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FILMES CRÍTICAS

A Torre Negra: Um Filme Menor do que Poderia Ser

A Torre Negra: Um Filme Menor do que Poderia Ser
  • Publicado em: agosto 24, 2017

O seu ponto de partida era mais do que promissor: a série A Torre Negra [no original: The Dark Tower] de Stephen King. Oito livros, contos e histórias em quadrinhos, que construíram um universo único onde a fantasia, a ficção científica e o faroeste se misturam. A série começou a ser escrita por um escritor ainda iniciante e acompanhou o amadurecimento de Stephen, que corrigiu e reescreveu parte do primeiro livro no início dos anos 2000. Havia e há, nesse universo, um imenso material a ser trabalhado pelos roteiristas.

O elenco escalado para o tinha Matthew McConaughey e Idris Elba, ambos atores competentes. Uma dupla de antagonistas que deveria gerar a tensão necessária para prender a plateia.

O orçamento do filme era de sessenta milhões de dólares, suficiente. Para comparação, La La Land e A Chegada custaram, respectivamente, trinta e quarenta e sete milhões de dólares.

O diretor dinamarquês Nikolaj Arcel tinha experiência como diretor e roteirista. Fez o bom roteiro adaptado, por exemplo, a partir do livro Os Homens que Não Amavam as Mulheres, de Stieg Larsson, para a filmagem dinamarquesa de 2009.

Com tudo isso, era grande a expectativa dos fãs de Stephen King e, ainda maior, daqueles que seguiram e seguem a série a Torre Negra.

Todos estão fadados à frustração.

A verdade é que o filme utiliza, de forma aleatória, elementos do universo da Torre Negra e os “embute” em um roteiro comum e previsível, que na maior parte do tempo parece destinado a um público que recém ingressou na puberdade.

Os personagens são rasos e unidimensionais. Suas motivações são simples. As cenas de ação? Absolutamente comuns. Você sabe o curso que a história seguirá e, nisso, ela não o decepciona – segue o caminho que você imaginou. Não há surpresa; não há criatividade.

No filme, Jake Chambers (Tom Taylor) é um garoto assaltado por visões de um mundo paralelo, a partir da morte do seu pai. O comportamento de Jake fica mais estranho, até a sua mãe resolver interná-lo em uma clínica. A trama evolui e Jake é transportado para o planeta que frequentava as suas visões. O local onde Roland Deschain, o último pistoleiro, caça Walter O’Dim, o homem de preto (versões do homem de preto são recorrente em obras de King). Walter é uma entidade maligna, que tenta destruir a Torre Negra. Ela é a responsável por manter e escuridão e seus demônios afastados dos mundos que estão sob a sua influência e proteção. Para atacar a Torre, Walter usa o poder psíquico (o “toque”) de jovens como Jake.

Antes do lançamento do filme, Nikolaj Arcel concedeu uma entrevista ao The Hollywood Reporter, no qual dizia estar feliz com a liberdade criativa para realizar algo um “pouco mais complexo, um pouco mais misterioso e, até, um pouco mais estranho” em A Torre Negra. O único mistério que remanesce, ao final do filme, é onde está a complexidade que queria ter criado.

Há, contudo, pontos positivos no filme. Matthew McConaughey, Idris Elba e Tom Taylor estão bem em seus papéis. O problema é que o roteiro não os ajuda. Pior. Limita a atuação. Dentro da estrutura simples da história levada às telas, fica claro que fizeram o melhor que podiam. Também há pontos positivos na caracterização dos personagens, na fotografia e algumas das locações, que traduzem bem alguns dos conceitos utilizados no universo de King.

Muito embora meu julgamento crítico possa estar influenciado pela comparação com os dois filmes que assisti antes de A Torre Negra, Dunkirk e Planeta dos Macacos: A Guerra (o primeiro, excelente, o segundo, ótimo), creio que não corro riscos de dizer que a obra de King merecia uma adaptação melhor.

Muito melhor.

https://www.youtube.com/watch?v=LAWqkzySvmc

Data de lançamento: 24 de agosto de 2017 (1h 35min)

Direção: Nikolaj Arcel

Elenco: Idris Elba, Matthew McConaughey, Tom Taylor (IV)

Sinopse: Existem outros mundos além deste. A Torre Negra, de Stephen King, uma das obras mais ambiciosas e expansíveis do autor mundialmente celebrado, faz sua estreia nas telas grandes. O último guerreiro, Roland Deschain (Idris Elba), está preso em uma eterna batalha contra Walter O’Dim – também conhecido como O Homem de Preto (Matthew McConaughey) – e determinado a impedir que este último destrua a Torre Negra, que mantém a união dos mundos. Quando o destino dos mundos está em perigo, bem e mal irão colidir numa batalha decisiva; e Roland é o único que pode proteger a Torre do Homem de Preto.

Written By
Daniel Nonohay

Nasceu em 1973 e mora em Porto Alegre. É casado e pai de duas filhas. Juiz do trabalho, escreveu o seu primeiro romance à mão, em dois cadernos pautados, quando tinha 17 anos. Em 2016, lançou o romance Um Passeio no Jardim da Vingança, pela Editora Novo Século. Publica regularmente outros textos em seu site, www.danielnonohay.com.br. É, também, autor de artigos técnicos, na área do Direito, e políticos que foram publicados em livros, jornais e sites. Organizou livros de coletâneas. É colorado. Atuou como professor e é pós-graduado em Direito do Trabalho, Direito Processual do Trabalho e Direito Previdenciário. Foi Presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho do Rio Grande do Sul. Atualmente, aproveita cada segundo livre para escrever, a sua grande paixão.

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