Fazer o que ama – “Sylvie’s Love”

Fazer o que se ama sempre vem acompanhado de um alto preço, mas quase sempre vale a pena o pagar. É isso que Sylvie Johnson aprende no filme original da Prime Video “Sylvie’s Love”, escrito e dirigido por Eugene Ashe.

A vida de Sylvie está traçada pela mãe dela, mas ela passa a discordar disso. O grande prazer da vida dela é assistir TV, o que é bem difícil para uma família de classe média no final da década de 1950.

Para conseguir assistir os programas que tanto ama Sylvie se oferece a ajudar o pai na loja de discos, negócio que abriu quando se casou e percebeu que não conseguiria seguir uma carreira de músico, mesmo com todo seu talento. Numa tarde de verão um jovem aspirante a saxofonista, Robert Halloway, se candidata a ser o segundo funcionário da loja.

Sylvie e Robert se apaixonam no momento que percebem o quanto amam música, passando horas conversando sobre isso. Mesmo Sylvie estando noiva (o noivo estava viajando), ela entra em um romance com Robert, que acaba no momento que a banda de jazz em que ele toca ganha a grande chance de fazer sucesso na França.

Isso e o fato de Sylvie ter escondido o fato de ter engravidado de Robert, ela não queria que ele escolhesse entra a carreira e um filho não planejado. Por sorte e pressão da família, Sylvie ainda consegue casar com o noivo dela, mesmo ele sabendo que não era o pai da criança.

Suas respectivas vidas seguem caminhos muito bons nos próximos 05 anos. O quarteto de jazz em que Robert está realmente fez sucesso na França, fazendo-o ser muito conhecido como o excelente saxofonista que é. Em Nova York, Sylvie consegue equilibrar a vida de casada e de mãe com um trabalho externo, ligado ao entretenimento.

Os problemas começam quando Sylvie ganha a grande chance de ser assistente de produção de um programa de TV, o que lhe consumiria mais tempo. Seu marido discorda, dizendo que a promoção dele daria vida boa para a família, ela não precisaria trabalhar. Ele não entendia que ela amava trabalhar naquilo, era seu sonho desde sempre.

Isso acontece na mesma época que Robert volta a Nova York e, sem querer, encontra com Sylvie em um teatro. O amor entre eles ainda é vivo, embora ela estivesse casada e com uma filha.

Robert fica sabendo que é pai da menina pelo pai de Sylvie. Ele faleceu na virada do ano, sabia que não sobreviveria mais um dia e, como despedida desse mundo, ligou para Robert e contou a verdade.

Enquanto isso, Sylvie escolhe a carreira dentro da TV, que estava em ascensão, enfrentando o marido por causa disso, resultando no divórcio deles. O que é positivo, porque ela percebe, mais uma vez, que ela tem o poder de fazer a próprias escolhas, de viver a carreira que sempre sonhou.

E viver o amor com Robert? Bom, foi mais complicado, ele começou a ter dificuldades na própria carreira, o que atrapalhou um pouco, mas eles conseguiram superar.

O filme tem um ritmo um pouco lento para alguns aspectos, mas rápido para outros, mas é todo embalado pelo jazz, o que dá um charme a mais.

O foco é essa luta interna por fazer aquilo que se ama e fazer isso dá certo, ser de fato o ganha-pão da pessoa, tanto o jazz para Robert quanto a TV para Sylvie, mas tem outras questões por traz.

No caso de Robert é possível ver um pouco como funciona os bastidores do entretenimento, o quão prazeroso é está no topo, mas o quão arriscado é esse topo. O líder do quarteto se perdeu totalmente, passou a trair a esposa, que sempre apoiou a banda, com a agente deles e ainda passava a perna nos outros sutilmente.

No caso de Sylvie é a questão de gênero e a questão racial que pode ser analisada. Uma coisa que o pai dela comenta um momento é o quão louca é a ideia de uma garota negra poder fazer programa de TV. Ele era protetor o suficiente para tentar a aconselhar, mas encorajador o suficiente para a incentivar a ter sonhos.

Ela precisa provar que poderia ser uma mulher casada que trabalhava para fora, precisa provar que seu trabalho é tão valioso quanto o do marido, precisa provar que é capaz de sustentar e cuidar da filha.

Sabemos que isso era uma realidade entre as décadas de 1950 e 1960, foram preciso de muitas mulheres como Sylvie, ou ainda mais rebeldes, para termos as possibilidades que temos hoje.

Sylvie é vivida por Tessa Thompson, conhecida por viver Valquíria em “Thor: Ragnarok”, além de filmes como “MIB: Homens de Preto Internacional” e “Creed”. Recentemente temos conhecido outras facetas dela, ela emprestou a voz para a Dama em “Dama e o Vagabundo” e, como Sylvie, podemos a ver de forma mais suave, mas não menos forte.

Robert é interpretado por Nnamdi Asomugha, que tem o primeiro grande destaque com “Sylvie’s Love”.

Sylvie tem uma grande conselheira ao seu lado, Mona, sua prima, ela é interpretada por Aja Naomi King, conhecida pela série “How To Get Away With Muder”.

O líder do quarteto se chamava Dicke, ele é vivido por Tone Bell, conhecido pelas séries “Whitney” e “Disjoined”. A esposa dele, Carmem, é interpretada por Eva Longoria, conhecida por “Desperate Housewives”.

Outro integrante do quarteto auxiliou na aproximação entre Sylvie e Robert, ele é Chicago Sweetney, que teve um affair com Mona no mesmo verão. Chicago é vivido por Regé-Jean Page e você o conhece por toda Sua Graça, o Duque de Hastings, Simon Basset, da série “Bridgerton”.

A única coisa que não entendi foi a classificação que a Prime Video fez, dizendo que o filme teria violência e de sexo. Tem sim cenas de insinuação ao sexo e outras de discussão, mas nada além do limite, não tem nem luta física ou nudez.

Resumindo, dá para assistir na TV da sala!

Até mais.

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