Deuses Americanos – Neil Gaiman – Crítica

Durante uma turnê de lançamento de um de seus livros Neil Gaiman teve uma sacada sobre uma história de viagem e cultura americana, foi daí que surgiu a ideia de Deuses americanos.

 

O Livro nos guia através da história de Shadow, um presidiário que é solto mais cedo de sua sentença, devido a morte de sua esposa. Shaodow está desolado, durante seu retorno pra casa, conhece o misterioso Sr. Wednesday, que acaba o contratando para servir como guarda-costas. Shadow então é introduzido em um mundo onde Deuses são reais, Anúbis, Odin, Loki, Jins e vários outros deuses fazem parte do dia-a-dia americano, mas não existem apenas deuses antigos, agora há também os novos deuses.

A mídia, a tecnologia, as estradas de ferro, tudo o que é venerado acaba ganhando força e se tornando um deus em forma física.

Nesse mundo que o Gaiman cria, a fé das pessoas consegue criar um forma física das divindades, elas se tornam pessoas reais e toda divindade para ser forte precisa de adoração, a medida que as pessoas perdem sua fé nesses deuses eles acabam se tornam fracos e muitos deles se tornam pessoas comuns.

Gaiman utilizou a vasta história americana de pessoas que fugiam de seus países de origem ou queriam começar uma vida nova, vindas de todas as partes do mundo, para criar um livro cheio de deuses hindus, nórdicos, egípcios, árabes, russos, para criar uma grande colcha de retalhos onde cria uma crônica cultural americana.

 

 

É aí que se nascem os novos deuses.

Apesar do livro ser do início dos anos 2000, há algumas divindades que são apresentadas e se encaixam muito bem ainda em conceitos atuais. Dentre os deuses novos temos os deuses das ferrovias, das estradas, da media, da tecnologia e que tem uma força muito grande pois são muito adorados. Em relação aos deuses antigos, muitas pessoas se sacrificam em nome desses deuses novos e isso é o que fazem deles muito fortes.

Mas, mais que uma guerra entre Deuses novos e antigos, Deuses americanos é uma jornada sobre cultura e história americana, o livro é denso e tem um tempero de road-movie, enquanto Shadow vai fazendo trabalhos para e com Sr Wednesday, visitando e recrutando deuses para guerra que está por vir, vamos entrando no coração dos Estados Unidos, conhecendo lugares e entendendo a fé de vários povos que vivem lá.

Essa versão que li, é uma reedição do material original publicado em 2001, e tem materiais extras, que falam de algumas divindades, algumas que nem aparecem na história principal. O que ajuda muito a mergulhar nesse mundo, dando mais camadas para história.

Gaiman cria todas as bases para um universo que já vem sendo compartilhado e pode ter continuidade em outros livros, como em Coisas Frágeis, coletânea de contos publicada no Brasil em dois volumes, há alguns contos ambientados no universo de Deuses Americanos. Em Os Filhos de Anansi, Gaiman explora, uma das divindades que aparecem em Deuses Americanos.

Gailman imprime mais uma vez sua assinatura em Deuses Americanos, o mítico e o surreal se tornam não só reais mas críveis, o autor que é famoso por criações como Sandman e Lúcifer. É o trabalho mais premiado do autor, venceu Hugo e o Nebula, tradicionais prêmios na área de fantasia,

 

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