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Fazer o que ama – “Sylvie’s Love”

Fazer o que ama – “Sylvie’s Love”
  • Publicado em: fevereiro 10, 2021

Fazer o que se ama sempre vem acompanhado de um alto preço, mas quase sempre vale a pena o pagar. É isso que Sylvie Johnson aprende no filme original da Prime Video “Sylvie’s Love”, escrito e dirigido por Eugene Ashe.

A vida de Sylvie está traçada pela mãe dela, mas ela passa a discordar disso. O grande prazer da vida dela é assistir TV, o que é bem difícil para uma família de classe média no final da década de 1950.

Para conseguir assistir os programas que tanto ama Sylvie se oferece a ajudar o pai na loja de discos, negócio que abriu quando se casou e percebeu que não conseguiria seguir uma carreira de músico, mesmo com todo seu talento. Numa tarde de verão um jovem aspirante a saxofonista, Robert Halloway, se candidata a ser o segundo funcionário da loja.

Sylvie e Robert se apaixonam no momento que percebem o quanto amam música, passando horas conversando sobre isso. Mesmo Sylvie estando noiva (o noivo estava viajando), ela entra em um romance com Robert, que acaba no momento que a banda de jazz em que ele toca ganha a grande chance de fazer sucesso na França.

Isso e o fato de Sylvie ter escondido o fato de ter engravidado de Robert, ela não queria que ele escolhesse entra a carreira e um filho não planejado. Por sorte e pressão da família, Sylvie ainda consegue casar com o noivo dela, mesmo ele sabendo que não era o pai da criança.

Suas respectivas vidas seguem caminhos muito bons nos próximos 05 anos. O quarteto de jazz em que Robert está realmente fez sucesso na França, fazendo-o ser muito conhecido como o excelente saxofonista que é. Em Nova York, Sylvie consegue equilibrar a vida de casada e de mãe com um trabalho externo, ligado ao entretenimento.

Os problemas começam quando Sylvie ganha a grande chance de ser assistente de produção de um programa de TV, o que lhe consumiria mais tempo. Seu marido discorda, dizendo que a promoção dele daria vida boa para a família, ela não precisaria trabalhar. Ele não entendia que ela amava trabalhar naquilo, era seu sonho desde sempre.

Isso acontece na mesma época que Robert volta a Nova York e, sem querer, encontra com Sylvie em um teatro. O amor entre eles ainda é vivo, embora ela estivesse casada e com uma filha.

Robert fica sabendo que é pai da menina pelo pai de Sylvie. Ele faleceu na virada do ano, sabia que não sobreviveria mais um dia e, como despedida desse mundo, ligou para Robert e contou a verdade.

Enquanto isso, Sylvie escolhe a carreira dentro da TV, que estava em ascensão, enfrentando o marido por causa disso, resultando no divórcio deles. O que é positivo, porque ela percebe, mais uma vez, que ela tem o poder de fazer a próprias escolhas, de viver a carreira que sempre sonhou.

E viver o amor com Robert? Bom, foi mais complicado, ele começou a ter dificuldades na própria carreira, o que atrapalhou um pouco, mas eles conseguiram superar.

O filme tem um ritmo um pouco lento para alguns aspectos, mas rápido para outros, mas é todo embalado pelo jazz, o que dá um charme a mais.

O foco é essa luta interna por fazer aquilo que se ama e fazer isso dá certo, ser de fato o ganha-pão da pessoa, tanto o jazz para Robert quanto a TV para Sylvie, mas tem outras questões por traz.

No caso de Robert é possível ver um pouco como funciona os bastidores do entretenimento, o quão prazeroso é está no topo, mas o quão arriscado é esse topo. O líder do quarteto se perdeu totalmente, passou a trair a esposa, que sempre apoiou a banda, com a agente deles e ainda passava a perna nos outros sutilmente.

No caso de Sylvie é a questão de gênero e a questão racial que pode ser analisada. Uma coisa que o pai dela comenta um momento é o quão louca é a ideia de uma garota negra poder fazer programa de TV. Ele era protetor o suficiente para tentar a aconselhar, mas encorajador o suficiente para a incentivar a ter sonhos.

Ela precisa provar que poderia ser uma mulher casada que trabalhava para fora, precisa provar que seu trabalho é tão valioso quanto o do marido, precisa provar que é capaz de sustentar e cuidar da filha.

Sabemos que isso era uma realidade entre as décadas de 1950 e 1960, foram preciso de muitas mulheres como Sylvie, ou ainda mais rebeldes, para termos as possibilidades que temos hoje.

Sylvie é vivida por Tessa Thompson, conhecida por viver Valquíria em “Thor: Ragnarok”, além de filmes como “MIB: Homens de Preto Internacional” e “Creed”. Recentemente temos conhecido outras facetas dela, ela emprestou a voz para a Dama em “Dama e o Vagabundo” e, como Sylvie, podemos a ver de forma mais suave, mas não menos forte.

Robert é interpretado por Nnamdi Asomugha, que tem o primeiro grande destaque com “Sylvie’s Love”.

Sylvie tem uma grande conselheira ao seu lado, Mona, sua prima, ela é interpretada por Aja Naomi King, conhecida pela série “How To Get Away With Muder”.

O líder do quarteto se chamava Dicke, ele é vivido por Tone Bell, conhecido pelas séries “Whitney” e “Disjoined”. A esposa dele, Carmem, é interpretada por Eva Longoria, conhecida por “Desperate Housewives”.

Outro integrante do quarteto auxiliou na aproximação entre Sylvie e Robert, ele é Chicago Sweetney, que teve um affair com Mona no mesmo verão. Chicago é vivido por Regé-Jean Page e você o conhece por toda Sua Graça, o Duque de Hastings, Simon Basset, da série “Bridgerton”.

A única coisa que não entendi foi a classificação que a Prime Video fez, dizendo que o filme teria violência e de sexo. Tem sim cenas de insinuação ao sexo e outras de discussão, mas nada além do limite, não tem nem luta física ou nudez.

Resumindo, dá para assistir na TV da sala!

Até mais.

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.