Desde a sua invenção, ninguém imagina o impacto do computador no mundo. Inicialmente, um maquinário ocupando uma sala inteira com alavanca, botões e luzes com poucas funções, quem imaginaria seu potencial doméstico cabendo no bolso com inúmeras tarefas, a maioria sem proveito de seu proprietário. Um desperdício, é verdade. Nem mesmo os melhores escritores de ficção cientifica do subgênero robótica ou de literatura policial ou cientista tecnológico pensaram nos usos maléficos poderiam resultar dessa revolução.
Agora, una esses dois campos teóricos e prática pra resultar na atual sociedade cheia de selfies, vídeos virais, memes e pouco contato físico. Assim é o enredo do longa-metragem dirigido pelo indo-americano diretor Aneesh Chaganty com roteiro compartilhado com Sev Ohanian.
Diante de uma tela de computador, acompanhamos a rotina da família Kim desde o nascimento até a adolescência da filha Margot (Michelle La) entre vídeos ao vivo ou gravações amadoras de culinária, aulas de piano e inicio de ano letivo guardados com carinho entre as pastas na memória do computador, e-mails e redes sociais antigas e novas. Porém, essa harmonia é quebrada pela morte por câncer da matriarca Pamela (Sara Sohn) gerando uma distância entre a filha e o marido viúvo David (John Cho) cujo contato está limitado entre Facetime e o Messenger durante os grupos de estudos escolares.
Até a noite em que Margot telefone duas vezes e manda mensagens ao pai sem retorno dando inicio ao thriller policial cujo desenrolar narrativo repleto de reviravoltas, surpresas e arenque vermelho acontece na tela do computador.
Graças ao seu primeiro curta de dois minutos filmado com Google Glasses Seeds conseguindo 1 milhão de visualizações no You Tube em 24 horas, Chaganty dirigiu muitos comerciais para o Google.
Junto com o produtor de filmes do gênero Vida na Tela do PC Timur Bekmambetov, famoso por Amizade Desfeita (2014) tornou sua ideia original de curta para um suspense policial de 102 minutos rodado com webcameras e celulares e sequências inteiras entre pesquisas em sites de busca, leitura de e-mails, investigação de arquivos virtuais, interação em redes sociais e aplicativos de gps mantendo a tensão. O uso das câmera de alta definição está reservado as reportagens jornalísticas. Claro, a performance do elenco é primordial.
Cho, famoso por seus papéis cômicos como o cara asiático em American Pie e Madrugada Muito Louca, migrou para a ficção cíentifica para interpretar Hikaru Sulu em Star Trek até protagonizar esse suspense psicológico.
Seu personagem é um viúvo lutando para superar o luto da amada esposa, embora seja pai zeloso, ainda não conhece a filha totalmente, quando ela desaparece, o público toma suas dores. Vemos sua investigação por conta própria avançar entre possíveis suspeitos: amigos de perfil, pessoas do grupo de estudo, seu irmão e tio da garota, um cara que postou comentário inconveniente e tudo que possa gerar uma confusão mental, frustração e loucura.
Debra Messing como a investigadora do caso é quase uma protagonista do segundo ato do filme por ser um suporte emocional para David além de ser mãe de um jovem criminoso que abusou da reputação da mãe para promover a si mesmo. Compartilhando essa experiência para auxiliar David nessa difícil busca e fase da vida da filha.
La, a personagem objetivo do filme, embora seu papel esteja limitado a vídeos amadores e fotos, não deixa a desejar em sua performance como uma solitária e confusa estudante adolescente. A atriz consegue transmitir desolação para o público.
O elenco de apoio está lá para atuar como anônimos, perfis de redes sociais e pessoas comuns usando a mídia social para se auto promoverem com a tragédia. Seja fazendo vídeos, comentando, curtindo, fazendo memes ou trollando David. Gerando assim, uma forte critica da atualidade do novo espetáculo público onde todos participam sem ter importância pela privacidade alheia.
Trailer:
Ficha Técnica:
Nome Original: Searching
Diretor: Aneesh Chaganty
Roteiro: Aneesh Chaganty e Sev Ohanian
Elenco: John Cho, Michelle La, Debra Messing, Sara Sohn, Joseph Lee, Steven Michael Eich.
