Crítica: Sonic 2 – O filme

Às vezes, na cultura do consumo, algumas coisas são difíceis de explicar. Em pleno 2022 é quase uma unanimidade, entre a molecada de 6 a 12 anos gostar de Naruto, que costumava fazer sucesso no fim dos anos 1990 e início dos anos 2000, e hoje é uma febre que não sai da cabeça da molecada da década de 2020 (não sai mesmo, as faixas são um sucesso). O mesmo vale para o Sonic. Incrível como o ouriço azul mais veloz do pedaço, cria dos anos 1990, hoje virou novamente moda do universo pop consumista, com brinquedos, camisetas, lancheiras (e isso antes até da estreia de Sonic – O Filme, de 2020). O filme, talvez uma das últimas animações que ainda tiveram a alegria de levar pais e crianças juntos aos cinemas antes da pandemia, apenas confirmou o sucesso do personagem. Com tanta badalação era natural uma continuação e estreia nessa semana a tão esperada sequência da live action, Sonic 2 – O Filme (Sonic – The Hedgehog 2, 2022), com a direção do mesmo Jeff Fowler.

Sonic (Ben Schwartz) in SONIC THE HEDGEHOG 2 from Paramount Pictures and Sega. Photo Credit: Courtesy Paramount Pictures and Sega of America.

Na continuação vemos um Sonic bem adaptado a Green Hills (claro que dando umas escapadas para combater o crime nas cidades grandes), mas ávido por liberdade, permite que seus pais humanos, Tom e Maddie passem férias no Havaí. Paralelo a isso, Dr. Robotnik, depois de muito tempo preso em outro planeta volta para a Terra, atrás de uma esmeralda que pode dar poderes supremos a quem possuí-la, e ele não está sozinho, traz junto Knuckles, um ser meio ranzinza, mas muito forte, que tem uma rixa pessoal contra o Sonic. Mas desta vez, o ligeirinho ouriço junta suas forças com um admirador, a raposa de multi-caudas Tails, que junto com suas engenhocas, tentam evitar que o Dr. Robotnik tome posse do artefato.

Devido ao sucesso do bom filme de estreia do Sonic nos cinemas, as expectativas para a continuação eram imensas, até porque o universo dos jogos seria expandido com a chegada de novos personagens. E Sonic 2 – O Filme realmente não compromete em comparação a seu antecessor. Tem tudo para agradar aos velhos e novos fãs com belíssimos efeitos, muita ação e principalmente, bom humor. Sonic está cada vez mais frenético, uma mistura de Pica-Pau biruta com tiradas nonsense e um Pica-Pau mais comedido, com um humor mais brejeiro, mas mantendo o carisma do primeiro filme. Os novos personagens também estão muito bem encaixados, Tails com sua fofura característica é um contraponto mais racional ao estilo espalhafatoso do Sonic. Knuckles, em sua eterna perseguição e raiva contra Sonic (explicada na questão da coruja), é, digamos, um “vilão” de primeira, forte, amedrontador, rabugento e de poucos amigos. No quesito animação o filme é muito bem conduzido, com muita ação, cenas de aventura e boas piadas, mas o que difere do primeiro filme é quase dispensar das utilidades dos atores humanos no filme. James Marsden, como Tom Wachowski, e Tika Sumpter, como Maddie, sua esposa, são praticamente dispensados da história do filme. Dos atores humanos apenas Nathalia Rothwell, como Rachel, a irmã mais velha de Maddie, que tem boas tiradas de humor, tem certo destaque. Inclusive, o filme se perde muito na metade nas cenas do casamento no Havaí, perdendo um pouco seu ritmo, atrasando a trama. Jim Carrey, como Dr. Robotnik, que no primeiro dá um show a sua maneira, nessa continuação segue uma burocracia de atuação incrível, perdendo um pouco do encanto do personagem. A impressão que fica é que a continuação podia ser uma animação, que não perderia em nada a sua essência, e sim teríamos acréscimos, já que a presença de atores nessa nova trama foi apenas um detalhe.

Enfim, Sonic 2 – O Filme mantém o nível de fiel adaptação de um clássico dos games (muitos dizem que é a melhor do cinema no gênero) e consegue realmente unir essa molecada apaixonada pelo Sonic dos dias de hoje. Se o primeiro filme (que na minha opinião é melhor) mostrava um Sonic se inserindo no meio dos humanos, e fazendo isso com maestria, a continuação dispensa totalmente o papel dos humanos e cria uma aventura ao estilo dos games, com interatividade dos personagens da animação e um duelo memorável no final com o Dr. Robotnik. Em suma, muita ação, pitadas de humor sem classificação etária, uma animação de primeira, personagens amados, tem tudo para consolidar a franquia e ampliar ainda mais o universo do garoto propaganda da Sega. Prepare a pipoca e divirta-se no cinema mais próximo conferindo essa digna continuação, mas que poderia ter uns 20 minutos a menos, que não faria falta alguma.

 

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