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Deadpool (2016)

Deadpool (2016)
  • Publishedfevereiro 11, 2016

Ex-militar e mercenário, Wade Wilson (Ryan Reynolds) é diagnosticado com câncer em estado terminal, porém encontra uma possibilidade de cura em uma sinistra experiência científica. Recuperado, com poderes e um incomum senso de humor, ele torna-se Deadpool e busca vingança contra o homem que destruiu sua vida.

Para os que já conhecem a fama do mercenário tagarela (se só ouviu falar do personagem no filme do Wolverine, isso exclui você), o filme provavelmente vai satisfazer todas as suas expectativas. Deadpool é tudo o que prometeu durante sua massiva campanha de marketing. E, se não conhece, mas gosta de um bom filme sem a menor pretensão e responsabilidade de ser certinho, terá altas chances de se divertir. Quem espera um filme de super-herói convencional (e não sabia da fama do personagem), e está acostumado com o padrão Marvel dos cinemas com seus heróis bonzinhos padrão escoteiros, vai se surpreender.

Deadpool é um filme de super-herói (TOTALMENTE não convencional, mas é). É um filme de ação (se lembra daquele filme “Mandando Bala” com o Clive Owen atirando para todo lado enquanto comia cenouras? É mais ou menos nesse estilo). É um filme de amor (Sim, aquele outdoor meloso de divulgação não mentiu. Temos romance! De um jeito mais “moderno”, mas tem suas partes românticas. Principalmente os momentos “fofos” quando o casal está, digamos, se conhecendo melhor, e celebrando datas comemorativas como Natal e Halloween de uma forma bem particular).

E, o principal, é um filme zoeiro, daqueles que todos estavam esperando, preservando a essência do personagem. Deadpool não poupa nada nem ninguém. Seja a si mesmo (tanto personagem como ator) ou o próprio estúdio que financiou o filme, como também outros heróis, personagens, filmes, atores, músicos, personalidades, fabricantes de móveis (!?!), ninguém escapa. É tanta zoeira e referência que nem eu consegui compreender todas. Deadpool é praticamente um brasileiro, parte integrante de grupos como o Hue br ou comediante produtor de memes na internet.

O filme é insano! Sem noção! Sem a menor preocupação em ser sério ou politicamente correto. E, se o Brasil não fosse o país da piada pronta e a gente não estivesse acostumado a ver coisa pior na tv todo dia, eu até arriscaria dizer que o filme deveria ter continuado com a censura 18 anos, ao invés de baixar para 16 anos. Pra quem se preocupou com a possibilidade da censura mais baixa amenizar um pouco as loucuras do personagem, pode ficar tranquilo. Sangue, violência, palavrões, nudez, sexo, piadas de duplo sentido, loucuras, está tudo lá. Não sei quanto à versão dublada, mas a legenda foi bem fiel. E os elementos principais do personagem estão lá: um fator de cura tão poderoso que faz inveja ao Wolverine, o traje e a máscara super fiéis aos quadrinhos (com destaque para como ainda assim conseguimos captar as expressões faciais dele), e a famosa quebra da quarta parede. Deadpool conversa com o público. E não é uma narração em off do que está acontecendo, ele se torna auto-consciente de que é um personagem e que está sendo visto pelo público.

Apesar do personagem afirmar que não é e não quer um super-herói, vocês irão notar que, a partir de certo ponto do filme, inevitavelmente o roteiro cai na narrativa de filmes do gênero. Ou seja, não espere uma história complexa, bem elaborada, sombria, como já está acostumado (e até mesmo saturado) com os demais filmes do gênero. Nada de grandes vilões com super planos para dominar o mundo, nem invasões alienígenas e heróis tentando salvar o mundo ou embarcando em uma jornada de auto-conhecimento no estilo motivacional com grandes poderes vem grandes responsabilidades. É uma história bem simples, bem básica, uma história de origem, inserindo elementos básicos como mocinha e vilão para construir uma narrativa com início, meio e fim, estilo uma história de volume único dos quadrinhos. Só que contada de uma forma diferente. Tudo é motivo de humor, sarcasmo, ironia, ou sinceridade excessiva. É o típico rir da desgraça dos outros e também rir da própria desgraça. Se tem que ter uma história clássica de heróis, vilões e, que se tenha. Mas será contada de uma maneira bem particular…

Se existe um responsável por tudo sair do jeito que os fãs queriam, este é seu intérprete, Ryan Reynolds. O ator está para o personagem como Robert Downey Jr. está para o homem de ferro. Mesmo mascarado, será muito difícil outro ator conseguir encarnar o maluco com tanta alma. Você sente a cada cena, mesmo nas mais absurdas, o amor e o cuidado que o cara teve para ser o mais fiel possível aos quadrinhos e para atender às expectativas dos fãs. O ator, que tem um timing cômico incrível, se redime dos fracassos de Lanterna Verde e de Wolverine (não sem antes dar uma bela alfinetada em cada um) e mostra que o problema não é o ator, mas sim o roteiro e a liberdade de atuação e interpretação. (Viu, Ben Affleck? Estamos contando com isso). Morena Baccarin como Vanessa também entrega tudo o que se espera de seu interesse romântico: é linda, carismática e doida que nem ele. Colossus (Andre Tricoteux, somente em CGI) é a cota de heróis bonzinhos do filme, para deixar ainda mais claro que o tom de Deadpool é bem diferente do padrão e do convencional. “Míssil adolescente megassônico”? Que nome sensacional! Deveria ter até mais cenas dela (Brianna Hildebrand). Só não gostei muito da Gina Carano com Angel Dust, e Ed Skrein como Ajax poderia ter sido melhor aproveitado, mas ainda assim nada que estrague o filme.

E temos que dar os parabéns para o estúdio Fox por ter pelo menos autorizado isso acontecer. Tudo bem que o orçamento do filme foi baixíssimo comparado aos filmes dos X-Men, mas só de terem permitido que o longa chegasse dessa forma para os cinemas já é digno de aplauso. Há alguns anos atrás, ninguém imaginava que poderia vir aos cinemas algo tão “cru”, praticamente sem censura, sem preocupação, sem neura. Em um mundo capitalista em que Hollywood vê o dinheiro acima de qualquer outro ideal, e levando-se em conta que a faixa de público que garante a maior parte da bilheteria são os jovens entre 12 e 16 anos, apostar e permitir um filme com censura 16 ou 18 anos não é apenas um voto de confiança, mas um risco. Isso demonstra a força e a influência de Reynolds, que há anos batalhou para trazer toda a atmosfera dos quadrinhos do jeito que deveria ser. O ator, que assina como produtor do filme, juntamente com os roteiristas, devem ter recebido uma “carta branca” do estúdio e um recado do tipo: faz o que quiser, vamos ver no que isso vai dar. E, a julgar por todas as críticas positivas, deu mais do que certo.

Mesmo com a zoeira praticamente sem limites, ainda fiquei com a impressão de que eles até pegaram leve em alguns momentos. É como se tudo fosse um evento-teste. E, como agradou (e muito), todos terão coragem de ir mais além. Como já divulgado, teremos uma continuação. Nós já sabíamos, pois “the zoeira never ends“…
Se nunca ouviu falar de Deadpool antes, assista. Mas é um filme para quem tem senso de humor e gosta de ação com comédia. É, ao mesmo tempo, um filme de (anti-)herói e uma paródia aos filmes desse gênero. Dos créditos iniciais aos finais, é hilário, dinâmico, inovador, divertido, despretensioso, nostálgico, adulto, sem-noção, cult! E ainda vem com uma trilha sonora excelente. Por último, se você se lembra de filmes e músicas dos anos 80, a cena pós-créditos será uma das mais divertidas de todos os tempo. Oh Yeah!

Written By
Leonardo Casillo

Professor (computação), músico (teclado), blogueiro (leocasillo), nordestino (Mossoró-RN), nerd (que a Força esteja com você!) e cinéfilo (menos terror).

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