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A nova cara da política brasileira? – “Jornada Improvável”

A nova cara da política brasileira? – “Jornada Improvável”
  • Publicado em: julho 8, 2021

A política brasileira tem uma cara já conhecida, ou melhor, caras. Isso nem sempre é um elogia, aliás, tem cunho pejorativo em quase todas as colocações. Essa mancha faz com que jovens se desestimulem não só do assunto, mas da carreira.

Foi notando esse desestímulo continuado e com vontade de mudar essa cara da política brasileira que Eduardo Mufarej, empresário do ramo financeiro, criou algo que pode ser descrito como revolucionário, o RenovaBR. A jornada de todo projeto foi registrada pelo próprio Eduardo, o que fez nascer a obra “Jornada Improvável”, publicado pela Intrínseca.

O RenovaBR é descrito como uma escola apartidária de democracia, cujo objetivo é ensinar e apoiar o novo sangue da política, ou seja, aquelas pessoas que sonham em concorrer a cargos públicos, mas que não se sentem preparadas, cultural e financeiramente, para isso. A primeira turma foi a de 2019, já com resultados positivos, boa parte da turma não só concorreu a algum cargo (deputado ou senador), como foram eleitos com boas porcentagens.

A escola evoluiu a partir daí. Abriu-se turmas diferentes, uma para os recém-eleitos se situarem em seus cargos e outras para pessoas que desejavam se candidatar para as eleições locais (vereador, prefeito, etc). Também surgiram alguns bons resultados daí, prometendo novos passos a serem tomados.

A ideia inicial surgiu a inquietação de Eduardo sobre a política, uma vez que ele entendeu que esse seria o ponto de mudança para as desigualdades sociais do país. Lógico que isso não surgiu de um dia para o outro, foi de uma vida de experiências e observações em vários setores da economia, dentro e fora do país, sempre pensando nas soluções dos problemas que surgiam.

Talvez por isso o livro se pareça com uma mini biografia do autor, mais do que a história do RenovaBR em si. Ali conhecemos a sua história de vida, as dificuldades de ser um garoto introspectivo, embora sempre muito pacífico, o orgulho que sente de ser filho e neto de educadoras, as possíveis rusgas na relação com o pai, o carinho que sente pelos irmãos, filhos e esposa e, lógico, sua trajetória profissional e contatos importantes. Tudo isso resulta na tal revolução política de sua escola.

Uma passagem interessante foi seu apoio ao Rugby brasileiro. Ele conta que se apaixonou pelo esporte, que ele até pratica, mas não é muito bom, é melhor torcedor do que jogador. Por ser torcedor, ele passou a acompanhar a seleção brasileira de Rugby, percebendo que não era nada profissional, os próprios jogadores sustentavam a estrutura do time, logo, era possível que não tivesse muito futuro.

Eduardo entrou em contato com o técnico da época, fez uma doação inicial e coletou informações, a partir daí ele começou a buscar formas de ajudar a seleção a prosperar. Foi por causa desse incentivo dele que o Brasil começou a marcar presença em eventos do Rugby, ainda não como uma seleção favorita, mas está presente, jogando e ganhando espaço.

Admiro muito essa visão empreendedora de Eduardo Mufarej, bem como a busca dele por soluções, sempre dando o empurrão inicial nessas empreitadas. Entendo a inquietação dele, que não aceitou o clichê de “a política brasileira” não tem jeito, foi lá e deu o seu melhor para que contribuir numa mudança real.

Confesso que ele até me inspirou a ser um pouco mais proativa, mas nossas visões políticas são quase opostas, o que me fez discordar de muitas coisas que foram ditas no livro.

Algo que me incomodou foi o formato do livro que, como comentei antes, parece ser uma mini biografia do autor, sendo que o foco parecia ser o RenovaBR em si. Entendo que a trajetória dele faz parte do projeto e que algumas histórias precisavam ser contadas para que o cenário todo fizesse sentido, mas fiquei um pouco perdida com esse formato.

Enfim, é uma boa reflexão sobre a mudança necessária na política brasileira.

 

Até mais!

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.