, bom humor e show visual além, é claro, de um Gato irresistível, que mesmo com sua intensa carga de arrogância e senso provocativo, pode ser considerado um dos personagens felinos mais divertidos e amados das telonas, ou seja, não perca o Gato de Botas 2, uma diversão e tanta, uma aventura bem humorada e com  efeitos visuais de encher os olhos.

 

 

Written By
Lauro Roth