Crítica: Força Bruta – Sem Saída

Que a Coreia do Sul quer dominar o mundo cultural, todos já sabemos. Desde a música pop nativa, os looks dos jovens coreanos que o mundo pop emula pelo mundo, filmes de arte como Parasita, que até papou um Oscar de melhor filme, série populares e produções cinematográficas para  as massas. Um cara que faz muito sucesso por lá é Ma Dong-seok, ou Don Lee. O ator, lutador e personal trainer tem um cartaz gigante com suas habilidades marciais, simpatia e bom humor. Estrela uma série de filmes de ação que batem recordes de bilheteria na Coreia do Sul. Falo da série Beomjoidosi, ou Força Bruta, no Brasil. E o terceiro filme, de 2023 (já temos um quarto pronto), é uma estreia super aguardada no Brasil nesta semana, falo de Força Bruta – Sem Saída (Beomjoidosi 3), com direção de Lee Sang-yong.

O detetive Ma Suk Do está de volta após os acontecimentos do segundo filme. Agora numa nova unidade policial, se junta a um atrapalhado colega para investigar um estranho assassinato. Só que acabam descobrindo que por trás dessa morte tem uma grande conspiração que quer vender perigosíssimas drogas sintéticas, onde japoneses da Yakuza, inclusive com a  volta do vilão do primeiro filme Ricky, tríades chinesas, policiais corruptos e um seleto time de foras da lei vão ter que encarar de frente o gigante Ma, que junto com a polícia (atrapalhada) fará de tudo para impedir que a Coreia seja dominada pela droga mortal.

Maior sucesso de bilheteria do cinema sul-coreano, com 11 milhões de ingressos vendidos, o que significa que um  quinto do país assistiu o filme nas telonas, a Sato Company resolveu investir pesado e tentar novos mercados para a saga de Don Lee contra traficantes malévolos. Sem dúvida alguma que Força Bruta pode ser um grande sucesso nos cinemas brasileiros. O filme de 2023 tem a competente direção de Lee Sang-yong, com caprichadas cenas de ação e coreográficas lutas de tirar o fôlego, sem abusar do nosso estômago, dando mais ênfase a uma violência mais plástica que explícita. Além do mais, o filme tem todos aqueles elementos que agradam os fãs do gênero: vilões malvados e inescrupulosos com cara e atitudes de mau, corrupção policial, tráfico de drogas, investigação policial, muito bom humor, e é claro, pancadaria das boas.

O ator  Ma Dong-seok esbanja vigor físico com suas coreografias de lutas, onde parece nem fazer força para derrubar seus oponentes, mas mesmo por trás daquela montanha, temos um detetive cheio de carisma e com tiradas divertidas. Sem falar nos companheiros de equipe, sempre atrapalhados e chegando atrasados nos momentos mais perigosos. Para quem gosta do humor estilo Trapalhões, ou filmes de Terence Hill e Bud Spencer, Força Bruta é um prato cheio de piadas no tempo certo e porrada comendo, com exímia direção e apuro visual

Força Bruta é sucesso porque faz feijão com arroz básico. Um filme sem muita pretensão, mas com o script característico dos filmes de ação policial, dividindo herois e vilões, mantém a fórmula dos dois anteriores e até aprimora. Don Lee está cada vez mais craque na distribuição de socos, lembrando que era um antigo boxeador, mas também usa suas espadas e o que tiver pela frente para derrubar a máfia japonesa e inimigos internos. Aliás, arma de fogo é uma raridade no filme, talvez pelo controle dos coreanos nas armas, tudo é resolvido na base da mão mesmo, com uma violência crua e realista, mas sem abusar de sangue e cenas mais chocantes. Um filme à moda antiga de ação, com muitos socos e pontapés, trama dando reviravoltas, às vezes confusas, mas que no final se encaixa perfeitamente. Um casamento perfeito entre comédia e ação que tem tudo para agradar o público carente de filmes do estilo, além de ser um chamarisco para quem não viu, assistir os dois primeiros e a gente esperar com grande expectativa o quarto, que já está pronto e lançado. E um viva para a Coreia do Sul que consegue lançar tanto entretenimento de qualidade popular quanto produzir filmes de teor mais artístico, apostando na cultura de massas e exportação de seus produtos culturais.

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