Imagine-se fazendo as tarefas diárias, mas, por alguma razão, você tenha que conhecer um bairro longe do seu, que você nunca pisou lá, tem que entrar num bar ou numa lanchonete estranha para tomar um café, comer alguma coisa ou só encontrar uma tomada para carregar o celular.
Imaginou? Nada de extraordinário nisso, certo? Pode acontecer com qualquer um e a qualquer momento.
Mas e se começar a acontecer coisas estranhas, como um tiroteio que causa pânico e depois todos da rua somem, você fica preso ou presa no bar com pessoas que você não conhece e não confia, os corpos lá de fora somem também e não há nenhum resgate indo naquela direção. Na verdade, encobrem tudo com um incêndio fabricado.
Não tão comum, quase inacreditável, não é?
https://www.youtube.com/watch?v=n3PB32SMBIk
Essa é a trama do filme “O Bar” (“El Bar” – 2017), de produção espanhola e argentina, conta a história de sete pessoas, Elena, Nacho, Trini, Sátur, Israel, Amparo, Andrés e Sergio, que ficaram presas nesse humilde bar no centro de Barcelona e não sabem que aquele pode ser o último dia da vida deles.
O bar pertence a Amparo, tendo Sátur como um dos funcionários mais antigos. Tem alguns clientes cativos, como Trini, outros que já frequentam, mas pouco conhecem uns aos outros, como Andrés e Sergio, alguns mais diferentes, como Nacho. Amparo ainda tenta ajudar Israel, que afundou na vida de mendigo por causa do alcoolismo, então ele sempre pede comida lá.
Elena nunca na vida teria pensado em entrar naquele lugar, que era completamente diferente da sua realidade e de seus padrões, mas marcou um encontro próximo dali, seu celular descarrega e ela tem que entrar para tentar o carregar.
No meio da confusão do horário de pico em lanchonetes como essa (basicamente todo mundo falando ao mesmo tempo) eles vêm que um tiroteio se inicia lá fora, matando um cliente que acabou de sair do bar e um outro que saiu para ver o que acontecia. A partir desse momento eles tentam entender o que está acontecendo.
Nas notícias que viram pela tv tudo aquilo fora reduzido a um incêndio, supostamente todo o bairro havia sido evacuado. Nenhuma de suas tentativas de pedir socorre foram bem sucedidas e eles começam a fazer teorias, algumas passam a ter sentido quando percebem que tem mais alguém no banheiro.
Trata-se de um senhor que entrou tossindo e foi direto para o banheiro, quando abrem vêm que ele está passando muito mal, nem consegue falar, por isso o deixam lá. Momentos depois ele sai do banheiro completamente desfigurado (parecia um sapo) e caí morto.
Pelo telefone dele dá para saber que era um militar, daí começam a entender que a razão de tudo aquilo pode ser alguma operação secreta do exército, provavelmente que envolva algum vírus fabricado e que pode se tornar uma ameaça pública caso não controlado.
No banheiro encontram 4 doses que serviriam como antídoto, porém, neste momento, restam 5, já que os outros três foram encontrados pela polícia e mortos antes mesmo de saber do antídoto.
O cerne da mensagem deste filme é conhecer os limites humanos, é saber até onde uma pessoa pode chegar em prol de sua vida ou daquilo que acredita, mostrando também interessantes aspectos psicológicos e sociais.
As aparências contam muito para três personagens em específico. Elena é rica, acha que nem deveria estar ali, Nacho entende de tecnologia e tem uma barba que lembra a aparência de terroristas mais conhecidos e Israel é um mendigo que parece um louco, citando passagens bíblicas com tom apocalíptico.
Na lógica dos outros, seria Israel o prejudicado, ele que ficaria sem o antídoto, afinal ele não tem mais pelo o que viver, logo, socialmente falando, o mendigo não mereceria mais uma chance. Porém Israel mostra-se ainda mais louco do que imaginaram, achando-se quase um mensageiro de Deus e, em nome disso, começa a ditar as regras no esconderijo.
Original:El Bar
Ano:2017•País:ESPANHA, ARGENTINA
Direção: Álex de la Iglesia
Roteiro: Jorge Guerricaechevarría, Álex de la Iglesia
Produção: Carolina Bang, Álex de la Iglesia, Sofía Fábregas, Mercedes Gamero, Mikel Lejarza,Kiko Martínez
Elenco: Blanca Suarez, Mario Casas, Carmen Machi, Secun de La Rosa, Jaime Ordóñez, Terele Pávez, Joaquín Climent, Alejandro Awada
Muito interessante a caracterização do ator que interpreta Israel, Jaime Ordóñez, que começa sendo a estereotipo do mendigo, cabelos e barba longos sem o mínimo de cuidado, dentes estragados e roupas em farrapos. Conforme a loucura do personagem vai aumentando sua aparência vai mudando, ficando mais e mais parecida com os traços humanos de Jesus Cristo mais conhecido. No final é assustador ouvir tudo que ele fala com essa aparência!
Não recomendo este filme para qualquer um, eu mesma demorei para o assistir completo, fui parando em alguns momentos, fechei os olhos diversas vezes. Não é um terror que tenha monstros (só o moço lá do banheiro que parecia um sapo) ou assombração, mas tem umas cenas que são agonizantes, parecem infinitas. Isso é bem típica de filmes com terror ou horror psicológico, ou seja, foram muito bem sucedidos neste aspecto.
Se forem buscar a ficha técnica dele irão ver que também o aponta como “humor negro”. Já assisti alguns filmes desse gênero, mas, na minha humilde opinião, “O Bar” não se enquadra no gênero, não teve um momento que achei engraçado de fato, cômicos e inusitados talvez, mas o contexto geral não era de humor.
Recomendo para quem gosta de filmes que tragam uma reflexão psicológica e quem aguenta ver o desespero alheio e cenas que irão te incomodar muito.
Beijinhos e até mais.