Close
FILMES CRÍTICAS

Bohemian Rhapsody: a mais bela e emocionante homenagem a Freddie Mercury e o Queen!

Bohemian Rhapsody: a mais bela e emocionante homenagem a Freddie Mercury e o Queen!
  • Publicado em: novembro 1, 2018

O sucesso nunca vem por acaso. A maior prova do que acabei de afirmar está na história de Freddie Mercury (cujo nome verdadeiro era Farrokh Bulsara), o líder do Queen. A banda é referência musical até os dias atuais e ficou marcada pelas atuações icônicas e a voz marcante de Freddie. Mas falar sobre algo que já é sucesso não é tão difícil.

Assim, com base no roteiro Anthony McCarten e Peter Morgan, assim como na direção de Bryan Singer e Dexter Fletcher, Bohemian Rhapsody é uma verdadeira homenagem ao cantor e líder do Queen. Desde o primeiro minuto, podemos perceber que Freddie estava predestinado ao sucesso. Suas performances no palco eram inigualáveis. Com grande potencial vocal e uma determinação fora do comum, o jovem cantor mostra e convence aqueles que seriam seus futuros colegas de banda sobre seu talento. Mais do que isso, Freddie convenceu o mundo.

A história narra a trajetória deste inesquecível cantor até o sucesso… mas também o acompanha até a solidão, o medo, o amor e tudo aquilo que acompanha um ser humano em sua vida. Freddie Mercury foi um homem que viveu intensamente a música, a mulher que amou, a banda, os homens que estiveram em seu caminho. Amou, errou, buscou acertar. Teve amigos. Teve pessoas que só estavam interessadas naquilo que sua crescente fama podia trazer-lhes. Teve pessoas que só se interessaram naquilo que ele realmente era.

Diante de tantas situações, emoções e sentimentos, o cantor compôs. Ele deu vida a canções que estarão marcadas nas mentes, corações e vidas de incontáveis pessoas. Não há um debate sobre o certo ou errado, apenas uma breve passagem pela vida de um ícone da música que, essencialmente, era um ser humano sujeito a todos os problemas e falhas aos quais qualquer um pode se submeter. A diferença, creio, está no fato de que ele buscou ser quem ele deveria e queria se tornar. Ao contrário da maioria, seus sonhos seriam concretizados, jamais abandonados.

Em todos os minutos de exibição de Bohemian Rhapsody nós contemplamos, vivemos na verdade, aquilo que Freddie e seus amigos passaram. Somos espectadores silenciosos cujos olhos testemunham a ascensão de um mito na música, um mito tão falho quSanto qualquer outro, porém um grande exemplo de perseverança.

A atuação de Rami Malek como Freddie Mercury chega a assustar, tal é seu primor. Rami não se valeu apenas da caracterização para interpretar o líder do Queen. Ele, na verdade, se entregou de corpo e alma, como percebemos ao longo de todo o filme. E como percebemos isso? Nós nos entregamos também à história, nos tornamos testemunhas da ascensão de um homem que levou a música a outro patamar, acompanhado de seus amigos.

Outro ponto ótimo do filme é a semelhança dos atores que fazem os demais integrantes do Queen com os músicos originais. A caracterização beirou a perfeição e transformou Joseph (Joe) Mazzello em John Deacon, Ben Hardy em Roger Taylor, Gwilym Lee em Brian May, conforme mostra nossa comparação na foto abaixo.

Humanidade.

Somos criaturas sujeitas a falhas, oscilamos em nossas opiniões, rimos e choramos em diversos momentos de nossas vidas. Ser um humano é sinônimo de mudança, evolução ou involução. Quando acompanhamos a carreira de uma celebridade, costumamos esquecer que a pessoa idolatrada é, essencialmente, apenas um humano e como tal tem defeitos e qualidades, mas é fato que só focamos nas qualidades.

Bohemian Rhapsody não é um filme sobre todos os integrantes do Queen. Na verdade, ele foca no vocalista Freddie Mercury, sem que isso implique em mostrar detalhes das personalidades dos outros integrantes. Com base na personalidade forte de Freddie, fica fácil perceber que os outros músicos recebiam suporte do vocalista e também o apoiavam. O Queen tem a alma de Freddie, porém o grupo só tinha sentido com todos eles, unidos e sempre voltados a produzir música como outros jamais fizeram. Repito: mesmo sendo um filme direcionado a destacar a trajetória de Freedie Mercury é impossível ver essa carreira sem a presença de Brian, Roger e John. Afinal, eles eram uma verdadeira família… com altos e baixos.

Musical?

Não se trata de um musical no seu sentido mais amplo. Claro que um filme sobre uma das mais importantes bandas de rock do mundo tem que ter sua trilha sonora. Sobre isso, fica registrado que eles usaram de muita inteligência para inserir as músicas (e boa parte do processo criativo delas) no longa-metragem.

Eu acompanhei boa parte da trajetória do Queen. Na condição de fã, afirmo que é impossível não se emocionar ao descobrir nuances da vida do vocalista e dos demais integrantes da banda, assim como os “bastidores” da evolução do grupo. Ver uma verdadeira reconstituição de momentos vitais do Queen na tela é emocionante.

Sexualidade e drogas.

O filme mostra vários episódios sobre a sexualidade de Freddie. Felizmente esse não é uma obra voltada à ênfase nesse tema. O que Bryan Singer e Dexter Fletcher nos entregam é uma “biografia” onde é válido inserir o contexto da sexualidade do cantor, porém sempre de forma amena e respeitosa.

Como eu já citei mais acima, ele era apenas um humano, cheio de sentimentos que o levaram às mais diversas direções.

O legal nessa produção foi a inserção de Mary Austin, a mulher que Freddie literalmente mais amou em sua vida. Ela foi magistralmente representada pela atriz Lucy Boynton que dosou corretamente a emoção e a dor de interpretar um dos pilares da vida do cantor. Mary acompanhou Freddie desde 1970 e esteve ao lado dele até sua morte em 1991. Mais do que sexo, eles eram almas gêmeas e nutriam um amor que estava acima do prazer sexual.

Ver o quanto esse relacionamento foi importante para ambos é de uma grandiosidade impressionante. De igual forma, o roteiro destaca a importância de Jim Hutton (Aaron McCusker) como amigo e namorado de Freddie.

Uma parte bastante tensa está na visível exploração de Freddie por parte Paul Prenter (Allen Leech), um homem que usou fases ruins da vida do vocalista para se aproximar e, consequentemente, afastá-lo daqueles que o amavam: Mary e os demais integrantes do Queen. Prenter era apenas um vampiro que usou o dinheiro e a fama do amante para benefício próprio, segundo o filme e relatos da época. O ex-agente da banda foi o responsável por denunciar orgias praticadas pelo cantor, o uso de drogas e até a morte de amantes de Freddie por AIDS.

Fotografia, cores e figurino.

Esse é outro ponto do filme. Gostei demais das locações escolhidas e da paleta de cores em quase todo o longa. O uso dos figurinos de Freddie Mercury, Mary, Roger, Brian e John foi extremamente acertado. Isso foi favorecido, obviamente, pelo grande número de referências que ainda existem, incluindo vídeos da época.

Coadjuvantes de luxo.

Aidan Gillen, o ator que marcou a personagem Lorde Petyr Baelish, dá vida ao discreto e inteligente diretor musical John Reid cujo trabalho não se restringiu ao Queen, já que também deu suporte ao cantor Elton John.
Mike Myers, por sua vez, ficou irreconhecível como o executivo da EMI, Ray Foster. Apesar de curta, a participação de Myers nos brinda com um dos momentos mais engraçados do filme.

Uma pequena amostra do alcance do Queen.

Em 2017, antes de um show do Green Day, colocaram a música Bohemian Rhapsody para tocar. Vejam a emoção do público que, em uníssono, cantou a música na íntegra. Isso é clássico!

Sem tristeza.

O longa termina de uma forma linda e estabelece um link com o início do filme. Apesar de algumas inconsistências históricas, provável fruto da adequação do roteiro ao tempo e à narrativa, Bohemian Rhapsody é uma obra impecável, emocionante e, sobretudo, uma homenagem merecida ao homem que deu alma ao Queen.

Sabemos que Freddie era soropositivo, conhecemos uma parcela de seu sofrimento e muitos lamentaram sua morte, mas isso não foi aprofundado no filme, o que permitiu um encerramento grandioso e sem tristeza, tal como provavelmente o vocalista gostaria.

P.S.: Duvido que adivinhem qual foi a trilha sonora para fazer esse post.

Left-Right: Gwilym Lee (Brian May), Ben Hardy (Roger Taylor), Rami Malek (Freddie Mercury), and Joe Mazzello (John Deacon) star in Twentieth Century Fox™ BOHEMIAN RHAPSODY. Photo Credit: Courtesy Twentieth Century Fox.
Written By
Franz Lima

Escritor de contos de terror e thrillers psicológicos, desenhista e leitor ávido por livros e quadrinhos. Escrever é um constante ato de aprendizado. Escrevo também no www.apogeudoabismo.blogspot.com

Leave a Reply

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *