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Análise Fílmica: Intrigas (2000)

Análise Fílmica: Intrigas (2000)
  • Publishedfevereiro 3, 2016

A Análise Fílmica de hoje será menos analítica e mais crítica. Até agora lhes trouxe apenas bons filmes. Mas hoje será diferente. Não que o filme em questão seja, inquestionavelmente, ruim. Entretanto, as obras retratadas até o presente momento serviam, ou como uma espécie de “lição de vida” ou de conteúdo reflexivo para pensar nossa própria realidade. Muito além das telas.

Com o texto de hoje quero fazer referência aos filmes que não parecem ter razão de existir. Aquelas obras cujo objetivo e finalidade parece ser, única e exclusivamente, ganhar dinheiro. Já que não trazem nada de positivo, nenhum questionamento, nenhuma lição, nenhum bom exemplo, enfim. Nada que nos faça pensar o mundo e as relações entre os seres humanos. O cinema é a sétima arte. Uma arte coletiva, portanto, menos autoral. Porém tal fato não significa demérito. Toda forma de arte deve ser respeitada. E servir de algum propósito. Sem mais delongas o filme analisado hoje será Intrigas (Gossip), do ano 2000 e com direção de Davis Guggenhein.

Intrigas retrata a fofoca e o que seus efeitos destrutivos podem causar. O longa-metragem mostra como uma simples mentirinha pode adquirir proporções astronômicas. A fofoca carrega consigo o potencial de gerar outras mentiras, aumentando-a e expandindo-a, destruindo relacionamentos e reputações.

O filme gira em torno de três estudantes. A estória se passa em um campus universitário, regado a muitas festas e, como o próprio nome diz, às intrigas. Acostumados a mentir para obter vantagem eles resolvem espalhar uma falsa notícia: um casal de colegas seus, famoso pela abstinência sexual, é o alvo da fofoca. Contam eles, que o rapaz teria estuprado a namorada em uma festa. Na ocasião a garota estava embriagada e desmaiada.

ATENÇÃO: A partir daqui, spoilers.

Como era de se esperar, ainda mais porque a garota supostamente estuprada era de uma família muito influente e poderosa, a notícia deixa a universidade em polvorosa. O frenesi gerado chama a atenção da polícia e a “brincadeira” dos três amigos toma proporções destrutivas, revelando segredos do passado e o verdadeiro caráter dos envolvidos.

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Intrigas é o primeiro filme ficcional de Davis Guggenhein. Além desse, o único longa-metragem de ficção que ele dirigiu foi Gracie, de 2007. Fora estes dois, Davis se especializou em documentários, muito bem-conceituados, diga-se de passagem: Uma Verdade Inconveniente (2006) e A Todo Volume (2008) mostram a qualidade de sua veia documental. Sua direção mais recente é He Named Me Malala (2015), outro documentário.

É bem verdade que, como diretor, Davis tem uma filmografia curta e recente, Mas não posso aceitar tal argumento como desculpa. Intrigas, não admiravelmente é o primeiro filme de Davis: A proposta do filme é retratar o cotidiano de alguns jovens universitários, mas o que vemos são muitas festas, bebidas, confusões, fofocas, sexo sem compromisso, etc.

Por um momento me senti assistindo a mais uma parte da franquia American Pie. Se este era o foco do filme, a universidade era desnecessária, pois seu dia-a-dia é quase que totalmente ignorado. Não há a retratação de estudantes universitários, o que o filme mostra é apenas mais um grupo de jovens baladeiros, beberrões, sem compromisso algum e que, por um acaso, estão inseridos num ambiente universitário.

Intrigas é mais um daqueles filmes para se assistir no sábado à noite. Um suspense digno dos “Super Cines” da vida, mais uma obra tragicômica da classe média, repleta de clichês e acontecimentos previsíveis e forçados. O final do filme é quase cômico, diria ridículo se não fosse devido ao fato de ser um pouco surpreendente. Intrigas tenta passar uma lição e mostrar que no final o bem sempre vence o mal e bla, bla, bla. Neste aspecto, o longa-metragem não difere em nada de mais outras centenas de produções. Além do mais, fazendo uma análise aprofundada do desfecho do filme ele é um verdadeiro “tiro no pé”.

Em vez de uma lição de moral, o que acaba sendo retratado são só seres humanos superficiais, inescrupulosos e egoístas. Nada que possa acrescentar algo positivo ao seu ou ao meu caráter. Como sou um admirador das artes, penso que elas devem sempre acrescentar e gerar a reflexão cotidiana, qualquer coisa que não existe em intrigas. Diria ainda, Intrigas é totalmente dispensável de sua filmoteca. Sendo assim, só posso concluir que o melhor para Guggenhein seja focar-se nos documentários, que se mostram sua especialidade.

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Nome original: Gossip

Diretor: Davis Guggenhein

País de origem: EUA

Informações adicionais: O filme conta com interpretações de Lena Headey (a Cersei Lannister de Game Of Thrones) e de Norman Reedus (o Daryl Dyxon de The Walking Dead.)

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