Se tem algo temido, mas nunca confessado, é ficar na friendzone do crush … Traduzindo, ser sempre o(a) amigo(a), aquela pessoa de confiança, o ombro para chorar, daquela pessoa que você gosta, tem aquela queda.
O filme “Simplesmente Amor”, de 2014, talvez seja um dos que melhor exemplifica essa zona estranha e pouco se fala dele. O longa é dirigido por Christian Ditter e escrito por Juliette Towhidi e Cecila Ahern, está disponível na Amazon Prime Video (catálogo nacional).
Rosie e Alex são amigos de infância, inseparáveis desde os 05 anos. Embora eles realmente fossem amigos, sem segundas intenções conscientes sobre o outro, havia um óbvio clima entre eles. Algo que poderia ter sido concretizado na festa de 18 anos de Rosie, quando, no auge da bebedeira, eles se beijam … mas ela não se lembra e Alex acha que ela não quer lembrar, então o assunto morreria ali.
Mas não morreu ali, na verdade estava bem vivo, como algo não dito.
Como ninguém falou nada e, a cada vez que essa “sombra” aparecia, o humor deles não ajudava, ficavam irritados com a remota ideia, cada um vai para o baile da escola com outras pessoas, mas mantiveram a amizade. É Alex que resgata Rosie quando ela tem uma emergência inconveniente na noite do baile.
Apesar disso tudo eles tinham planos, irem os dois para Boston, ele cursar medicina em Harvard e ela hotelaria na Universidade de Boston. Eles Conseguem entrar nas respectivas universidades, mas Rosie acaba tendo uma surpresa.
Rosie engravida de Greg na noite do baile, o que a faz mudar os planos, mas não conta a Alex, ele segue o plano original achando que a amiga iria se unir a ele em Boston poucos meses depois. Quem sabe esse seria o momento deles ficarem juntos.
E tinha tudo para dar certo, Rosie ia entregar a criança para adoção e voltaria para o plano original, mas ela se apaixonou por Katie desde o momento do parto e decidiu ficar com ela. Ainda sem contar a Alex, talvez por vergonha de não ter dito antes, talvez porque com ele Rosie ainda se sentia aquela menina cheia de possibilidades.
Ele descobre por meio da ex-namorada, Bethany. Assim que fica sabendo faz uma visita a Rosie e conhece Katie, tornando-se o padrinho da menina. Mesmo de longe eles mantiveram a amizade e os laços quase familiares.
Depois de muitos anos, Alex pede a Rosie para o visitar em Boston. Por algumas horas eles voltam a ser os adolescentes festeiros, passam uma noite numa festa de fraternidade, andam pela cidade e Rosie fala como está a vida dela e de Katie. Parecia que dessa vez daria certo, esse era o momento deles.
Ainda não, a lei de Murphy reina na relação deles.
Alex tinha levado Rosie para a festa e para o passeio porque ele precisava de “folga”. Vivia uma vida que poderia ser classificada como sendo de fachada, bem organizada pela noiva, Sally, que, à propósito, estava grávida, mas isso Alex não contou a Rosie. Era bem óbvio para Rosie que o amigo estava perdido ali e tenta o alertar, causando uma discussão, ela volta para Inglaterra e eles deixam de se falar por meses.
Na volta ela tem a brilhante ideia de ligar para Greg, dizer que Katie sempre perguntava pelo pai (o que era verdade). Para a surpresa geral, ele não só responde a carta, como aparece e se torna o pai que ela sempre sonhou para a filha. Eles se reaproximam por causa de Katie e acabam se casando.
Sim, ela convida Alex para o casamento, mas ele não aparece.
O próximo encontro deles não é feliz, foi no funeral do pai dela. Na ocasião ele percebe que Greg não ajuda em nada e tenta alertar, escrevendo uma carta para Rosie. Ela só descobre essa carta meses depois, quando finalmente se divorcia de Greg e ver que ele a ocultou dela.
Aí você pensa: “é agora, eles vão sair da friendzone nesse momento” … tsc tsc, doce inocência.
Pouco antes do encontro no funeral Bethany ressurge na vida de Rosie, que reage bem, apesar da diferença dos rumos da vida, a ex-colega agora é uma top model reconhecida. Bethany solta que estaria em Boston poucos dias depois, então Rosie fala para ela entrar em contato com Alex.
Como a falta de sorte de Rosie não brinca em serviço, ela não só entra em contato com Alex como eles noivam e, no dia que Rosie tenta falar com Alex sobre a carta, quem atende é Bethany, falando do casamento. Ah, detalhe, convidando Rosie para ser o “padrinho” de Alex.
Rosie traça um plano dessa vez, chegar antes do casamento e se declarar para Alex. Ela vai para Boston com a melhor amiga, Ruby, Katie (que agora já tem 12 anos) e o amigo da filha (do mesmo jeito que Alex era dela). Mas eles não chegam a tempo.
O que restou para Rosie foi fazer um emocionado discurso de “padrinho” e deixando entre linhas tudo que queria falar para Alex e, lógico, só ele entende tudo. É aí que ele finalmente entende que Rosie realmente não se lembrava do beijo na festa dos 18 anos.
É nesse casamento que ocorre uma das cenas mais bonitas do filme. O amigo de Katie a beija e ela corre para o terraço, Alex e Rosie a vêm correndo e vão atrás, para saber o aconteceu. A menina disse que não queria que isso acontecesse, eles eram amigos, então Alex tenta consolar falando tudo aquilo que ele queria falar para Rosie.
Estava tudo sobre a mesa, mas não poderia ser feito, agora ele estava casado. Então Rosie volta para a Inglaterra com sua turminha e realiza o sonho da vida, administrar o próprio hotel. Agora ela tinha como porque tinha recebi sua parte da herança do pai e ele sempre a quis ver realizando esse sonho.
No dia da abertura do hotel Alex aparece, sem bagagem da vida. FINALMENTE os dois estavam livres um para o outro, com todas as cartas na mesa. FINALMENTE aquele era o momento deles.
Uma das frases de efeito desse filme é “às vezes o amor certo aparece na hora errada”, eu discordo um pouco. Ao ver toda a peleja deles é possível analisar que eles aprenderam muito e, se não tivessem aparecido os obstáculos que apareceram, eles não seriam que eles se tornaram.
Sim, eles sempre se amaram, tanto como amigos quanto como a mais, é bem claro o ciúme o do outro tanto quanto a vontade de ver o outro realizar suas conquistas. Como amigos eles se ajudaram a enfrentar situações que talvez não tivessem conseguido se fosse um casal, tudo ali foi uma lição de vida, nenhuma hora foi errada.
A vida deles seria diferente se ela tivesse lembrado do beijo, se eles tivessem ido para o baile juntos, se ela não tivesse engravidado, se ela tivesse conseguido estudar em Boston, se ele não tivesse noivado com Sally e depois com Bethany. Mas talvez eles não tivessem se tornando as pessoas que se tornaram, prontos um para o outro, com bagagem do passado e tudo mais.
Mas ainda fica aquela sensação de que precisamos prestar mais atenção a quem nos rodeia, talvez o amor das nossas vidas está ali e nem estamos vendo.
Vai ficar esperando um discurso de padrinho de casamento?
Ok que o noivo é Sam Claflin e o “padrinho” é Lily Collins, mas às vezes nem compensa.
O elenco é bem restrito, dando destaque ao casal principal, que precisa de destaque mesmo. Antes de falar deles, preciso falar da melhor amiga de Rosie, Ruby, porque ela é um elemento essencial, ela é o alívio cômico e a necessária mão amiga da protagonista.
Ruby é vivida por Jaime Winstone, ainda pouco conhecida, embora tenha trabalho em filmes como ”Tomb Raider” (o de 2018) e “Boogie Woogie” (filme de 2009).
Rosie é interpretada por Lily Collins, que já mostrou ser muito além que um sobrenome famoso (ela é filha de Phill Collins) e não só é gostosas comédias românticas como “Simplesmente Acontece”, “Adorável professora” e “Espelho, Espelho Meu”. Ela viveu a célebre Fantine na série “Les Misérables” (2018-2019) e, recentemente, estrelou em “Ted Bundy – A Irresistível Face do Mal” e “Tolkien”.
Alex é vivido por Sam Claflin (e seu sorriso charmoso), também com talento já consolidado e sem nichos. Embora ele tenha cara de comédia romântica, afinal, além de Alex, ele também é o Will Turner de “Como Eu Era Antes de Você” e o Príncipe Encantado em “Branca de Neve e o Caçador”, mas tem outros títulos diferenciados, como eu já falei por aqui, citando-o como um dos vilões de “Peaky Blinders”.
Ah, agora em setembro ele estará em uma das estreias da Netflix, “Enola Holmes”.
Uma curiosidade é que Lily Colins e Sam Claflin teriam trabalhado juntos em “Branca de Neve e o Caçador”, porque Lily fez audição para ser a própria Branca de Neve, mas perdeu para Kristen Stwart. Mas ela acabou se tornando uma Branca de Neve, em outra versão do clássico, lançado no mesmo ano (2012).
Pelo o que me lembro, esse Príncipe Encantado ficou no friendzone da respectiva Branca de Neve … Seria um sinal, querido Sam?
Até mais!