Há algumas situações na vida que a gente precisa deixar a lógica um pouco de lado para poder entender o que mundo quer nos dizer. É com essa filosofia que apresento “Your Name”.
Esse anime de 2017, dirigido e escrito por Makoto Shinkai, transporta-nos e para uma história que é, na exata mesma medida, bizarra e fantástica, confusa e doce, delicada nos detalhes e, não poderia deixar de ser, cômica.
Mitsuha mora em uma cidade pequena no interior do Japão, ela é filha do atual prefeito, com quem não mantém um bom relacionamento (ele também não é bem visto na cidade), mas mora com a avó e a irmã. Elas ainda cultivam costumes antigos japoneses, como a tradicional cerimônia de feitura do sakê.
Mas ela tem grandes planos, quer viver em Tokyo assim que terminar o colégio, quer saber como é ter todo aquele movimento e atrações que só a cidade grande oferece.
Em Tokyo, Taki vive com seu pai, é aluno de uma grande escola, frequenta café (sonho de Mitsuha) e trabalha em um restaurante como garçom. Ele ainda não sabe direito o que quer fazer da vida, mas sabe que precisa fazer alguma coisa.
Esses dois jovens não se conhecem, mas experimentam episódios interessantes. Em determinados dias eles trocam de corpo um com outro. No começo é complicado, eles não entendem o que acontece e quando destrocam não lembram do que aconteceu antes.
Daí eles começam a registrar nos respectivos celulares o que cada um vez enquanto estava no corpo do outro, assim conseguiam se comunicar e enfrentar a situação.
Chega um momento em que as coisas ficam ainda mais estranhas. Taki decide ir até a cidade de Mitsuha, que ele não sabe o nome (nunca lembra), mas sempre a desenha. Ele fica sabendo que a cidade não existe mais, foi alvo de meteoro três anos antes e quase todos os habitantes morreram, incluindo Mitsuha.
Taki percebe que está vivendo uma experiência do passado e não entende qual é a relação que tem com essa menina que já nem está mais viva. Ele lembra da última vez que estava no corpo dela e a avó a levou num tempo, no meio da antiga cratera, era lá que o sakê era curtido e ali era quase um portal entre passado e futuro.
Entre revelações e desespero (ele consegue a avisar que o meteoro matará todos), eles percebem que o que os relaciona é uma fita vermelha, trançada por Mitsuha (outra tradição que avó mantinha viva) e usada por ela em seu cabelo.
Taki usa uma fita dessas no pulso, mas nem lembra como a adquiriu ou porque a usa. O que ele não lembra é que Mitsuha foi em busca dele em Tokyo anos antes (quando ela teve os episódios), encontrou-o dentro do trem, mas ele não havia começado a trocar de corpo com ela. Ela fica arrasada, mas deixa a fita para que, de alguma forma, ele se lembre.
Em meio a essa loucura, Taki e Mitsuha conseguem mudar o passado, fazendo com que a cidade fosse evacuada no dia da chuva de meteoros e salvando boa parte dos habitantes. Mas a cidade não existe mais.
Anos depois, quando Taki só se lembra que teve uma viagem muito louca para o interior, ele tem aquela sensação que está sempre a procura de algo, mas não sabe o que é. Mitsuha, que sobreviveu e agora vive em Tokyo, tem essa mesma sensação. Os dois se cruzam na estação de trem, não lembram de absolutamente nada, mas sabem que estão ligados por alguma força do universo.
Esse anime é fácil de entender? De forma alguma! Precisa está prestando atenção a cada detalhe dele, cada fala, cada movimento, porque senão você se perde na história.
Vale a pena esse esforço todo? Com toda a certeza!
Consegue ser bem confuso, como sempre ocorre em filmes que misturam passado com presente, mas história contada é muito linda. A cultura japonesa tem alguns ensinamentos muito interessantes, “Your Name” traz a história do trançado, uma alegoria para falar das ligações humanas que, por vezes, não sabemos explicar.
É desses filmes que começa parecendo bobinho, uma historinha de amor típica, clichê, mas que todos amam assistir, aí depois tem a reviravolta. Você começa a se apegar pelos personagens, chega às lágrimas quando fica sabendo da morte de Mitsuha (tipo: “para que tanto esforço se ela morreu?), torce para que ele consiga a ajudar a mudar o passado, fica na expectativa que eles se reconheçam e se lembrem de tudo.
Enfim, uma montanha russa muito doce e engraçada. Os momentos de troca de corpo são o ponto alto da primeira parte (o filme se divide em três partes: versão dela, versão dele e conclusão).
É aquele anime que agrada até quem não gosta muito de anime, tipo esta que vos fala. Eu não sou grande fã do gênero, conheço só os que a “Tv Globinho” apresentava, tipo “Pokemón” (esse era do “Bom Dia e Cia” do SBT), “Dragon Ball Z”, “Digimon”, “Sakura” (melhor desenho da vida e eu já tive esse apelido) e “Hamtaro” (se duvidar ainda canto a música), mas não sou muito de ir atrás de outros filmes mesmo.
“Your Name” fica na minha lista de favoritos e recomendo a todos que querem suspirar e ficar com vontade de comer aquelas comidas bem desenhadas de anime.
Beijinhos e até mais.