Eu ia começar a escrever esse texto dizendo que antes de começar a falar mal desse filme, deveríamos levar em consideração sua origem, mas vi que a direção é dos irmãos Paz e minha narrativa teve que mudar.
Sou sempre a favor de darmos valor ao cinema fora do eixo EUA, pois acabamos com uma nova visão principalmente no terror, como por exemplo, muitos dos filmes coreanos que aqui chamamos de terror, para eles são classificados como drama.
A Lenda de Golem é um filme israelense baseado numa lenda judaica e era por isso que eu iria começar a defender os defeitos, pois não é sempre que vemos um filme desses entrar em circuito, ainda mais depois de 1 ano.
Conheço o trabalho de Doron e Yoav Paz pelo JeruZalem, filme que alias recomendo, numa época que found-footage estava em alta, esse foi um dos poucos que se sobressaiu. A vantagem é que apenas descobri isso quando fui fazer aquela pesquisa básica depois de assistir Golem, porque senão teria ido com algum tipo de expectativa e teria sido tristemente saído decepcionada. Pelo cartaz já não dá para imaginar que esse filme seja bom, mas eu sempre dou chances, porque né, sou fã de Vingador Tóxico e Ataque dos Vermes Malditos, por isso tento sempre evitar meus preconceitos e me forço a ver de tudo.
A Lenda de Golem tem uma bela fotografia, isso não dá para negar, mas os efeitos mal feitos na tentativa de introduzir cenas gore que não funcionaram acaba incomodando bastante. Vi em algum lugar que esse filme prometia ser uma nova A Bruxa, não entendo essa mania até hoje de comparar filmes, ainda mais neste caso que só dá para comparar a época e dizer que o filme do Robert Eggers pelo menos fez seu dever de casa em questão de História e se mantém numa proposta que é a do terror psicológico. Golem tenta ser gore, slasher, colocar um suspense ali, mas acaba se perdendo nas tentativas.
Já começa com várias pessoas mortas e um rabino se aproximando de um gigante de pedra oculto nas sombras, essa cena é cortada e nos levam para um vilarejo onde conhecemos Hanna, nossa protagonista principal. A todo momento eu fiquei esperando para que essa cena fosse encaixada, o que para mim foi um erro. Hanna é mostrada como uma pessoa obcecada inicialmente pelo que parecia ser conhecimento, mas então entendemos que era pelo monstro, o filme não entrega o porque dessa obsessão.
A criatura é criada a partir de um material inanimado e apenas uma pessoa santa seria capaz de invocá-lo. Porém como há vários autores sobre esse ser místico, há aqui uma liberdade de mudança, então na primeira oportunidade, a mulher invoca o ser que por acaso tem o mesmo rosto do seu filho (pelos flashes da personagem fiquei com dúvida se ela o matou ou se ele morreu afogado). Outra coisa que me incomodou demais foi quando a irmã de Hanna perde o filho, falam que ela precisava sair escondida da vila com ela, pois um médico precisava vê-la e ao passar do filme ninguém se lembra mais disso, mas quando uma outra foi morta, a revolta da vila foi bem maior que um bebê que nem nasceu, foi morto.
Sem contar algo que me fez rir muito, o figurino do menino Golem. Por que ele tem uma manga curta e outra longa? Queria ela ser uma estilista? Não agrega em nada isso! Assim como fiquei querendo entender porque ele não foi transformado em pedra, ficou tão ruim assim nos testes e decidiram manter como garoto?
Bom, como eu falei lá no início, devemos incentivar para que as distribuidoras tragam mais produções como essas, são culturas novas, é necessário ampliarmos nossas visões de mundo para que tudo deixe de ser óbvio e assim entender a decisão da cena final ser da forma que foi, no ocidente seria muuuuito difícil ter sido dessa forma, mas sendo sincera, não foi nada fácil aceitar algumas decisões do roteiro, ainda mais agora que eu soube quem são os diretores.
Estreia dia 13/06.