Crítiica: Case Comigo

Só o cinema pode nos apresentar com uma situação extremamente inusitada: imagine uma cantora pop no auge da carreira, ao descobrir que foi traída pelo seu noivo no dia do casamento, que seria feito em uma apresentação pública, resolve largar tudo e se casar com um reles mortal na plateia. Enfim, como citei antes, o cinema é capaz de qualquer coisa, por mais esdrúxula que seja. Essa história é a premissa da nova comédia romântica dirigida por Kat Coiro, Case Comigo (Marry Me, 2022), que estreia essa semana nos cinemas.

Kat Valdez é uma mega diva do pop. Seu casamento com Bastian, outro famoso artista pop será consumado num show onde os dois ainda vão lançar uma nova canção e provável novo sucesso. Só que no dia do show/casório, Kat descobre que Bastian foi pego traindo a cantora com uma menina do staff da artista (fato filmado e jogado na rede, obviamente). Magoada, Kat resolve pedir em casamento um espectador do show que segurava, ocasionalmente, um cartaz com os dizeres “Case Comigo”. O cara era Charlie Gilbert, um professor de matemática, separado, com uma filha pequena, que não tinha muita ideia de quem era Kat Valdez. Charlie acaba aceitando, mas não tem ideia do quanto sua vida e de Kat vai mudar a partir dali.

Kat Coiro nos apresenta aquele filme que já foi feito milhares de vezes, só mudando os protagonistas. Case Comigo, com lançamento programado para o Dia dos Namorados dos norte-americanos, tem toda aquela água com açúcar básica das comédias românticas do estilo. Usando dos clichês, traição, encontros inusitados, amantes que não tem nada a ver um com o outro, situações em que tudo conspira contra os pombinhos, mas acaba dando certo, enfim um roteiro raso, mas na medida para agradar a quem ir ao cinema para ver e curtir uma banal comédia e uma divulgação de novas canções de Jennifer Lopez e do cantor colombiano Maluma. Jennifer Lopez que tinha brilhado em As Golpistas, volta aos papeis românticos, fazendo quase um cosplay dela mesmo como Kat Valdez. Não dá pra não dizer que seu carisma e luz própria já valem assistir um filme dela, por pior que seja, e aqui ela está bem se divertindo com o papel da pop star Kat. Owen Wilson mais uma vez com sua cara eterna de paspalho também compõe bem o professor Charlie. Maluma, o pop star colombiano, também interpreta praticamente ele mesmo. Quem realmente faz algo diferente e diverte no filme é Sarah Silverman, como Parker Debbs, colega de trabalho de Charlie, a atriz é responsável pelos poucos momentos cômicos do filme e realmente uma das poucas que realmente atua na película. O filme tem duas horas bem cansativas, mas a parte final dá certa engatada e fica um pouco divertido, muito com as atuações de J. Lo e Silverman.

O filme tem uma competente fotografia, misturando os momentos de glamour em grandes paisagens da vida da cantora, em contraste às tomadas urbanas realistas da pacata vida do professor. Os números musicais também convencem, com certeza J. Lo e o cantor Maluma irão emplacar alguns hits e agradar aos fãs, mas que passarão despercebidos para o restante da população, que pouco se importa com eles, enfim o filme é mais um belo e lucrativo canal de divulgação dos artistas. Um dos pontos positivos (sim o filme até tem alguns) é a amostra da vida de um artista moderno que tem toda a sua vida baseada em likes, seguidores, lives, exploração da vida pessoal (filmada, se possível) e que a música e a arte são apenas um mero detalhe. Um sinal do vazio artístico dos tempos atuais. Não que seja essa a temática crítica do filme, acredito que os roteiristas nem pensaram nisso, mas que fica evidente no vazio da vida da cantora.
Enfim, Case Comigo é um filme romanticamente besta que tem cara que vai emplacar muitas tardes preguiçosas na televisão, na Sessão da Tarde em alguns anos, vai alavancar a carreira de Maluma, com divulgação constante das suas canções e servirá como deleite para os fãs de Jennifer Lopez acompanharem a diva nos cinemas. Em suma, o filme é apenas um detalhe.

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