Crítica: Super Mario Bros – O Filme

Sem sombra de dúvidas, se pudessemos listar os piores filmes dos últimos 40 anos (em filmes que tentaram se levar a sério), Super Mario Bros, de 1993, com direção de Rocky Morton e Annabel Jankell, teria um lugar seleto nessa lista. Bob Hopkins, que fez o encanador mais famoso do mundo dos videogames, disse que foi o pior filme que já fez, e o filme, que tinha John Leguizamo como Luigi e Dennis Hopper como Kopa, hoje é um clássico às avessas, de tão ruim que foi. Em 2023, 30 anos depois, foi a espera que os fãs do game mais pop da história tiveram para o lançamento mais que esperado da animação, Super Mario Bros – O Filme (The Super Mario Bros Movie, 2023). Com direção de Aaron Horvath e Michael Jelenic, o longa de animação estreia nessa quinta nos cinemas.

Luigi e Mario são de uma familia italiana típica, moram no Brooklyn e resolvem largar tudo para serem encanadores, mesmo com a desaprovação dos familiares. Mario tem muitas habilidades e é agil, Luigi sofre muito de baixa autoestima e ambos não sabem como enfrentar os pais. Enquanto isso, num não muito distante reino dos cogumelos, os habiantes, governados pela Princesa Peach, sofrem ameças de invasão do maléfico Bowser, rei dos Koopas, que quer dominar o reino dos cogumelos e casar com a princesa. Um dia, em uma inundação nos canos do Brooklyn, os irmãos vão ajudar, acabam entrando literalmente pelo cano e parando nesse incrível mundo de fantasia. Luigi é sequestrado e Mario se une à Princesa para combater os avanços imperialistas de Bowser.

Super Mario Bros – O Filme é um filme no tamanho certo para os fãs. Com direção impecável e união da Nintendo com a Iluminattion Enterteinament, a dupla de diretores nos presenteia com uma ode ao bigodudo personagem. Com um roteiro redondinho de Matthew Fogel e referências explorando o universo dos games do Mario em todos os produtos que a Nintendo lançou, desde o Mario Kart, Luigis Mansion, Jump Man, Mario 8 Bit, a junção com Donkey Kong (o início de tudo), Reino dos Cogumelos, caixas supresa, os ditos cogumelos e inúmeras referencias a outros games da empresa. Um filme para gamers saudosos, e como eu tenho pouco intimidade com a coisa, reconheço que me perdi demais nesse rol de mençoes ao universo gamer. Mas o filme, como falei, é para agradar os fãs. No quesito animação, a Illumination faz o básico e não compromete, é longe de ser uma animação inovadora, como alguns filmes recentes têm apresentado, mas brilha e cativa o público.

Como vimos uma sessão dublada, não posso falar das estrelas que dublaram na versão original, mas como sempre, a dublagem brasileira dá um show e cabe perfeito em cada personagem. A trilha sonora também funciona bem, tanto no tema original do game repaginado de várias maneiras quanto na bela trilha sonora de Brian Tyler. E as canções inseridas evocando nomes como Bonnie Tyler, AC/DC, Eletric Light Orchestra, entre outras, só abrilhantam a película. O roteiro, obviamente, como todas as animações recentes, puxa muito para o lado do humor, com tiradas rápidas e piadas certeiras, nas cenas de ação não compromete, temos o grande embate entre Donkey Kong e Mario, que deixa salivando os saudosistas, as cenas de agilidade do Mario nas ruas do Brooklyn e o treinamento dele com a princesa são marcantes. Talvez o porém negativo seja a simplória história. A ideia de mostrar as origens terrenas dos irmãos, com a família italiana do Brooklyn, às vezes soa meio forçado e a aventura no reino fantástico dos cogumelos e dos Koopas, não chega a ter um grande desenvolvimento, com saídas forçadas e uma preocupação exarcerbada de mostrar as referências e o universo gamer, torna a história apressada e sem muita emoção. Mas repetindo pela enésima vez, nada que faça os fãs do personagem se decepcionar.

Super Mario Bros é uma divertida e multicolorida história, com personagens amados por fãs ardorosos, tem um enredo que se perde demais em encaixar tanta informação de games, o que dificulta a compreensão de quem não é inserido no universo, além de ter uma história simplória, que perde tempo demais nesse emanharado de referências, mas melhora muito nas cenas de ação com cogumelos, caixas, tranformações, canos e movimentos típicos do Mario, e mesmo com um final apressado e por vezes ingênuo (já que o filme usa e abusa de tiradas e piadas, se esperava algo mais, digamos assim, maduro…), consegue ser um brilhante passatempo e uma digna adaptação de um dos maiores clássicos da história dos videogames, e com certeza, tem tudo para abrir uma franquia das mais lucrativas, ainda mais com os fãs abraçando a causa.

 

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