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CRÍTICAS FILMES

Até a tropa de elite se moderniza – “Uma Agente Muito Louca”

Até a tropa de elite se moderniza – “Uma Agente Muito Louca”
  • Publicado em: outubro 8, 2017

Ter uma mulher como protagonista de um filme tem se tornado cada vez mais comum, ainda mais quando se tenta a mostrar empoderada. O difícil de ver é esse assunto abordado de uma forma sutil e com muito humor.

No filme “Uma Agente Muito Louca” (RAID Dingue – 2016) Johanna Pasquali é a filha do Ministro responsável pela segurança nacional. Além dessa grande influência do pai, Johanna passou a idolatrar a vida policial depois que perdeu a mãe, tanto que ela cresceu com o sonho de servir ao RAID, que a polícia nacional, a força de elite do Estado francês.

Porém há dois grandes problemas para que ela alcance esse objetivo.

Primeiramente há o preconceito, que é representada tanto pelo noivo dela, ele condena algumas atitudes mais “fortes” dela, acredita que aquilo não é coisa de mulher, quanto pela tradição do RAID de não aceitar mulheres, não era uma proibição, mas simplesmente não acontecia. Esse é o ponto “sério” do filme.

O segundo problema é a própria Johanna. Ela sabe de tudo na teoria, mas o tanto que tem de inteligente tem de atrapalhada e desastrada, não consegue seguir os procedimentos normais da polícia, inclusive foi rejeitada no RAID inúmeras vezes porque não conseguiu executar as provas, machucando alguns colegas. E esse é o elemento cômico.

Depois de mais uma rejeição do RAID, seguida da demissão (ela trabalhava como  policia de rua, fazia só os trabalhos mais simples), além da pressão de seu casamento, Johanna fica quase deprimida. Para fazer com que a noiva saísse da “bad” e para tentar a fazer desencantar com a polícia nacional, Edouard convence seu futuro sogro a fazer um “arrumadinho” para que ela pudesse fazer apenas o treinamento, assim ela veria o quão difícil seria e desistiria.

O que eles não contavam é que Johanna se encantaria ainda mais pela carreira!

Ela realmente não conseguiu seguir os procedimentos padrões, porém ela conseguiu mostrar todas as suas qualidades. Ela é muito corajosa, otimista e ingênua, o que a faz enfrentar maiores desafios do que qualquer um ali.

O carisma dela conquistou os colegas de treinamento e o treinador, Eugène Froissard. Um agente que está voltando à ativa depois de ter descoberto que a esposa havia o traído com o irmão dele, desde então sofreu vários acidentes, tanto no treinamento quanto em ações, ficando conhecido como azarado (o que em francês é uma palavra que rima com o sobrenome dele, o que fazia o trocadilho engraçado). Ah, depois do trauma ele ficou mais machista ainda, deixou de acreditar e confiar em mulheres.

Johanna consegue superar todas as expectativas e entra para a elite, servindo em Paris mesmo, para o desespero de Eugène, de Edouard, dos pais dele e do pai dela. Ela não acertou de primeira, acreditou em um senhor que se dizia policial de outra repartição, mas no final ela consegue desmantelar a maior quadrilha do país.

Ao longo dessa trajetória dela, ela descobre do arrumadinho do pai, desfaz o noivado e se apaixona por Eugène, ela é a única que tem coragem de trabalhar com ele (por ser azarado, muitos colegas acabaram se machucando em ação).

É uma história leve, um humor muito bem feito, que soube usar a questão feminista com muita criatividade, quebrou o preconceito com muitas risadas. Excelente para conhecer um pouco desse ramo da segurança francesa, para ver que nós, pessoas desastradas (pense como me senti representada), podemos ser tão bons como vocês equilibrados e ri muito.

O longa de uma hora e quarenta de cinco minutos teve o roteiro adaptado por Dany Boon, quem também dirigiu e atuou no filme, ele é Eugène. Ele fez uma excelente escolha para o papel de Johanna Pasquali, a atriz Alice Pol.

Além dela ter as características físicas que se aplicaria ao personagem, tem traços muito femininos, o que a faz ser atraente (é um ponto do filme), e é mais alta do que a média feminina, o que ajuda na ideia de ser desastrada (falo por experiência própria), ela sabe fazer humor e já trabalhou com Dany Boon em mais outros dois filmes.

Ou seja, a química deles foi maravilhosa e fez com que a relação entre Johanna e Eugène fosse tão bem significativa.

A sequência final foi um show à parte. Um jantar bem ao estilo de Maria Antonieta em um castelo fora da cidade, tinha todo o luxo que estamos acostumados a ver em filmes de época ambientados na França, mas com o contexto policial em volta.

Direção: Dany Boon
Elenco: Alice Pol, Dany Boon, Michel Blanc
Gênero: Comédia
País: França / Bélgica
Ano: 2016

Sinopse: A policial Johanna Pasquali é desligada, cabeça ao vento e desajeitada. Relegada a perigosas atribuições como multas de trânsito ou pequenos furtos à lojas, ela usa cada minuto do seu tempo livre para transformar seu sonho em realidade: tornar-se a primeira policial feminina a fazer parte do RAID, a tropa de elite francesa. Por razões misteriosas e políticas, ela é aceita no programa de treinamento da unidade de elite, e se torna o problema de Eugène Froissard, o mais misógino dos agentes da RAID. Essa dupla improvável está encarregada de parar a Gangue Leopardo, que está por trás de audaciosos roubos nas ruas de Paris. Mas antes de colocar os malfeitores atrás das grades, eles precisam encontrar uma maneira de serem parceiros sem que se matem, seja em treinamento ou trabalhando em casos complicados.

Beijinhos e até a próxima.

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.

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