Close
CRÍTICAS FILMES

Crítica: Logan (2017, de James Mangold) | O fim de uma era após o acerto

Crítica: Logan (2017, de James Mangold) | O fim de uma era após o acerto
  • Publishedfevereiro 25, 2017

Em tom de despedida, Hugh Jackman visitou o Brasil para a divulgação de seu novo filme, Logan, o último em que encarna Wolverine. O filme que antes de seu lançamento oficial já era aclamado pela crítica, se tornou a redenção de Jackman no papel do carcaju.

O diretor decidiu mudar a classificação indicativa, para trazer o personagem mais próximo de sua contraparte dos quadrinhos, o que o tornou de fato, o velho Logan. A mudança de tom pode ser percebida quando Logan profere sua primeira palavra.

Palavra que será repetida dezenas de vezes mais ao longo do filme.

Inspirado na minissérie dos quadrinhos, Old Man Logan, o filme nos apresenta o ano de 2029. Um futuro onde muito parece ter mudado desde os acontecimentos do reboot de Dias de um Futuro Esquecido. Logan já não é mais o mesmo, assim como o mundo a sua volta.

Atrás de paz, Logan tenta se adaptar – já que sua condição não contribui para que ele continue levando a vida de antes – exagerando no uso de álcool e trabalhando como motorista de limusine em um mundo onde os mutantes quase já não existem, sendo vistos agora só em páginas dos quadrinhos que foram inspirados nas aventuras dos heróis.

Seu afeto e devoção à Charles Xavier (Patrick Stewart), é o que o mantém dirigindo sua limusine, juntando trocados de seus serviços, para retribuir tudo que um o dia o seu mentor já fez por ele. Charles passa por uma fase nada fácil, com a sua demência já em estado avançado e descontrole de seus poderes. O destino de Logan que já parece quase definido, ao lado de seu ex mentor, até sofrer uma reviravolta quando a criança Laura (Dafne Keen) cruza o seu caminho com sua guardiã, uma enfermeira mexicana que o pede para que a leve até um lugar seguro, longe dos mercenários que a caçam.

O filme é bem diferente do que foi visto até agora, se distanciando de todas as adaptações com o selo da Marvel e Marvel Studios. O longa nos traz um retrato misantrópico e dolorido, da realidade que antes já foi tão vibrante do universo Marvel e Fox. Nos levando de fato ao universo do quadrinho em que foi baseada, um mundo sem esperança para os Homo Superior – portadores do gene mutante que já não nascem mais – certa vez descrito por Charles Xavier como o próximo passo da evolução humana.

Por se tratar de um roadmovie, o filme nos leva desde a fronteira mexicana dos Estados Unidos até o Canadá, mostrando os laços que são formados entre os integrantes da “equipe”, e como os laços de Xavier e Logan se estreitaram desde os anos em que se conheceram. A interação dos dois personagens, trocando por vezes a função de pai e filho só mostra o quão importante Logan é para Charles naquele momento, e Laura olha a tudo de fora, como se não se encaixasse àquele lugar.

– Você sabe quem eu sou.

– Eu sei quem você é. Só não o reconheço mais.

Vemos no longa, todo o potencial de um Logan já prejudicado por sua condição – com direito à amputação de membros e jatos de sangue a todo instante – já que seu instinto animalesco e sua regeneração não funcionam como deveriam, a única arma que o carcaju pode contar, são suas garras.

O diretor de fotografia John Mathieson faz uso de lugares para retratar um futuro quase que apocalíptico, proporcionando uma ambientação mais fiel ao mundo em que somos inseridos, se misturando por vezes à elementos contemporâneos, tal como um cassino e caminhões inteligentes.

A participação da X-23 é algo que merece destaque. A criança que de longe parece inofensiva, pode te surpreender ao chegar mais perto. Uma assassina, portando duas garras em cada mão, e uma em cada pé – segundo Charles, devido ao seu gênero – cobaia saída do mesmo projeto que deu origem ao revestimento de Adamantium de Logan, capaz de dominar todas as cenas em que está presente – sendo elas em sua maior parte, complexas cenas de lutas – usando apenas expressões faciais e olhares.

Os vilões são personagens de peso, que devem ser levados em conta durante a análise. O grupo de Carniceiros – como são chamados – mostram a que vieram, tornando a vida de Logan, Laura e Xavier ainda mais complicada. Boyd Holbrook consegue fazer um vilão claramente comum, ser mais, fornecendo ao personagem a imprevisibilidade que ele necessita, que em conjunto de sua prótese – com o que parecem ser digitais em seus dedos – faz Donald Pierce ser um dos antagonistas mais interessantes.

O que parece destoar do tom do filme, é um segundo antagonista que chega em meio a ação e parece ficar deslocado, simbolizando claramente a luta interna que Logan enfrenta, tal como duas faces de uma mesma moeda, o bem e o mal, que residem dentro dele.

A composição do filme é bem interessante, ao ponto de ser considerado por mim, o filme de heróis mais relevante já feito. Logan possui todos os tons e nuances necessárias em um personagem tão significativo quanto o de Jackman é em seu universo. O personagem tem o aprofundamento que sempre se fez necessário, mas nunca aconteceu. Com a proporção que o personagem toma, as cenas são capazes de emocionar facilmente até mesmo os fãs mais tradicionalistas. Logan se tornou uma bela surpresa aos olhos e às memórias afetivas em um ano que os filmes de super-heróis vão tomar conta das bilheterias, creio que nenhum outro mexerá com o emocional dos fãs como o último filme de Jackman como o eterno Wolverine.

Título: Logan
Dirigido por: James Mangold
Duração: 135 minutos
Classificação: 5/5

Confira o trailer do filme:

Written By
admin

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *