Deadpool 2 recebeu um tratamento especial desde seu primeiro teaser. Apesar do primeiro filme ter sido excepcionalmente divertido e à altura do mercenário maluco da Marvel, ficou no ar a sensação de que a continuação teria mais potencial, principalmente se eles deixassem de lado o “pudor” de pegar leve.
E eles fizeram isso com energia total…
Nessa continuação, reencontramos Wade Wilson/Deadpool (Ryan Reynolds) fazendo aqui que sabe melhor: matar. E só as cenas iniciais já valem o ingresso.
Alguns elementos da mitologia do anti-heróis são mostrados com perfeição. Desde sua capacidade de cura até os efeitos do câncer em seu corpo quando os poderes somem. Mas o principal elemento dele é que ganha destaque total: a loucura. Pois é assim que Deadpool é. O cara não perde piadas nem mesmo quando está estripando alguém.
Desta vez, contudo, parece que carregaram na loucura e no humor negro. O filme funciona como se estivéssemos lendo uma de suas histórias em quadrinhos. Não espere por “normalidade” diante desse personagem carismático e alucinado. Em Deadpool 2 vocês verão um personagem louco, bem humorado, sombrio em alguns pontos, violento e cheio de sentimentos conflitantes. Mais do que apenas entreter, recebemos um presente para agradar qualquer fã do mercenário.
A história.
O longa está muito bem interligado com seu antecessor. Todos os personagens antigos aparecem (exceto, óbvio, os que foram massacrados) e novos também surgem para dar mais dinâmica à história.
Nessa nova aventura, Wade se depara com um problema que o coloca de novo diante de alguns integrantes dos X-Men, mas desta vez não estamos restritos ao Colossus e Negasonic Teenage. A zoeira chega a tal ponto que os roteiristas (um deles é o próprio Ryan Reynolds) colocaram Deadpool como trainee da equipe de super mutantes.
Claro que a ação não ficaria restrita à Escola para Jovens Superdotados do Professor Xavier. Então, surge uma ameaça na forma de um garoto gordinho com poder de incinerar tudo (uma versão adolescente do Pyro), interpretado por Julian Dennison. Esse garoto se chama Russell e ele é o responsável pela vinda de Cable. Apesar de aparentemente não ser maligno, o futuro dele reserva muitas coisas ruins. Nos quadrinhos ele se chama Firefist e recebe apoio da X-Force.
Russell é um elemento constante da trama, realmente importante. Contudo, neste filme politicamente incorreto, claro que piadas com seu visual seriam feitas. Inclusive é possível associar seu nome e aparência ao garotinho do filme Up – Altas Aventuras. Coincidência? Duvido…
Disposto a ajudar o garoto, Deadpool acaba se envolvendo em uma grande confusão e os dois são encarcerados na prisão de segurança máxima para mutantes controlada pela DMC (creio que Division Mutant Control ou algo assim).
Enquanto Deadpool e Russell estão presos, vários desafetos surgem, mas é Black Tom Cassidy quem mais preocupa, já que tanto Deapool quanto Russell estão sem seus poderes.
Abuso infantil e outros temas pertinentes.
Esse é um tema que aparece para forçar o espectador a refletir. Russell alega ter sido vítima de abuso por parte do diretor da escola Essex, onde o nome é uma alusão ao Sr. Sinistro, inimigo de grande poder dos X-Men. O tratamento recebido pelo garoto neste lugar é responsável por deturpar sua visão de certo e errado, além de despertar um ódio pelo diretor da escola que pode tirá-lo de um caminho normal e levá-lo a se tonar um vilão.
E as coisas não param por aí. Apesar do início divertidíssimo, logo nos deparamos com algo impactante e atormentador para o anti-herói. O interessante desse contexto é que após uma perda, Deadpool se torna um “protetor” de crianças (nesse caso, Russell). Ainda que se valendo de humor para expor certos problemas, o mercenário se mantém fiel à essência dos quadrinhos.
Claro que há referências aos problemas do racismo e do ódio gratuito que muitos direcionam para grupos menores (mutantes). A Geladeira funciona como um campo de concentração onde a remoção dos poderes dos mutantes é uma metáfora à perda da dignidade dos prisioneiros destes campos.
Enfim, apesar de ser uma obra cheia de humor e ação, houve espaço para inserir um pouco de drama e temas mais complexos. Mas jamais algo tão sombrio quanto o DCEU.
Zoação com outros filmes da Marvel.
X-Men Origens: Wolverine é a maior vítima quando o tema é zueira. Um exemplo bem claro está na cena onde Cable dispara e Deadpool corta o projétil, porém é alvejado várias vezes após isso. Há uma cena similar em Origens, na qual o Deadpool dessa versão corta uma a uma as munições deflagradas.
A super equipe mutante também tem seu momento de lembranças e brincadeiras no filme. E por falar em diversão, aproveitem cada segundo da introdução do filme, pois de Flashdance a 007 ninguém escapa.
Novamente suas versões de Deadpool e Hal Jordan são criticadas pelo fiasco que foram diante do público e dos fãs de quadrinhos.
X-Force.
O super grupo de heróis dos quadrinhos foi apresentado nessa sequência de Deadpool. Shatterstar, Dominó e outros que não reconheci da equipe original vêm para ajudar o mercenário louco a dar uma nova chance para Russell.
As cenas onde eles aparecem vão surpreender vocês de um jeito que poucos imaginaram. É simplesmente sensacional. Logo, não direi mais nada sobre a X-Force para que as surpresas não sejam estragadas.
Outras citações.
Difícil enumerar todas, mas vamos lá. Pinkie Pie (My Little Pony), Robocop, o filme A Paixão de Cristo, as duas Marthas de Batman v Superman, viagens no tempo, Batman, torturas atribuídas à KGB (a equipe soviética de espionagem), a cruzada de pernas de Sharon Stone em Instinto Fatal, Tropa Alfa, Toy Story. São muitas as referências de obras da cultura pop que sofrem com as zoações de Deadpool.
P.S.: nem o próprio Ryan Reynolds escapa dessa caçada aos ícones populares.
Marketing.
Disso ninguém pode falar. Desde a carta em que Ryan Reynolds pede para que não divulguem spoilers até o carro da pamonha, praticamente rolou de tudo. Isso sem falar na famosa foto onde Deadpool pinta Cable, cuja notoriedade gerou várias versões. Confiram!
Dopinder e Dominó. Que dupla!
Ele é o taxista que se tornou um grande amigo de Deadpool. Dominó, por sua vez, é a mais sortuda dos membros da X-Force. Acreditem, vocês irão comprovar isso no filme.
Dopinder garante alguns diálogos extremamente estranhos e divertidos ao longo do filme. Dominó, entretanto, além de garantir a própria beleza nas telas, também é a responsável por impressionantes cenas de ação. Ela é demais!
Fiquem até o final, por favor!
Vou encerrar esse review por aqui, mas fica o alerta: assistam as duas cenas pós-créditos e se preparem para a segunda que, sozinha, já valeu o ingresso. Ela é a melhor cena que um filme da Marvel já teve. Na sessão que fui, todos se acabaram de rir com a brincadeira. Genialidade total.