O conceito de família perfeita foi construído, descontruído e reconstruídos várias vezes ao longo da história, mas, ainda assim, temos algumas visões precipitadas sobre esse instituto e sua formação.
O drama inglês “Algum Lugar Especial”, dirigido e escrito por Uberto Pasolini, recém-chegado ao Brasil, graças à distribuição da A2 Filmes, faz com que o expectador reflita sobre esses conceitos de família e sobre outros assuntos que ainda são muito delicados, como a morte e a adoção.
Ah, é baseado em uma história real.
John é um pai solo, ele cuida de seu filhinho de 03 anos, Michael, sozinho desde que ele era bebezinho, a mãe do garoto abandonou a família quando ele tinha 06 meses de vida.
Essa família de dois funciona apesar das dificuldades. John trabalha como limpador de vidros, ele mesmo não teve muitas oportunidades na vida, mas luta cada segundo para que Michael tenha uma vida plena e feliz. Essa luta se intensifica quando ele descobre que está muito doente, com pouco tempo de vida pela frente.
A partir daí John entra em uma batalha para encontrar uma família perfeita para Michael, para que o menino não sofra com sua morte e que possa ter todas aquelas oportunidades que ele sonhou para o filho. Nessa empreitada ele recebe ajuda de Shona e Pam, do Centro Comunitário.
O plano é usar esses últimos meses saldáveis de John para visitar famílias que queiram adotar Michael, ver como ele reagiria em uma nova casa, em uma nova família, mas isso sem que ele soubesse da condição do pai. E eles visitam muitas famílias, de várias classes sociais e visões.
Enquanto isso acontece John pensa em sua partida, mesclando seu pouco conhecimento, sua criação religiosa e sua revolta por tudo aquilo está acontecendo. Ele também não sabe como abordar ao assunto com Michael, tentando esconder que algo sério estava acontecendo.
O que John não entendeu, e o que muitos adultos também não entendem, é que as crianças sentem e veem tudo a sua volta, podem até não entender tudo, mas sabem quando algo está acontecendo. No caso de Michael, ele, mesmo muito pequeninho, percebe o pai ficando mais abatido a cada dia.
Qual a família perfeita? Para Michael foi alguém que muitos não acreditava que seria uma boa mãe, que ela mesma não achava que seria mais possível viver aquilo, mas estava aberta a adotar um garotinho como ele.
O filme é despretensioso do começo ao fim, não há grandes recursos e com poucos diálogos falados, com foco em momentos simples do dia a dia, destacando as janelas da cidade. As cenas entre pai e filho são delicadamente reais, mostrando a dedicação e amor entre eles dois em tudo que faziam.
Estamos tão acostumados a filmes com super produção que um filme assim pode passar despercebido, o que não seria certo. É justamente por causa dessa simplesmente que o filme é tocante.
O elenco é liderado por James Norton, interpretando John. Norton é conhecido por obras como “War & Peace” (a série de 2016), “Hampstead” e “Adoráveis Mulheres” (de 2019). Michael é vivido por Daniel Lamont, que faz sua estreia como ator (fofíssimo e muito expressivo).
Shona, a jovem assistente social que ajuda John a encontrar a família para Michael, é vivida por Eileen O’Higgins, conhecida pelo filme “Brooklyn”. A chefe dela, Pam, é vivida pela atriz irlandesa Siobhan McSweeney, conhecida pela série cômica “Derry Girls”.
O elenco ainda conta com outros nomes conhecidos em papeis menores, a maioria viveu membros das possíveis famílias adotivas de Michael, como: Valene Kane (“Gangs of London”, “The Fall”, “Rogue One: A Star Wars Story”), Keith McErlean (“Sing Street”, “Vikings”), Chris Corrigan (“The Fall”), Niamh McGrady (“The Fall”), Migel O’Neill (“A Livraria”, “Vikings”, “Game of Thrones”), Rhoda Ofori-Attah (“Coronation Street”, “Top Boy”, “Amor e Tulipas”), Roisin Gallangher (“The Fall”), Caolan Byrne (“Porridge”, “The Miniaturist”, “Britannia”), dentre outros.
Até mais!