É hora de morfar com o novo filme dos Power Rangers!
Sugerimos para esta matéria uma experiência diferente: Dê o play no vídeo e experimente ler o post ao som de Mighty Morphin Power Rangers, trilha sonora original da série clássica.
O novo filme dos heróis coloridos da Saban reimagina a mitologia dos Rangers (que agora sangram, em vez de soltar faíscas), associando sua origem a uma espécie alienígena, trazendo novos conceitos como, por exemplo, a rede de morfagem – que só funciona quando a equipe está unida -, os bonecos de massa – agora feitos de pedra – e uma vilã realmente sinistra e que bota medo: a boa e velha Rita Repulsa (um tanto quanto sexy desta vez, porém, simultaneamente, mais repulsiva). Entenda o longa como um clássico episódio do programa da televisão, apenas bem produzido, um pouco mais dramático, bastante engraçado e sem aquele tom novelesco do seriado.
Power Rangers – O Filme, ainda em cartaz em mais de 80% das salas brasileiras, estreou no dia 23 de março levando, até o momento, quase 500 mil pessoas ao cinema. O longa, distribuído pela Paris Filmes, está beirando os R$ 7 milhões na bilheteria o que o mantém com a segunda maior arrecadação, atrás apenas de A Bela e a Fera. A colocação no pódio das telonas dos Estados Unidos se repete com o reboot dos heróis coloridos ainda em cartaz em mais de 3.600 salas norte-americanas e uma renda de US$ 40 milhões e 500 mil até agora.
Com produção da Lions Gate Entertainment, roteiro de Ashley Miller, Zack Stentz (dupla responsável pela história de X-Men: Primeira Classe e Thor) e John Gatins (Gigantes de Aço), e direção de Dean Israelite, Power Rangers – O Filme traz Bryan Cranston (Breaking Bad) como Zordon, Elizabeth Banks (Jogos Vorazes) como Rita Repulsa, Dacre Montgomery como o Ranger Vermelho Jason Lee Scott, Naomi Scott vivendo a Ranger Rosa Kimberly Ann Hart; Ludi Lin interpretando o Ranger Preto Zack Taylor, a cantora Becky G fazendo a Ranger Amarela Trini Kwan e RJ Cyler interpretando o Ranger Azul Billy Cranston. Bill Hader vive Alpha 5, o robô ajudante dos Rangers.
O bilionário egípcio Haim Saban, criador dos Power Rangers e produtor do filme, já havia anunciado – antes mesmo da estreia do longa – que estão planejados seis filmes para o universo Ranger. Em entrevista para a revista Variety, Saban comentou que, apesar de valorizar bastante os efeitos visuais, o foco é na construção dos personagens. “Temos um arco de história para seis filmes. (…) Os efeitos são apenas parte do filme. Também desenvolvemos personagens verdadeiros. Eles não se levam tão a sério, em termos de como se relacionam. Queria que o filme mostrasse que os perdedores e esquisitos, quando juntos, conseguem entender a importância da responsabilidade em seus ombros”, declarou Saban.
Após assistir ao reboot fica difícil discordar do produtor, afinal cerca de 80% do tempo de tela é gasto com a construção dos personagens. O que permitiu a história uma profundidade e, de certo modo, uma seriedade nunca antes vista nas séries ou até mesmo nos filmes dos anos 90. Ademais, levando em consideração as 21 temporadas, Power Rangers é uma franquia saturada. O filme surpreendeu ao trazer personalidade para o enredo. Inspirado em Clube dos Cinco (1985), Conta Comigo (1986) e Curtindo a Vida Adoidado (1986), a relação entre os protagonistas se dá de um modo bem natural. O leve drama que nos é passado, presente na história de cada um, justifica e torna verdadeiro o entrosamento da equipe Você compra facilmente as motivações de cada personagem, em todas as suas tomadas de atitude.
O único ponto fora da curva é Zack, o ranger preto. Apesar do background dramático que deram ao personagem – na história ele mora com a mãe, que tem uma doença terminal e Zack é o único que cuida dela – a sua representação é artificial. Parte da culpa se deve a fraca atuação de Ludi Lin, destoando dos demais que fazem um trabalho competente. Todavia, o ranger preto foi mesmo mal escrito: pensaram em um bom argumento, mas não souberam trabalhá-lo.
Atenção, a partir daqui, spoilers. Mas se você está curioso e ainda não viu o filme pode ler sem culpa. Power Rangers é um filme bastante previsível (o que não o torna ruim) e nenhuma revelação sobre o roteiro vai estragar sua experiência. Se quiser parar por aqui, fique com o trailer.
Pra você que já viu o filme ou aceita as revelações, seguimos. A cena de abertura, com os rangers originais visitando a Terra há 65 milhões de anos, insere rapidamente o espectador naquele universo. Na sequência, o tom bem humorado do filme dá as caras – o que perdura por quase todo o enredo, com boas sacadas, piadas simples mas bem acertadas. Mais importante do que isso, o filme sabe quando ser engraçado e quando não. Não é uma obra que desrespeita o espectador, inserindo memes forçados em meio aos arcos dramáticos. No primeiro ato, o maior destaque fica por conta da direção. A mão do novato Dean Israelite é percebida em uma das primeiras cenas. O futuro Ranger Vermelho, Jason Scott, se envolve numa fuga da polícia em sua picape. A câmera acompanha toda a ação de dentro do veículo, girando várias vezes em torno do próprio eixo, ao passo em que as imagens são alternadas com outra câmera focada em Scott até o momento da capotagem quando o diretor coloca um pouco de slow motion, quase imperceptível.
Voltando aos personagens, se por um lado Zack decepcionou, a surpresa boa vem com Billy, o Ranger Azul. Além de ser o mais carismático e engraçado da equipe, Billy tem um certo nível de autismo e superdotação (ou altas habilidades). A superdotação é observada em algumas pessoas que tem autismo e nada mais é do que um desempenho elevado em relação aos pares, de forma isolada ou combinada, em uma ou mais áreas como, por exemplo, conhecimento acadêmico geral ou específico, capacidade psicomotora, talento artístico, pensamento criativo e liderança. Isso explica o porquê de ele ser o geniozinho do grupo. (Para saber mais sobre Altas Habilidades e Autismo clique aqui).
No geral, há quem sentiu falta da pancadaria e de mais cenas de ação. Por tratar-se de um filme de origem, havia muito mais relevância em construir os personagens, enfatizar a descoberta dos poderes, criar e fortalecer o relacionamento da equipe. E isso só contribuiu para o momento da ação, já no terceiro ato. A trajetória percorrida até o clímax, incluindo o treinamento dos rangers, torna a sequência final mais verdadeira. Em relação à descoberta dos poderes fica clara a inspiração em filmes como Homem-Aranha (2002) e, principalmente, em Poder Sem Limites (2012). Aliás, boa parte da tônica do filme, e até mesmo o roteiro, denota elementos trazidos deste último.
O roteiro é previsível mas conciso e bem escrito. Faz a trama funcionar. O Ranger Vermelho, apesar de bom personagem, não é um líder muito certo do que quer. Jason é muito mais um membro da equipe, tão perdido quanto os demais na descoberta e aceitação da nova realidade. Na cena derradeira da batalha entre os rangers e a vilã Rita Repulsa outra coisa que fica meio estranha é a formação do Megazord. Não fica claro o motivo e nem como os zords se unem. É muito mais o ápice da união da equipe que está sofrendo junta que acaba sendo representada pelo surgimento do Megazord.
Ainda na cena final, a batalha entre o Megazord e Goldar merecia ser mais longa e grandiosa. Um dos motivos alegados é a limitação de recursos – estima-se que o valor de produção ficou em torno dos 100 milhões de dólares. Merece citação a ótima trilha sonora, com tons sci-fi meio futuristas.
PRINCIPAIS EASTER EGGS
Se você é um fã da série clássica e assistiu ao novo filme, certamente notou a breve aparição de Jason David Frank e Amy Jo Johnson, conhecidos da série clássica como Tommy Oliver e Kimberly Ann Hart – rangers verde e rosa, respectivamente. Mas de acordo com David Frank, a aparição seria diferente (e mais interessante): Em entrevista ao site Cinema Blend, Frank conta que a primeira ideia do diretor Dean Israelite era incluí-los na mesma cena em que Rita Repulsa degusta uma rosquinha na sorveteria Krispy Kream.
“Primeiro nós gravamos uma cena dentro da Krispy Kream. Eu até deixei meu cabelo crescer para fazer um rabo de cavalo. Achei que os fãs iriam gostar, mas no fim das contas não entrou essa cena. Nós contracenávamos com Rita e estávamos vestidos de verde e rosa”, informou Frank. Por óbvio, os fãs aguardam ansiosamente que essa sequência venha a público.
Outro Easter Egg foi a cena pós-créditos. Na sala da detenção o professor chama por Tommy Oliver, entretanto, a câmera mostra a cadeira vazia, coberta por um casaco verde – clara alusão ao Ranger Verde que estará na sequência e ao fato de que o Tommy original do seriado clássico se atrasava em todos os episódios. Vale citar, ainda, os rangers usando roupas e objetos com as respectivas cores de suas futura armaduras, o “ai ai ai ai ai ai” do Alpha 5, o refrão Go Go Power Rangers que toca na disparada dos Zords, a frase clássica de Rita Repulsa “make my monster grow” (faça meu monstro crescer) na hora da formação de Goldar, o enquadramento pela lateral no momento em que os zords correm lado a lado, entre outros.
Baseada na série japonesa Super Sentai, surgiu, em 1993, Mighty Morphin Power Rangers a primeira das 21 séries televisivas da franquia criada, originalmente, pela Saban Entertainment. Além dos seriados, o universo Ranger conta com histórias em quadrinhos, filmes, games e uma linha de brinquedos. A Saban vendeu os direitos em 2001, mas os readquiriu quase uma década mais tarde, em 2010. A franquia, que em 2017 completa 24 anos, é reimaginada neste reboot de 2017 funcionando como um colírio para os fãs e uma porta aberta para aqueles que, por acaso tenham ficado as últimas duas décadas fora do planeta Terra e não conheçam os heróis da infância de muita gente.
E falando em nostalgia e conquista de novos fãs, a Netflix disponibilizou recentemente quase todas as temporadas e especiais/filmes dos Power Rangers em seu serviço de streaming e preparou um vídeo para instigar ainda mais sua vontade de assistir.
Confira:
Confira a lista completa disponibilizada pela gigante do streaming:
Temporadas
Mighty Morphin Power Rangers (1993–1995)
Power Rangers: Zeo (1996)
Power Rangers: Turbo (1997)
Power Rangers no Espaço (1998)
Power Rangers na Galáxia Perdida (1999)
Power Rangers: Resgate (2000)
Power Rangers: Força do Tempo (2001)
Power Rangers: Força Animal (2002)
Power Rangers: Tempestade Ninja (2003)
Power Rangers: Dino Trovão (2004)
Power Rangers: S.P.D. (2005)
Power Rangers: Força Mística (2006)
Power Rangers: Operação Ultraveloz (2007)
Power Rangers: Fúria da Selva (2008)
Power Rangers: RPM (2009)
Power Rangers: Samurai & Super Samurai (2011-2012)
Power Rangers: Megaforce & Super Megaforce (2013-2014)
Power Rangers: Dino Charge & Dino Super Charge (2015-2016)
Especiais/Filmes
Power Rangers Samurai: Christmas Together, Friends Forever (1994)
Mighty Morphin Alien Rangers (1996)
Power Rangers Samurai: Party Monsters (2011)
Power Rangers Samurai: A Batalha dos Rangers Vermelhos (2011)
Power Rangers Samurai: Trickster or Treat (2012)
Power Rangers Super Samurai: Stuck on Christmas (2012)
Power Rangers Megaforce – Raising Spirits (2013)
Power Rangers Megaforce: The Robot Before Christmas (2013)
O MAIOR HERÓI E O MAIOR VILÃO DA HISTÓRIA DOS POWER RANGERS
Quem assistiu a Mighty Morphin Power Ranger (1993), na década de 1990, certamente lembra do Ranger Verde, Tommy Oliver, interpretado por Jason David Frank. Mas talvez não se recorde que ele é o maior Power Ranger da história. Tommy foi introduzido na série com a moeda do Dragonzord, como um ranger verde maligno que depois passou para o lado do bem. Mais tarde ele adota o poder do Tigerzord, tornando-se o Ranger Branco e lider da equipe, ainda em Mighty Morphin. Nas temporadas seguintes Frank ainda viria a atuar como o Ranger Zeo Vermelho de Power Rangers Zeo (1996), o Ranger Turbo Vermelho de Power Rangers Turbo (1997) e Ranger Dino Preto de Power Rangers Dino Trovão (2004).
Atualmente com 43 anos, Jason, manteve-se apaixonado pelas lutas também na vida real. Faixa preta 7º dan em Karatê, faixa roxa em Brazilian Jiu-jitsu, praticante de wrestling, Kickboxing e Boxe tornou-se, em 2009, lutador de MMA. Suas principais lutas ocorreram entre janeiro e agosto de 2010, permanecendo invicto nos quatro combates que disputou.
Se por um lado Jason é nosso herói na ficção e na vida real, por outro o ator Ricardo Medina Jr. é o vilão nos dois mundos. Medina , que inicialmente interpretou o Ranger Vermelho Cole Evans em Power Ranger Força Animal (2002) foi condenado nesta quinta-feira, 30, pelo assassinato de um rapaz com quem dividia o apartamento, ocorrido em 31 de janeiro de 2015. O ator, de 38 anos, se desentendeu com Josh Sutter e puxou uma espada samurai que ficava guardada em seu quarto. Os promotores do caso relataram que o motivo do crime, ocorrido em Palmdale, região norte de Los Angeles, foi a presença da namorada do ator no imóvel. Entre as evidências que incriminam Medina está uma gravação feita no próprio apartamento.
Depois de cometer o crime, o ator telefonou para o serviço de emergência e ficou no local até as autoridades chegarem. Medina foi preso na época, mas foi liberado logo depois. A ironia está no fato do ex-Ranger também ter atuado como o vilão Deker em Power Rangers Samurai (2011). Não se sabe se a espada usada no crime era semelhante ou até a mesma utilizada nas filmagens. Ele, que já havia confessado o assassinato no último dia 16, foi condenado a seis anos de prisão.
MOMENTO (MAIS) NOSTALGIA
Se você for fã o suficiente e tiver a paciência necessária, rememore todas as aberturas da série televisiva, entre 1993 e 2016.
Caso queria relembrar em detalhes a história, os personagens e as características de cada temporada Ranger você pode conferir uma galeria preparada pela equipe do site Omelete, clicando aqui.