Após 25 anos do primeiro Pânico, 10 anos do último e 6 anos da morte de Wes Craven, temos o renascimento da franquia que por muitos anos foi injustiçada por boa parte dos fãs do gênero.
Falo em tempo aqui porque tempo é o que mais gira em torno sobre esse novo filme.
Eu tinha 11 anos quando assisti pela primeira vez Drew Barrymore escutar do outro lado da linha: “Qual o seu filme de terror favorito?”. Nessa época eu não fazia ideia de quem eram os atores e muito menos a quantidade de homenagens e criticas realizadas dentro do filme.
Algo que acaba sendo comentado em como “Stab” (ou “Facada” – filme criado dentro do Pânico) marcou uma geração de crianças que aos 10 anos tiveram o primeiro contato com um filme de terror. Pânico pode se dizer que foi meu segundo filme de terror sem meus traumas de infância, trauma criado coincidentemente pelo Wes Craven em “A Hora do Pesadelo”.
O que torna este texto completamente pessoal e nostálgico para eu fugir de contar spoilers aqui, e assim eu conseguirei falar sobre a importância que a franquia trouxe para uma geração e como esse novo está BOM PRA CARALHO.
Quando percebi que a estreia estava próxima, decidi maratonar todos, menos a série, até porque nem lembrava quando tinha sido a última vez que tinha assistido algum deles.
O primeiro é uma obra prima que veio em uma época onde os filmes estavam saturados e o gênero já não recebia mais tanta atenção como nos anos 80.
O segundo envelheceu muito bem e traz criticas pontuais que ainda são discutidas até hoje.
O terceiro era o que eu menos lembrava e soube recentemente que teve diversos problemas na produção, o que fez sentido para ter sido tão criticado em 2000 quando estreiou, mas vendo hoje tem seus pontos positivos.
O quarto eu lembrava de ter gostado quando foi lançado, mas hoje só achei interessante do meio para o final, destaque para Emma Roberts com uma atuação sensacional.
Agora e esse mais novo sem a presença do criador, a mente que mudou toda uma geração de slashers, conseguiria manter um legado ou seria apenas mais um caça níquel?
Pânico 5 é uma ode, uma homenagem aos fãs da franquia, mas o mais importante é ser uma homenagem ao próprio Wes Craven. Claro que há uma cutucada, ou melhor – facada, aos fãs do gênero que se acham no direito de serem maiores que as obras e criticam seus criadores de forma pessoal como se o tempo não permitisse releituras e mudanças. E não gostar de algo está tudo bem também gente.
Pânico não é um remake, é uma nova percepção de continuidade e mantém a essência original de discutir o próprio gênero. É usar do cliché de forma inteligente e se aproveitar dele para trazer novas surpresas.
Pânico 5 me deixou feliz com o resultado e olha que eu estava com expectativas bem altas.
Saquei fácil quem era Ghostface, foi o único da franquia que consegui identificar e mesmo com os momentos que tentam enganar, porém nesse caso não é um comentário negativo, deixarei a discussão para onde spoilers serão contados.
Esse traz um reflexão de como a sociedade tem agido e provoca até a própria franquia em trazer mudanças, mas mudanças válidas para que não caiam no comodismo da nova leva de filmes que vem chegando, alguns até com um gosto duvidoso.
Mesmo seguindo o mesmo roteiro de alguém fantasiado como Ghostface que sai matando todo mundo que esteja relacionado aos primeiros eventos em Woodsboro e Sidney Prescott, o novo Pânico consegue ser até um pouco emotivo ao lembrarmos que já se passaram 25 anos do primeiro filme e isso também faz com que esse provavelmente seja mais profundo que os outros. Além de ser um reflexo da nossa época.
James Vanderbilt, Guy Busick, Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett fizeram um ótimo trabalho protegendo esse legado e revigorando a franquia.
Vale citar aqui que os 4 estavam envolvidos com Casamento Sangrento (Ready or Not) que é bem legal.
Sai feliz do cinema imaginando que se estivesse nas mãos do Wes Craven teria sido feito do mesmo jeito, talvez com a Sidney Prescott manifestando superpoderes dentro de um manicômio e Wes fazendo mais um ponta como médico chamado Pluto, quem sabe. O senhor tinha uma ideias as vezes que até ele mesmo duvidava.
O fato é que vale muito a pena ser visto.