Crítica: Space Jam: Um Novo Legado

Michael Jeffrey Jordan. Estadunidense do Brooklyn, Nova York. Seis vezes campeão da NBA nos anos 1990. Líder de uma dinastia única em que o Chicago Bulls se tornou o maior vencedor de uma era, arrasando adversários e transformando Jordan no maior jogador de basquete de todos os tempos. Michael ainda fez parte do Dream Team, seleção dos primeiros jogadores norte-americanos da NBA aptos a jogar uma Olimpíada e conquistando o mundo nos jogos olímpicos de Barcelona. Com todo esse currículo Michael Air Jordan ainda teve tempo, em 1996, para junto com Pernalonga, Lola, Patolino, Frajola e seus companheiros de Looney Tunes, participar do jogo do século contra terríveis alienígenas que, roubando o dom de grandes jogadores da NBA, desafiaram os malucos personagens e o craque para uma partida histórica. Falo, é claro, de Space Jam – o Jogo do Século (Space Jam), de 1996. Filme da Warner Bros que encantou o publico nos anos 1990 misturando a animação dos amalucados personagens da turma do Pernalonga com o maior jogador da NBA da história. Em 2021, 25 anos depois do encantador original, dessa vez a turma dos lunáticos Toones pede ajuda a outra lenda atual da NBA, Le Brown James, falo de Space Jam – um Novo Legado (Space Jam – a New Legacy), dirigido por Malcolm D. Lee

O filme começa apresentando os conflitos entre o gênio Le Brown e seu filho Dom, que tem mais jeito como programador de jogos de vídeo game do que como jogador de basquete, para decepção de seu pai. Um dia, os dois, numa visita aos estúdios da Warner Bros, acabam sendo sugados para um sistema de computador e apresentados ao espaço virtual pelo dominador algoritmo AI G que acaba persuadindo Dom a se libertar do pai e obrigando Le Brown, que acaba perdido no mundo dos Looney Tunes, a fazer um jogo entre eles e craques do basquete digitalizados em um futurístico e surreal embate.

Uma coisa fica clara desde o começo da exibição do filme. A nostalgia impera desde o início e muita gente que cresceu vendo o original com certeza vai se emocionar com a continuação. A mistura de animação, filme real e live action funciona perfeitamente em um filme que é uma homenagem quase que forçada (uns diriam propaganda) ao universo fantástico dos filmes da Warner, em seus 98 anos de vida. Se o primeiro filme era uma formula básica e inovadora para a época, de misturar animação clássica com personagens reais, no caso o Jordan, esse usa e abusa de tudo que os anos 2020 podem realizar em termos de efeitos gráficos possíveis. Le Brown James logicamente jamais será Jordan no basquete (opinião pessoal do autor da crítica), mas atua muito bem dentro do que se propõe (a metade do filme que atua, a outra é uma deliciosa animação), levando bem a trama. Don Cheadle como o AI G, o algoritmo invejoso e megalomaníaco, está muito bem como um debochado vilão virtual. Cedric Joe, o menino que faz Dom, o filho de Le Brown, também manda bem tentando provar para o pai que é diferente do que ele imaginou.

Mas claro que mais uma vez os personagens dos Looney Tunes roubam totalmente a cena. Como um personagem pode ser tão legal como o Pernalonga?! O coelho lunático leva o filme com sua sutileza e ironia fina de sempre e, com a companhia de seus comparsas, que mostram a força de personagens de décadas atrás, que mesmo assim ainda encantam e provocam gargalhadas. Vale o destaque também para astros da NBA e a WNBA que aqui foram digitalizados pelo maligno AI G, que usou o programa de Dom para transformar atletas como Anthony Davis, Klay Thompson, Diana Taurasi e Nneka Ogwumikes em quase super vilões poderosos  das quadras de basquete .

O roteiro do filme também é recheado de piadas sutis e sarcasmo, além de explorar os diversos mundos das produções da Warner, como  o universo DC, Matrix, Harry Potter, Mad Max, além da impagável cena do jogo final em que a plateia é recheada de personagens de clássicos da produtora, onde é quase obrigatório um exercício de observação para descobrir quem é quem por ali, lembrando um Onde Esta o Wally?, só que com personagens de filmes. No momento drama da película o filme explora um pouco aquela relação de pai e filho, em que um pai espera uma coisa de seu rebento e esse, com razão, segue seu rumo, um embate de expectativas familiares que serve para o clímax dramático emotivo do filme. Um detalhe na película que ainda vale resaltar é que teve polêmicas, como ser obrigado a limar da continuação o Pepe Le Gambá, personagem considerado machista e abusivo, além de maneirar na sensualidade da coelhinha Lola, aqui mais discreta… enfim, quem perdeu foi o Pernalonga, que não beijou ninguém no filme, muito menos a Lola.

Space Jam – um Novo Legado conseguiu se reinventar, se adaptar com louvor ao século 21, tanto em termos técnicos, explorando todos os recursos que a tecnologia pode dar, tornando a premissa original do filme de 1996 repaginada com a cara de 2021, mas ainda explorando o riquíssimo universo da Warner como uma bengala para encantar os velhos fãs, leia-se, pais que cresceram nesse habitat e querem passar para os filhos esse encantamento. Em suma, quase nada de novo no front, mas que pela força dos personagens, do basquete e principalmente da nostalgia, ainda funciona e faz valer a pena ir ao cinema e conferir o filme!

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