Crítica: Enquanto Estivermos Juntos

Quem é Jeremy Camp? Jeremy nasceu em Lafayaette, Indiana, filho de um pastor que devido a sua musicalidade passou para o filho o amor pela música e pela sua fé crista. Camp ao terminar a escola partiu com violão, fé e sonhos para a Califórnia para estudar em uma faculdade cristã. Lá encontrou Melissa, o amor de sua vida, e com sua morte, Camp resolveu seguir carreira na música gospel, tornando-se um grande vendedor de discos, compositor gospel requisitado, vencedor de prêmios e um verdadeiro ídolo do gênero. Fora do seu nicho é praticamente desconhecido, mas com a estreia nos cinemas do filme Enquanto Estivermos Juntos (I Still Believe, 2020), a emocionante e motivadora história do cantor, dirigida por Andrew e Jon Erwin, chega às grandes telas.

A história do filme conta a chegada de Camp à faculdade cristã da Califórnia. Lá sonha, além de estudar, em se tornar um músico, pois compõe, canta e toca violão. Em um show de um artista do gênero que vira seu amigo, conhece Melissa, uma menina da faculdade. Os dois não demoram muito e logo se apaixonam, mas em uma peça do destino cruel, a menina está com um violento câncer que se alastra pelo corpo. Então, Jeremy larga tudo e promete se casar com ela e, pronto para o que vier, ou no caso, seja o que Deus quiser, promete ficar até o fim com o amor de sua vida.

Confesso que não esperava muito desse filme. Um filme de temática cristã de uma história triste que tinha tudo para ser piegas, passando uma mensagem de um artista completamente desconhecido, ao menos no Brasil ou fora do nicho, tinha tudo para ser uma enfadonha experiência. Mas até que o filme funciona, e mesmo não apelando tanto ele consegue mexer com o espectador. Claro que é um filme cristão, que tende a agradar um público específico, mas esse consegue em alguns momentos, ultrapassar essa barreira e tem como mérito não ser um mero instrumento de pregação. A direção é bem acertada, extremamente quadrada, logicamente, mas impecável no que quer apresentar, quase um telefilme, sem pretensões de mudar a história do cinema é claro, mas sim mostrar de uma maneira agradável uma bonita história de amor. Os números musicais são bem dirigidos e no quesito música gospel consegue passar a sua mensagem com canções populares do estilo, apesar de que, ao menos para mim, a parte musical e que mais emociona no filme é no casamento dos dois na praia tendo como fundo uma bela versão de Can´t Help Falling in Love, na voz doce de Haley Reinhart, por ironia, uma música secular.

As atuações seguem um padrão de qualquer filme de romance que tem um triste desfecho, um casal que parece que quer viver a vida intensamente no tempo que tem e até parece saber que isso não irá durar muito. KJ Apa tem uma atuação um pouco forçada e clichê no papel principal, mas Britt Robertson está muito bem como a encantadora Melissa, passando uma naturalidade e intensidade certa para a vida difícil e os perrengues que viveu sua personagem. Gary Sinise dá uma canja de seu talento como o pai de Jeremy e a um dia maior vendedora de discos da América, Shania Twain não compromete interpretando a mãe do rapaz. Claro que o filme abusa dos clichês básicos dos filmes em que um casal é abruptamente separado por uma doença maldita, existe até um termo para isso a Síndrome de Ali Mac Graw (em alusão ao filme Love Story), mas Enquanto Estivermos Juntos não se preocupa em moderar com isso, ele até faz questão de utilizar e muito para passar a mensagem de fé, luta e esperança do casal. Como falei antes, o filme tem algo de diferente da maioria dos filmes cristãos. Ele até usa a fé como esperança, mas mostra que às vezes só a fé não basta, a vida é um sopro, um apagar de estrelas, parafraseando a Melissa do filme e o principal: não adianta se culpar ou buscar culpados para as tragédias da vida, adianta sim é levantar a poeira e seguir em frente e tentar usar isso como combustível para buscar os sonhos.

É claro que Enquanto Estivermos Juntos não chega a ser um filme secular, abusa e com razão dos chavões cristões e busca neles atrair seu principal público, mas mesmo assim consegue um pouco ultrapassar esse nicho e se tornar um filme com uma mensagem universal, ao mostrar de uma maneira clara e objetiva os obstáculos que todos nós na vida passamos diariamente e a importância das nossas boas ações que é o que realmente marcam e importam nessa breve passagem, inexplicável e fascinante montanha-russa chamada vida. Assistam sem preconceitos que o filme, além de emocionar, pode motivar e em tempos tão incertos como esse surreal 2020, isso pode fazer uma bela diferença.

Sinopse: A história real de Jeremy Camp (K.J. Apa), famoso cantor de rock cristão e indicado ao Grammy. A obra deseja focar como a religião foi essencial para o artista superar dores de sua vida, principalmente quando sua esposa Melissa (Britt Robertson) é vítima de câncer.

Direção: Andrew Erwin, Jon Erwin

Elenco: K.J. Apa, Britt Robertson, Nathan Parsons

Mais do NoSet