Distância entre o Brooklyn e Upper East Side – “Gossip Girl”

Cada década tem a rainha, a It Girl, os mocinhos e os bad boys que merece!

Entre os anos de 2007 e 2012 os jovens acompanharam os privilégios da elite adolescente de Upper East Side, Manhattan, e os contrastes com os nativos do Brooklyn em “Gossip Girl”.

A premissa era básica de programa de adolescente, panelinha rica humilhando os “de fora” em uma escola privada da elite. Mas com um elemento que hoje é bem comum, mas naquela época ainda não era, os blogs (hoje substituídos pelas redes sociais).

O foco da trama está entre a “realeza” formada por Blair Warldof, Serena van der Woodsen, Nate Archibald e Chuck Bass, amigos e inimigos ao mesmo tempo. Por outro lado, os irmãos bolsistas Dan e Jenny Humphrey tentavam sobreviver a essa selva social, com direito a festas, roupas de marca, muito champanhe e privilégios.

Blair e Serena representam aquelas amizades complexas, cheias e altos e baixos. Serena chama atenção por natureza, por isso sempre foi a mais popular, no colégio e entre os homens, já Blair é centrada, focada em seus planos de vida e em ser poderosa.

Nate e Chuck fazem o contraponto masculino, passando por momentos semelhantes, envolvendo detalhes sórdidos, até porque estamos falando de Chuck Bass. Nate namorava com Blair, mas a traiu com Serena, já Chuck não amava ninguém, mas se apaixonou por Blair e isso tem um poder inacreditável sobre os dois.

Do lado do Brooklyn, Dan é apaixonado por Serena, mas nunca soube como chamar atenção dela, afinal ele era o invisível. Jenny não era tão invisível, ela fazia questão de não ser, tentando com todas as forças escalar socialmente dentro do colégio, o que significava desafiar Blair.

Tudo isso era observado de perto pela Garota do Blog, ou Gossip Girl. Alguém, que nunca revelava a identidade, mantinha um blog cujo objetivo era, resumindo bem, fazer fofoca. Ela tinha o poder de construir e destruir reputações, bastava que seus alvos soubessem como lidar.

O mosaico de romances é confuso até certo ponto, mas aos poucos conseguimos escolher o casal que devemos torcer, tanto no elenco jovem quanto no elenco adulto. No segundo caso o destaque vai para Lily e Rufus, ela era a mãe de Serena e ele pai de Dan, mas quando jovens eles tiveram um romance, com a aproximação dos filhos eles tentam uma segunda vez.

Lily (vivida por Kelly Rutherford) é um personagem bem central. Ela começa sendo a madrasta de Chuck, sendo a única pessoa que ele ouvia de verdade em momentos críticos (ela até o adotou, apesar de tudo que aprontava), depois ela se envolve com Rufus e o clã Humphrey. Em vários momentos era a conselheira que todos precisavam, virou quase a “mãezona” do elenco”.

O blog era liderado por essa pessoa anônima, mas era alimentado por todos que formavam aquele ciclo social, assim que algo potencialmente escandaloso acontecia tinha alguém sacando seu celular para registrar e passar a informação. Muitos dos famosos escândalos do casal Chuck/Blair (o nome do shipp era Chair) foram baseados nesse sistema.

A série é uma adaptação de uma série de livros Cecily von Ziegesar, tanto uma obra quanto a outra ocorrem em momentos que a tecnologia dos celulares e a influência dos blogs ainda não era uma realidade. Ouso em dizer que ela previu todo esse interesse em redes sociais antes de as redes sociais serem o que são hoje.

Curiosidade: Cecily von Ziegesar fez até uma aparição, na 5º temporada, como ex-aluna da Constance (colégio feminino).

Recentemente eu assisti a série completa, antes eu só assistia episódios perdidos (mas já amava), e foi muito engraçado ver essa relação dos jovens com essa fonte de notícias, esse poder sobre as informações. Em alguns episódios é possível ver como fake news surgem tão facilmente, mesmo uma década atrás.

Foi interessante também ver a evolução dos celulares, por eles eu pude ver a transição daqueles celulares tradicionais, como o flip da Motorola, para os smartphones. Lá pela 3º ou 4º temporada apareceu um BlackBerry e eu me lembrei do quanto eu amava o meu BlackBerry (mas não tenho saudades das teclas pequenas).

Também assisti o episódio especial, em que o elenco e parte da equipe fala da série, uma forma de se despedir. Nele os produtores comentaram que tiveram a intenção de fazer uma série que mostrasse o amor por Nova York, esse fator associado a todo o envolvimento com a moda iria suprir a falta de “Sex and The City”, que havia acabado anos antes.

Mais uma vez digo aqui, é incrível como os nova iorquinos conseguem fazer da cidade deles a melhor do mundo, pelo menos a ideia dela. Nesse caso, uma cidade glamourosa, cheia de arte e moda, mas com divisões visíveis entre as classes sociais.

Falando em moda, esse é quase um personagem a mais na série, sob vários fatores, desde Blair ser herdeira da marca da mãe até os elementos característicos de cada personagem, com foco em Jenny.

Apesar da rebeldia sem causa característica de Jenny, vivida por Taylor Momsen, ela representa bem a luta de jovens designers. Ela tinha mais talento que muitos designers experientes, mas quase estragava tudo por imaturidade. Aos poucos ela viu isso, a trajetória dela passou até pelo crivo de ninguém menos que Tim Gunn (“Project Runway”).

Não foram poucos os eventos de moda representados, alguns desfiles e muitas participações especiais. Além de Tim Gunn, posso citar Alexa Chung (“Next In Fashion”), Vera Wang, Michael Kors e Rachel Zoe. Isso sem contar com a participação de Tyra Banks como uma atriz caricata!

Algo que também pude prestar atenção ao assistir já adulta, entendo um pouco melhor de moda e imagem pessoal, foi a influência dos elementos na personalidade de cada um. A tiara de Blair, o estilo boho de Serena, o topete de Nate, a elegância de Lily (mãe de Serena), a sombra preta de Jenny, os cabelos de Dan e de Rufus (pai dele) e, em especial, todo o conjunto de Chuck Bass.

Embora eu tenha uma admiração gigante por Blair, eu fico admirada com toda a construção de Chuck e como a imagem dele muda, evoluindo junto com o guarda roupas. Começa como um adolescente mimado e excêntrico, com seus ternos extremamente coloridos, seu inseparável cachecol e cabelo bagunçado, passando para um jovem adulto de negócios, ternos bem cortados e muito elegantes.

É possível notar a mudança de humor dele pelas escolhas de roupas, quanto mais elegante ele se apresentava mais confiante ele estava. Quando ele aparecia só de robe, à lá Hugh Hefner, era certeza que estava deprimido de alguma forma.

Logicamente que o talento de Ed Westwick conta muito com essa percepção. Aliás, devo acrescentar que o ator é inglês, mas hora alguma deixa transparecer o sotaque, para todos os efeitos ele é nova iorquino nato.

Particularmente, entre o elenco masculino, Ed se destaca pelo talento, em muitos momentos é possível notar a sua profundidade, indo além de uma série adolescente.

Voltando a Blair … Vivida por Leighton Meester, Blair é a personagem que deveria ser secundária, mas que evoluiu muito mais do que a protagonista (Serena). Embora tenha atitudes questionáveis durante toda a trama, tem reviravoltas impressionantes e protagoniza uma das minhas cenas preferidas.

Na quinta temporada Blair casa com o príncipe de Mônaco, na cerimônia ela seria acompanhada apenas por seu pai, que tinha ido para Nova York apenas para isso, mas na última hora ela decide que “um pai só não é o suficiente” e chama o padrasto, Cyrus, para entrar com eles.

A cena é rápida, mas é linda.

O interessante é que o ator que interpreta Cyrus é alguém que faz parte da infância e adolescência de muitas meninas, Wallace Shawn. Lembram dele? O professor de Cher Horowitz em “Patricinhas de Beverly Hills” … Ele sabe lidar com as abelhas rainhas, não importa de qual década.

Serena é vivida por Blake Lively. Eu gosto muito da atriz, ela está maravilhosa em “A Incrível História de Adeline” e outras obras recentes, além de ser a própria It Girl (bem menos polêmica que Serena), mas não consigo gostar de Serena na maioria das vezes.

Eu vejo bondade e esforço da personagem para evoluir, mudar padrões, mas ela nunca se compromete de verdade com isso, sempre tem alguma coisa que a prende aos velhos hábitos. Mas gosto muito de ver a amizade dela com Blair, elas se complementam bem, uma é o porto seguro da outro, apesar dos pesares.

Nate, interpretado por Chace Crawford, é o elemento bonito da turma (prefiro Chuck, mas enfim). Ele tem algumas atitudes interessantes, mas me irritou mais do que me agradou. E tenho uma opinião polêmica: eu apoio o casal Nate e Vanessa (antes de ela enlouquecer de vez).

Eis outra opinião polêmica, Dan, vivido por Penn Badgley, não é tão hipócrita assim. Ele tem sérios problemas, mas vejo verdade nas atitudes dele e, pelo o que já ouvi falar, foi um excelente treino para a série “You”, recente sucesso do ator.

Outros personagens que não podem ser esquecidos de forma alguma:

– Georgina Sparkes -> vilã necessária em todas as suas aparições, pode te matar de raiva em muitas ocasiões, mas seu humor ácido e sua inteligência a fazem carismática. Michelle Trachtenberg e ela também fez parte da infância de muitos, como “A Pequena Espiã” e em “Inspetor Bugiganga”;

– Dorota -> fiel escudeira, defensora, conselheira e braço direito de Blair, ela era a voz da consciência e também dava seu ar de humor, ajudada por seu forte sotaque polonês. Ela era vivida por Zuzanna Szadkowski.

– Narradora -> a Gossip Girl não tinha identidade, mas era a narradora da história inteira, precisava de uma voz e quem a deu essa voz foi Kristen Bell, famosa por “Veronica Mars”, “The Good Place” e por ser a voz de Anna, de “Frozen”.

Além das personalidades da moda, a série contou com algumas participações especiais, como Lady Gaga, Cundi Lauper e Florence and The Machine.

Eis alguns atores que fizeram participações especiais, alguns ainda não eram tão conhecidos na época, mas, para quem assistiu bem depois, é interessante ver por onde eles começaram:

– Willian Baldwin -> fez o pai de Serena;

– Elizabeth Hurley;

– Katie Cassidy e Willa Holland -> antes de “Arrow”;

– Sebastian Stan -> antes de “Once Upon a Time” e toda saga dos “Vingadores”);

– Hilary Duff -> reza a lenda que a participação teve o objetivo de fazer a transição dela de atriz adolescente para adulta;

– Melissa Fumero -> antes de “Brooklyn Nine-Nine”;

–  JoAnna Garcia Swisher -> antes de “Once Upon a Time”, mas quase que simultaneamente a “Privileged”;

– Armie Hammer -> antes de “A Rede Social”;

– Gina Torres -> antes de “Suits”, mas já aclamada por “Serenity”;

– Brittaney Show -> fez Lily jovem (uma história que poderia ser mais explorada, à propósito), mas na época ainda não assistia “A Escolha Perfeita”;

– Krysten Ritter -> ela fez a irmão de Lily no passado (foi um episódio só com elas duas praticamente), na época ela já era conhecida por “Gilmore Girls”, “Veronica Mars” e “Vestida Para Casar”;

– Rachel Brosnhan -> muito antes de “House of Cards” e de ser aclamada por “The Marvelous Mrs. Maisel” ela fez uma participação na série, seu personagem nem nome tinha!

Se eu escrever 10 resenhas de “Gossip Girl” seriam 10 visões diferentes, tão longas quando esta, isso porque são histórias e mais histórias, detalhes e mais detalhes.

Mas acredito que essa versão aqui é a que delineia os pontos que mais admiro na série. Espero que o reboot da série, que já tem elenco confirmado, faça jus a essa preciosidade.

Até mais!

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