Amores e Nova York – “Modern Love”
Há alguns anos o New York Times, um dos maiores jornais de uma das maiores cidades do mundo, mantém a coluna “Modern Love”, histórias curtas sobre casos de amor enviada pelos próprios leitores.
Em 2019 alguns desses relatos foram unidos em uma série curta (oito episódios de, em média, 25min), cheia de grandes nomes a tv e do cinema, recebendo o mesmo nome da coluna. É uma produção original da Amazon Prime Video e tem rumores que terá segunda temporada.
O primeiro episódio mostra um porteiro, Guzmin, que é quase um anjo da guarda para uma moradora do prédio, Maggie. A amizade deles consistia em ele dizer que o date do dia não valia a pena, mas não tinha segundas intenções, ele só não queria que ela se desse mal. Ele se tornou presente na vida dela e da filha dela, na verdade, elas eram quase a família dele.
A estrela desse episódio é Cristin Milioti, conhecida por “How I Met Your Mother” e “O Lobo de Wall Street” … Ela meio que está sempre por Nova York!
O segundo episódio consiste em uma entrevista do CEO de um aplicativo de relacionamento, Joshua, mas que se tornou uma conversa de peito aberto com a jornalista Julie. Ela pergunta a ele se ele já havia se apaixonado de verdade, daí ele conta a sua história de amor inacabada com Emma e ela conta o recente desfecho da sua.
Dev Patel (“Lion”, “O Homem que Conheceu o Infinito” e “Quem Quer Ser Um Milionário”) e Catherine Keener (“Capitão Philips”, “Percy Jackson: O Ladrão de Raios” e “Capote”) estrelam o episódio, com a participação especial de Andy Garcia (Saga “O Poderoso Chefão” e “Mamma Mia 2: Here We Go Again”).
O terceiro episódio é sobre a bipolaridade de Lexi. Nos dias bons ela era divertida, solar, com um sorriso gigante, parecia estar sempre em um musical, extremamente inteligente, mas nos dias ruins ela simplesmente sumia, ninguém sabia dela. Isso acontecia desde os 15 anos e ela nunca se abria para ninguém, nunca se permitiu ter amigos e relacionamentos duradouros. Foi só quando ver Sylvia como amiga que Lexi passou a se cuidar melhor e realmente viver.
Somente Anne Hathaway (“Diário de Princesa”, “O Diabo Veste Prada” e “Os Miseráveis”) conseguiria dar a profundidade que Lexi precisava, com seus enormes olhos e sorrisos junto a uma veia dramática impecável.
O quarto episódio mostra um casal em crise, Sarah e Dennis. Eles não conseguiam mais ver nada em comum entre eles, se perderam um pouco ao longo dos anos e estão tentando voltar a se conhecer.
O interessante nesse episódio é que a estrela é Tina Fey (“Meninas Malvadas” e uma vida de “Saturday Night Live”), uma comediante nata, mas que soube fazer um drama na medida certa. Ao seu lado está John Slatery (o pai de Tony Stark desde “Homem de Ferro 2”). O episódio ainda conta com a aparição de Ted Allen.
O quinto episódio é em um hospital, o segundo encontro de Yasmine e Rob é suspenso porque ele se corte seriamente, tem que passar por um procedimento cirúrgico e ela fica com ele a noite toda. Descobrimos que eles não seriam o casal mais óbvio, ela gosta de atenção e ele tende a ser negativo (depressivo mesmo), mas eles se tornam aquilo que o outro mais precisa naquele momento.
O estranho casal perfeito é formado por Sofia Boutella (“A Múmia”, “Kigsman: Serviço Secreto” e “Hotel Artemis”) e John Gallagher Jr. (“Jonah Hex”, “Hush” e “Westworld”).
O sexto episódio é um mais estranho (para mim). Maddy tem 21 anos e já se acostumou a não ter pai, mas um novo chefe da empresa em que trabalha a faz lembrar do pai dela e ela faz de tudo para se aproximar dele. E ele a nota, mas há um mal entendido. Ela só quer atenção de pai, sem segundas intenções.
Embora eu não tenha gostado desse episódio específico, os atores envolvidos são bons: Julie Garner (“Vantagens de Ser Invisível” e “Ozark”) e Shea Whigham (“Maus Momentos no Hotel Royale” e “Joker”).
O sétimo episódio é sobre um tema muito atual, adoção por casal homoafetivo. Andy e Tobin querem adotar uma criança e, por saberem todos os obstáculos que eles podem enfrentar, aceitam a proposta da adoção aberta, ou seja, que incluísse contato com a mãe biológica. A agência de adoção os uniu a Karla, uma nômade dos dias atuais que só queria encontrar um lugar estável para o bebê que esperava.
Olivia Cooke (“Ouija” e “Bates Motel”), Andrew Scott (“Swallows and Amazons”, “Sherlock” e “Fleabag”) e Brandon Kyle Goodman (“Feel The Beat”) dão o equilíbrio entre a nômade fora dos padrões, o neurótico e o emocional. Ah, e eles ainda contam com a participação de Ed Sheeran (o ruivinho que canta e aparece em filmes e séries do nada, mas que amamos).
O oitavo e último episódio é sobre o amor velho, ou melhor, o amor depois dos 70 anos. Margot e Kenji se conheceram e se apaixonaram depois de todos os altos e baixos da vida e mostram que o amor velho é diferente, mas, ainda assim igual.
Jane Alexander (“O Chamado”, “Kramer vs Kramer” e “The Good Wife”) e James Saito (“Meu Eterno Talvez”) dão vida a esse casal especial.
Esse último episódio mostra o funeral de Kenji, depois de seu discurso de despedida Margot sai pelas ruas de Nova York, correndo (como fazia com o amado), nesse momento podemos ver as outras histórias mostradas ao longo da série, em momentos diferentes.
Por exemplo, vermos Yasmine e Rob se conhecendo, Joshua passando por Julie e dizendo que havia voltado com Emma, mas vemos Maggie antes de tomar aquela decisão difícil e Tobin e Andy se ajustando a Karla.
Esse fechamento me lembrou muito os filmes estilo mosaico, especialmente “Noite de Ano Novo” e “Idas e Vindas no Amor”, que também se passam na Big Apple. Mas as histórias, no caso de “Modern Love”, só se unem porque estão na mesma cidade, eles não se encontram.
É interessante ver que essa cidade ainda inspira tanta gente, mesmo com todos os lados negativos de ser uma das maiores cidades do mundo, uma selva de pedra, muitos ainda encontram poesia e amor. Mais ainda, essas pessoas fazem com que quem nunca foi até lá (como eu mesma) amar a ideia dela.
E quanto aos relacionamentos modernos, ao amor moderno, é sempre emocionante ver que há vários tipos de amores, que nada é tão finito que não possa ser poético ou que nada é tão complicado que não possa ser traduzido em uma frase.
Até mais!