“Amaré”: curta do Coletivo Queer estreia em São Paulo e celebra o amor nas periferias

No próximo dia 31 de maio (sábado), às 16h, o Museu das Favelas, no centro de São Paulo, será palco da estreia de “Amaré”, novo curta-metragem do Coletivo Queer. A produção propõe uma imersão sensível na vivência do amor entre uma mulher cis e uma mulher trans, tendo como cenário a Represa Billings e o bairro Cantinho do Céu, na Zona Sul da capital paulista.
O filme não apenas destaca afetos dissidentes em contextos periféricos, mas também amplia a presença da diversidade sexual e de gênero no audiovisual brasileiro. Após a estreia, “Amaré” realizará doze sessões gratuitas em bairros periféricos das quatro zonas da cidade, incluindo Jardim São Luís, Capão Redondo, Vila Fanton, Vila Pirajussara, Cidade Tiradentes, Penha e o próprio Cantinho do Céu, democratizando o acesso à arte e à representatividade LGBTQIAP+.
Amor, território e resistência
A trama acompanha a construção da relação entre Lúcia e Safira, duas mulheres que, apesar de suas diferenças, encontram na conexão afetiva uma forma de romper barreiras e ressignificar suas existências. Em um país onde, segundo o LesboCenso Nacional 2023, 79% das mulheres lésbicas já sofreram algum tipo de lesbofobia, amar livremente ainda é, para muitas, um ato de coragem — e um gesto político.
A Represa Billings, com sua geografia envolvente e sua importância social e ambiental, não é apenas pano de fundo: ela é parte ativa da narrativa. A recente implementação do transporte hidroviário na região, por exemplo, simboliza novas conexões e a superação de distâncias — uma metáfora potente para o que se desenha entre as protagonistas.
Produção periférica, protagonismo dissidente
“Amaré” reafirma o compromisso do Coletivo Queer com o cinema independente e com a visibilidade de corpos dissidentes nas telas. A produção utilizou os equipamentos adquiridos por meio do edital VAI II de 2023, fortalecendo a autonomia artística do coletivo e valorizando narrativas periféricas. O Cantinho do Céu, sede do grupo e cenário também de “Vitória Trans”, projeto anterior do coletivo, ganha papel central na trama e é valorizado como espaço de memória, luta e cultura.
Sinopse oficial
Como a água em suas múltiplas formas, o amor tem suas fases, se agita e se transforma. Em meio às águas da Represa Billings, um encontro inesperado mexe com a rotina de Lúcia, ancorada no presente, e de Safira, imersa em sua própria fluidez. O que começa como simples curiosidade se torna um convite ao desconhecido, um sentimento que cresce como ondas em um lago antes calmo. Para se entregar ao fluxo dessa paixão, será preciso deixar o medo se dissolver e permitir que seus corpos possam mergulhar juntos.