Maurício Manieri – Classics Super Hits – Araújo Vianna

O paulista Maurício Manieri surgiu para o mundo da música mainstream em 1998 com o disco A Noite Inteira. Com uma potente voz rouca, fazia uma mistura popular de funk e soul com muito ritmo, perfeito para as pistas de dança. Minha Menina chegou a ser música de novela e transformou Maurício em artista de renome nacional. Outros sucessos como Bem Querer, Pensando em Você, Te Quero Tanto, seu cover All Night Long ou A Noite Inteira, de Lionel Ritchie, e uma versão de Telefone, de Tim Maia, fizeram do disco uma pequena joia popular que tocou muito em 1999, além de ter vendido centenas de milhares de cópias. Mas como surgiu, Maurício sumiu por um bom tempo, se dedicando a jingles publicitários, até ter sua carreira ressuscitada num projeto Classics. No ano de 2019 resolveu mudar a estampa, e como num grande espetáculo, toca clássicos da música popular. Veio a pandemia, a tour deu uma recuada forçada, mas nos últimos anos, Maurício voltou em formato de big band pop, com direito a backing vocals, naipe de metais, banda de apoio, sempre bem becado, em um cenário de muita luz, telões e cores, no melhor estilo Las Vegas. E foi nesse clima que Maurício Manieri, reinventando a carreira, trouxe para o Araújo Vianna sexta passada o show Classic Super Hits.

Mesmo sendo uma sexta-feira pós feriado da consciência negra, um público excelente se fez presente no auditório para conferir a viagem no tempo em clássicos românticos e hits atemporais que Manieri promete. E as 21h30min em ponto entra a banda numa elegância pura, com duas backing vocais com cintilantes vestidos, em um palco com um telão muito colorido. Maurício Manieri chega ao palco esbanjando simpatia com um terno violeta e preto com aquela clima Elvis na fase dos shows de Las Vegas. Kitsch, cafona ou brega? Pode até ser, mas muito competente e divertido. Maurício já começa o show com uma emocionante Angels, de Robbie William. Agradece a plateia e ataca de música própria, Bem Querer, do disco de 1998, que o fez tornar-se um ídolo nacional. E daí em diante era só musicão, com Easy Lover (Genesis), Cheia de Charme (Guilherme Arantes) e All Night Long, do Lionel Ritchie. Um show agradável recheado de hits. Destaque pro guitarrista, que além de talento era só sorriso, dançando e esmerilhando nos solos. E o naipe de metais e suas coreografias ensaiadas. 

Teve Eva (Rádio Táxi), ele conseguiu desabafar Classic, sucesso que dá nome à turnê, de Adrian Gurvitz, e sucesso de rádios flash back. Relembra sua fase soul com sua música Pensando em Você e segue com seu cover de Primavera, do síndico Tim Maia. Um dos momentos mais bonitos é quando toca Purple Rain, o clássico de Prince, além de emocionar com sua voz rouca, o guitarrista da banda rouba a cena, executando o lindo solo da canção. 

Classics do Manieri é aquele show que diverte, faz a galera cantar, dançar junto e se soltar sem compromisso com sucessos como Cose Della Vita (Eros Ramazzotti), Have You Ever Seen The Rain (Creedence), Corazón Partío (Alejandro Sanz), mostrando toda a versatilidade do artista Maurício Manieri. Ele relembra a infância com Rock And Roll Lullaby (B. J. Thomas) e lembra do pai num momento de tocar a alma cantando o estandarte do Rei Roberto, Emoções. 

Depois de cair aquela lágrima quente da plateia, vai ao piano e brinca com Coringa, o saxofonista que toca trechos de músicas no sax e manda ver num Careless Whispers, do George Michael. Maurício avisa a galera que vai chamar mulheres da plateia para dançar com ele no palco. Promessa cumprida com duas sortudas que bailam com ele ao som de Glory Of Love (Peter Cetera) e Eu Juro (Leandro e Leonardo). Eis que surge uma mulher de vermelho para dançar Lady In Red. O cantor, em perfeita sintonia, no final acaba beijando-a, e logo explica que ela é sua esposa, que se apresenta para o público gaúcho, sob aplausos. Então ataca de música própria, sim, ele tem algumas dele no show, como Se Quer Saber e depois manda a balada I Want Know What Love Is, do Foreigner. Manieri vai para o piano, onde nos apresenta uma tocante interpretação de Always On My Mind, que ficou famosa na voz de outro Rei, o Elvis, se mantém sentado na frente do instrumento e faz uma seleção de versões intimistas, incluindo Coleção (Cassiano), Falando Sério (Roberto Carlos) e fecha com uma inusitada É Tarde Demais, do Raça Negra, em formato surpreendente. Segue o baile com Inesquecível (Laura Pausini), antes de pedir pro povo ficar de pé pro bailão do Maurício, tocando as animadas Wake Me Up Before You Go-Go (Wham), o seu maior sucesso, Minha Menina, com direito a passinhos dele com a galera da banda. Ainda teve Caça e Caçador, do Fábio Jr., Love Is In The Air, do Paul Young, Can’t Take My Eyes Off You (Frankie Valli) e um apoteótico final com Time Of My Life, trilha do clássico Dirty Dancing, de 1987, encerrando o show com Rick Astley com Never Gonna Give You Up, com direito a caras e bocas dele no telão, num final super alto astral.

Existem shows que a galera vai venerar o artista, outros apenas contemplar e admirar, algumas se divertir com seu ídolo, mas o barato do show Classics do Maurício Manieri que mesmo com todo o exagero de cores, figurino, geleia geral de repertório, o show é pura diversão, a gente sai leve, com sorriso no rosto e feliz que um artista pode se reinventar e alegrar até quem não o conhece direito, um show de simpatia e energia num dos shows mais descontraídos que assisti no ano, sem sombra de dúvidas.

Crédito das fotos: Vívian Carravetta