Emocionada com filme de cachorro? Como assim?
Calma, não foi por causa do cachorro em si, mas da história que o envolveu e o que de fato ele representa para sua família.
Ah, você não está lendo resenha repetida, realmente falei de outro filme de cachorro há alguns meses, até tinha uma temática parecida, mas os objetivos dos dois filmes são bem diferentes.
Agora falarei sobre o mais recente, “Meu Amigo Enzo” (“The Art of Racing in the Rain” – 2019)!
Conheçam Denny, um jovem piloto profissional que sonha em correr a Fórmula 1. Certo dia ele decide adotar um cachorro, dando o nome de Enzo, em homenagem a Enzo Ferrari, o fundador daquela empresa que vocês estão pensando mesmo, do carro vermelho.
Denny e Enzo eram inseparáveis, desde assistir documentários de Fórmula 1 até a companhia certa do cachorro nos grids de corrida, sempre confortando quando as coisas não iam como o esperado. A vida de solteirão desses amigos acabou quando Denny conheceu Eve, logo Enzo viu que teria que dividir o amor do dono com mais alguém.
Foi difícil, mas ele aceitou que Eve fizesse parte da vida dele. Quando a filinha do casal chegou, Zoey, aí é que o cachorro se tornou fiel, sabia que era a missão dele cuidar das garotas da casa sempre que Denny estivesse viajando para correr.
Denny enfrentava obstáculos maiores. Já era para ter tido a chance dele na Fórmula 1, mas ainda não havia ocorrido, e isso só fazia o pai de Eve o desaprovar ainda mais. Por algum tempo eles conseguiram manter o estilo de vida, embora em alguns momentos Denny quisesse desistir, Eve sempre o motivava.
Até que um triste imprevisto ocorreu. Eve foi diagnosticada com câncer e em estágio avançado, em poucos meses Denny se viu ainda mais responsável pela filinha, que já havia 07 anos, e vinha o amor de sua vida perder as forças a cada dia. Eve não resistiu, mas foi em paz e Enzo acompanhou bem de perto.
As coisas poderiam piorar? Infelizmente sim. O pai de Eve entrou na justiça pedindo a guarda de Zoey, afirmando que Denny não teria a capacidade de criar a menina devido ao seu estilo de vida, e ainda acusou o moço de o ter agredido em uma discussão. Por 03 meses Denny não pode ver Zoey, justo quando mais precisavam um do outro.
Enzo, como sempre, esteve ao lado e eram quem acalentava Denny. Ele até salvou o dono de admitir algo que não fez, rasgando um documento judicial (não é o ideal, mas mostrou ao dono o que tinha que fazer). Finalmente Denny conseguiu limpar seu nome e conquistar a guarda de Zoey, além disso conseguiu um emprego de piloto de testes para a Ferrari.
Mas a essa altura Enzo já era um senhor de idade, ele já havia vivido muitas alegrias e tristezas e, embora quisesse muito conhecer de perto o que a inspiração de seu nome construiu, ele sabia que não iria conseguiu acompanhar Denny e Zoey. De presente, ele ganhou do amigo da vida inteira uma corrida em um carro adaptado para ele, como ele sempre sonhou.
Alguns anos depois, quando Denny e Zoey já estavam adaptados na Itália, ele tendo conquistado o posto que sempre sonhou, apareceu um fã mirim no grid. Era um menino de seus 08 anos, que desde sempre dizia que Denny era o melhor piloto do mundo … Seu nome era Enzo!
Vocês entenderam a deixa? O filme não deixa claro, mas como é todo narrado pelo próprio Enzo e a reação de Denny foi lembrar dele, parecia que Enzo havia reencarnado como o menino de mesmo nome.
Por que? Durante o filme é citada uma tradição de Bangladesh, onde os cachorros são enterrados no alto das montanhas, onde ninguém pode pisar em seus túmulos, e seus donos sussurram em seus leitos de morte que o cachorro deve voltar a vida como homens, mas que somente aqueles que estão prontos poderão fazer isso. Quando Enzo percebe que está morrendo ele diz duas coisas: estou pronto para virar homem e quero lembrar de Denny na outra vida.
Não sei se acredito na tradição/lenda, mas foi emocionante ver o menino lá na Itália, com os olhos cor de mel, parecidos com a cor dos olhos do cachorro, todo animadinho porque está vendo Denny sendo um campeão (para ele o dono sempre fora um campeão).
Por que me emocionou? Porque pareceu real, não houve nada de extraordinário, só um homem com uma vida em altos e baixos, tentando conquistar seus sonhos. Eve não teve uma recuperação milagrosa, Enzo não viveu mais do que um cachorro deveria viver, tudo ocorreu como se ocorresse na vida real, com suas dores e prazes.
Não me entendam mal, sou romântica e queria ver Denny em seu algo com Eve ao seu lado, mas sabemos que as chances de alguém se recuperar de um câncer na cabeça em estágio avançado são pouquíssimas. Foi injusto? Foi sim, ela deveria estar lá, mas foi real.
E quanto à Enzo, ele realmente sempre teve coração de humano, de piloto de corrida (da Ferrari, de preferência), viu a família crescer e diminuir, estava pronto para de fato virar humano. Embora que acredite a evolução seja o inverso, os humanos é que deveriam virar cachorros quando seus espíritos estivessem evoluídos, afinal cachorro já nasce sabendo amar, humano tem protocolos e burocracias demais, isso atrapalha tanto a pureza desse sentimento.
Um detalhe que me chamou muita atenção. Toda a produção do filme de fato se aprofundou no tema automobilismo, todas as referências foram certas. Acredito que muito disso foi por ter Patrick Dempsey (Dr. MacDreamy/ Derek Shepherd de “Grey’s Anatomy), ele é amante do esporte, sempre presente nos grids de corrida e ele corre como hobby.
Gostei que sempre foi citado o nome de Ayrton Senna! Lógico que o nome dele seria citado em algum momento, mas o que me impressionou foi a admiração dada a ele por Denny e por Enzo, para ele Senna só não era melhor que seu dono. Senna já é um nome que dá orgulho aos brasileiros, ver que pessoas de fora o vêm com a mesma admiração foi tão bom, fez parte da emoção.
O elenco não se resume ao cachorro, que, aliás, foi dublado no original por Kevin Costner (não posso falar nada sobre ele porque assisti dublado). E quero dar ênfase ao casal principal, Eve e Denny.
Eve foi vivida por Amanda Seyfried. Quem lembra de Karen de “Meninas Malvadas”? Quem imaginaria que ela se tornaria uma referência de atuação (pelo menos para mim). Mesmo em “Meu Amigo Enzo”, que aparece pouco, Amanda marca presença, seus enormes olhos passam uma emoção pouco vista.
Ah, sou muito suspeita para falar de Amanda, ela deu um salto do meu conceito quando saiu de Karen para ser Sophie, de “Mamma Mia!”, e sempre terá um espacinho no meu coração. Chegue cantar “Thank You For The Music” e “I Have Dream”, faz favor (minha trilha para dirigir passa por essas duas músicas).
Denny foi interpretado por Milo Ventimiglia. Tenho esperado a aclamação desse moço desde que ele tinha asas em “Heroes”. Ok ok, vocês conhecem porque ele é o filho de Rocky Balboa (não julgo, a boquinha é torta igual).
Falando sério, Milo sempre me chamou atenção, fosse como o quase anjo de “Heroes”, fosse como o errante Jesse, de “Gilmore Girls” (nunca fui #TeamJesse , mas ele tinha lá suas vantagens). Fico muito feliz em o ver se destacando, seja pela série “This is Us”, seja em filmes como esse. O Denny dele foi perfeito, o tempo todo ele deu razões para o público torcer por ele, desde a primeira corrida até no tribunal, quando ele luta por Zoey.
Milo e Amanda foram as principais razões de eu ter ido assistir um filme de cachorro no cinema (tenho preconceitos, desculpa, mas estou evoluindo) e eles me conquistaram com Denny e Eve, e Enzo e Zoey.
Ah, para finalizar, deixe eu explicar o nome original, “The Art of Racing in The Rain”. Denny era conhecido por ser um excelente piloto na chuva, ele sabia exatamente o que fazer nestas condições, ele estudava e estava seguro com todos os elementos, sabia exatamente o que fazer quando chovesse. Isso foi visto quase como uma arte, por isso o nome.
Emocionante, não é?
Até mais!