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MÚSICA

Angra – Temple Of Shadows – 20 anos no Bar Opinião

Angra – Temple Of Shadows – 20 anos no Bar Opinião
  • Publishedjulho 22, 2025

Puxando da memória, se não estou enganado, o Angra, nos últimos dois anos, tocou cinco vezes em Porto Alegre. Teve festival de metal com eles no Araújo Vianna, lançamento do novo disco duas vezes e mais duas comemorando os 20 anos do disco Temple Of Shadows. Tal comemoração começou ano passado, já que esse ano completa 21 anos, e pela quinta vez os ícones do metal brasileiro vieram por aqui, dessa vez trazendo o Temple na íntegra, num show domingo passado no Bar Opinião. E segundo a banda, a última apresentação do Angra, que depois dessa tour vai parar por tempo indeterminado, em suma, os eternos últimos shows da última semana. Devem ter aprendido com o Sepultura…

Com show marcado para às 20h, naqueles atrasos insuportáveis, essa foi a hora que a banda local Tierramystica entrou no palco. Depois de um hiato de 12 anos, a banda que faz um folk metal com qualidade, com influências andinas, de música latina, acrescidos ao peso do metal, fez um show de responsa, aquecendo bem o público para a atração principal.

Com um ótimo público no Opinião, para um domingo de julho, e ainda acrescemos o fato de ser como lembrei, a quinta vez da banda aqui em pouco mais de 2 anos, por volta das 21h30min (uma hora e meia de inexplicável atraso…) Fabio Lione, Rafael Bittencourt, Marcelo Barbosa, Bruno Valverde e Felipe Andreoli sobem ao palco do Opinião. Após a intro do Holy Land já colocam quase o Opinião abaixo com Nothing To Say, do maravilhoso disco de 1996. Logo depois, alguns problemas técnicos ocorreram e coube a Lione, cada vez com um português melhor, entreter a galera por vezes imitando Freddie Mercury, até os problemas serem resolvidos. Depois que os roadies e técnicos de som solucionaram o pepino, me surpreendeu o fato que ao invés de eles tocarem todo o Temple Of Shadows de uma vez pra depois encher o set com sucessos, resolveram dar um aquece e ainda tocaram Millenium Sun do Rebirth, de 2001, pra findar a trinca de abertura com Tide Of Changes, do último álbum. 

Enfim chega a hora esperada que quem pagou ingresso queria. A banda tocou na íntegra o baita álbum Temple Of Shadows, da época que a banda tinha Aquiles Priester na bateria, Kiko Loureiro na outra guitarra e Edu Falaschi no vocal. Confesso que desconfiava que Lione, um gigante vocalista, iria conseguir emular o que Edu fez naquele disco. Edu, hoje execrado pelos iluminados, tinha uma voz suave e melódica, característica daquele disco. Mas o que se viu foi uma bela execução do disco, desde a sensacional Spread Your Fire, com aquele power metal que parece que o metal de hoje em dia esqueceu ou não quer mais fazer, mas que Lione mandou muito bem. Não tem como não dar o destaque para Rafael, cada vez mais líder da banda, simpatia em pessoa e tocando muito como sempre. Marcelo Barbosa também cada vez mais solto, Valverde não tem o que falar, o guri é um monstro, um reloginho humano e o Andreoli, o que toca de baixo, é inversamente proporcional à sua simpatia. Com aquela cara de aborrecido parece que está fazendo um favor de tocar ao vivo… 

E o show segue o álbum com Angels and DemonsWaiting Silence e Wishing Well. Como ponto negativo, que desde a banda de abertura algo não parecia bom no som da banda. Ao menos quem ficava na pista ouvia tudo muito embolado, com baixo quase imperceptível e guitarras quase inaudíveis nos solos. Aos poucos a coisa foi melhorando e a banda seguiu o  discaço com The Temple Of Hate, The Shadow Hunter, No Pain For The Dead. Considero o Temple uma das obras primas do metal brazuca e ver a banda tocar ao vivo, mesmo com Lione, o qual acho um gigante vocalista, mas não combina com o timbre que eu gosto dos clássicos do Angra, foi uma grande surpresa. Além, é claro, de que a banda estava mais à vontade do que nunca, esbanjando simpatia, sorrisos e poses… ah, menos o Andreoli… Winds Of Destination, Sprout Of Time, Morning Star, onde a dupla executou com maestria os incríveis solos. Late Redemption fecha o álbum com Rafael fazendo a voz da célebre participação de Milton Nascimento na faixa de estúdio. Mas é claro que só de Temple of Shadows não se sustenta um show do Angra e Bittencourt vai para violão fazer aquela introdução clássica de Rebirth, que é executada para delírio da galera presente. Uma surpresa da noite foi quando Rafael chamou ao palco o grupo vocal croata Metaklapa, conhecido por fazer versões do Iron Maiden em arranjos vocais. O grupo estava por Porto Alegre e fez uma homenagem ao Angra com uma linda versão à capela de Nova Era. Enfim, o Angra segue o baile com Angels Cry, do primeiro disco homônimo, agitando de vez o bar e fecha a sua despedida em solo gaúcho com o medley de Carry On e Nova Era. Acho um desperdício de Carry On, tocar como medley e tocar uma bomba como Tide of Changes na íntegra… mas quem sou eu pra meter o bedelho no set dos caras.

Enfim, encerra o show com uma ovação e tanto da galera, satisfeita em ter o privilégio de assistir e ouvir o Temple Of Shadows na íntegra. Uma despedida (será mesmo?) digna de uma banda que sempre soube se reinventar, ou como diz seu clássico Rebirth, sempre em renascimento. Rafael Bittencourt soube carregar o legado dessa lenda do metal brasiliro com muita vontade, passando por mudanças, décadas, mas seu público fiel sempre apoiou e jamais abandonou o grupo. O adeus é sempre difícil, como diriam os sertanejos Leandro e Leonardo, difícil de aprender a dizer, mas por hora eles param, vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos e ver quais serão os novos passos do Angra!

Written By
Lauro Roth