Crítica | Turma da Monica: Lições

A segunda parte da trilogia composta por Laços, Lições e Lembranças escrita por Lu e Victor Cafaggi chegou aos cinemas e mais uma vez tive que deixar de lado a tietagem e tentei assistir sem me envolver.
Mentira! Impossível não se envolver com esse filme.

Daniel Rezende em um momento da Coletiva de Imprensa pergunta aos jornalistas presentes: “Qual foi a cena favorita de vocês?”
E eu respondo aqui com tranquilidade que foi aquele momento ao poder acompanhar mais essa estreia.


Giulia Benite, Kevin Vechiatto, Gabriel Moreira e Laura Rauseo voltaram a dar vida aos personagens mais amados do Brasil após mais de 2 anos do primeiro filme e, talvez pelo que estamos vivendo atualmente, essa sequencia conseguiu superar o anterior com facilidade.

Seria até injusto dizer algo negativo sobre Lições, mas alguém precisa impedir essas crianças de crescerem, pois precisamos de muito mais filmes com essa turma!

Tudo começa quando um plano da turminha para fugir da escola dá errado e Mônica acaba com um braço quebrado. Com isso a diretora do colégio sugere aos pais que as crianças passem mais tempo separadas e buscassem novas atividades para que ocupassem esse tempo.


Lançado no meio da pandemia, após 2 anos caóticos e cheios de incertezas, tive que ponderar minhas emoções enquanto assistia para não molhar minha máscara de lágrimas.
O que antes era apenas uma história sobre crescer, deixar a infância e sobre amizade, pode ser traduzido agora também como uma história sobre isolamento e suas causas.

O isolamento só é aceitável quando se torna a única opção para nossa sobrevivência e mesmo assim nosso isolamento não foi total. Como seres sociáveis, impedir crianças de serem amigas é uma tortura enorme.
Aceitar as consequências de nossas atitudes para algumas situações não deveriam ser tão pesada e como seres humanos muitas vezes podemos reagir de forma que outros não compreendam, mas a nossa saúde mental precisa ser preservada e ninguém deveria ter vergonha de se expressar nas mais diversas situações que passamos durante nossas vidas.

De forma delicada, Turma da Mônica: Lições nos mostra que a pressão para sermos adultos muitas vezes não permite que enxerguemos que crianças também sofrem e que nós também sofremos.
Essa sequência é muito mais humana e traz um pouco mais sobre fobias, bullying, depressão e ansiedade. Assuntos que estão sendo abordados mais abertamente nos dias de hoje e que precisam ser mais discutidos para não se tornarem um “amanhã passa”.
Esse “amanhã passa” pode continuar em nossas vidas adultas em forma de traumas e frustrações que descontamos em quem não merece.

Thiago Dottori e Mariana Zatz fizeram um trabalho impecável nesse roteiro e adaptações são sobre isso: enxergar além da obra e trazer as oportunidades de gerar conversa, mas mais do que isso é traduzir um universo sem forçar a barra.


E se o anterior tinha easter eggs, esse daqui ganha mais uma vez.
A inclusão de personagens foi certeira em todos os momentos e eles se encaixaram perfeitamente na trama.
Os cameos foram um xodózinho a parte, um pequeno alívio emotivo para um filme lindo e sensível.

Ahh! Não se esqueçam: Não é Marvel, mas Turma da Mônica é mais velha que Homem-Aranha, então sim! Tem mais do que obrigação de nos presentear com uma cena pós-crédito!

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