A curiosidade das crianças é o que as motiva para conhecer novas pessoas e viver aventuras, essa é a matéria prima para boa parte dos filmes destinados para esse público. Imagina misturar monstros do mar e o sonho de ter uma Vespa … Estranho?
Se você assistir “Luca” não vai achar nada estranho!
Essa é a mais nova animação da Pixar, dirigida por Enrico Casarosa, que também participou do desenvolvimento da história, ao lado de Simon Stephenson e Jesse Andrews. Andrews assina o roteiro final, ao lado de Mike Jones. O filme acaba de estrear, de forma exclusiva, na Disney+.
A trama começa no mar, mostrando que os humanos têm medo dos supostos monstros do mar, que realmente existem, mas com medo recíproco dos humanos (monstros da terra). Na família de Luca esse medo é representado pela superproteção de sua mãe, Daniela, que não quer nem ouvir falar da superfície, em contraste à tranquilidade do pai, Lorenzo, sobre todo e qualquer assunto.
Luca tem a sua curiosidade e a cobertura da avó, que já viveu suas aventuras na superfície um dia (e, aparentemente, recomenda), para conhecer mais sobre as coisas humanas. Mas essa curiosidade foi despertada só no dia em que ele encontrou alguns “tesouros” humanos nos pastos de seus peixes.
Ele descobre que os tais tesouros já têm dono, são de Alberto, um jovem monstro do mar que vive na superfície e coleciona coisas de humanos. Aliás, Alberto se acha um expert em coisas de humano, incentivando Luca a conhecer a superfície e viver algumas aventuras (escondido da família).
Ora, Luca nuca tinha saído de perto dos pais, passou a vida ouvindo que os humanos eram terríveis, mas estava encantado com a liberdade de Alberto e as coisas dos humanos. Depois de certa luta interna, ele aceitou passar algumas horas lá em cima, transformando-se em humano quando secava (algo que acontece com todos os monstros do mar).
Chegando ao local onde Alberto vive Luca descobre um dos grandes sonhos do novo amigo, a Vespa!
O filme de passa na costa italiana, em meados dos anos de 1980, momento em que a Vespa era a sensação entre os jovens, ilustrando cartazes publicitário, um deles estava na parede de Alberto.
Eles acharam que conseguiriam construir uma moto a partir dos tesouros de Alberto, mas as tentativas falharam. Isso representou muitos dias de escapadinhas dos afazeres familiares, o que levantou suspeitas nos pais de Luca, eles viram o perigo que o filho corria e combinaram de mandá-lo morar com um tio, nas profundezas marinhas.
Luca volta mais uma vez à superfície, avisar Alberto do que estava acontecendo e se despedir do amigo. Mas as coisas não poderiam terminar assim, então Alberto sugere que eles atravessem o mar e fujam para a cidade dos humanos, lá deveria ter muitas Vespas para eles, era só pegar uma e viajar o mundo.
Chegando lá as coisas não foram exatamente assim, o parco conhecimento sobre o mundo humano que Alberto esbanjava se perdeu em uma vila cheia de crianças e uma corrida anual para acontecer, e só uma Vespa, a de Ercole, que sempre vencia a tal corrida. Ercole tanta intimidar os garotos, mas eles logo ganham uma defensora, Giulia, uma menina que sempre tenta vencer a corrida para baixar o ego do outro lá, mas nunca conseguiu.
Alberto e Luca vão conhecendo as coisas dos humanos com Giulia e o pai dela, Massimo, tentando ao máximo esconderem suas origens (o que significava nunca se molharem). Isso porque a ilha e o próprio Massimo viviam da pesca e das lendas do mar, um dos grandes objetivos da vida dele era capturar um monstro do mar.
Ah, nessa confusão, os pais de Luca também vão a vila e tentam reconhecer o filho em meio às crianças. Além disso, Luca descobre que quer conhecer mais do mundo, por causa dos livros que Giulia mostra a ele, enquanto Alberto ver em Massimo um pai que há muito precisava.
Como em toda animação desse gênero, alguns detalhes serviram de alegoria para contar essa história, começando pelo medo mútuo entre humanos e criaturas marinhas, especialmente por não se conheceram o suficiente para verem os respectivos lados positivos.
A liberdade de Alberto é uma triste realidade de um garoto abandonado pelo pai, que teve que criar a própria sorte, a própria sobrevivência, o que gerou certa arrogância em um momento e, depois, a necessidade de criar laços (com Luca e Massimo, principalmente).
Para superar seus medos Alberto cria a filosofia do “Silenzio Bruno”, ou “silêncio, Bruno”. Basicamente é uma forma de calar os medos que te impedem de tentar algo novo, uma aventura, por exemplo. Quem é Bruno? Ninguém sabe, talvez ele tenha nomeado a voz interna dele, ainda assim, não é uma filosofia ruim!
Foi impossível para mim não lembrar de “A Pequena Sereia” durante esse filme, justamente pela curiosidade e pelo encantamento que Luca sentia com as coisas humanas, contrastando com as histórias que lhe são contadas pela família. O lado bom é que ele pode se transformar em humano sem ter que fazer um pacto com Úrsula (embora ele tenha tido que fugir do tio estranho).
Também me lembrei um pouco de “A Forma da Água”, por causa da aparência dos monstros do mar, o que faria sentido porque as duas histórias falam de criaturas marinhas que são perseguidas por humanos. Mas não seu se nenhum desses filmes serviu como referência, foram impressões minhas.
O elenco de vozes originais conta com: Jacob Tremblay (“O Quarto de Jack” e “Extraordinário”) como Luca; Jack Dylan Grazer (“It – A Coisa” 1 e 2); Emma Berman como Giulia; Saverio Raimondo como Ercole; Maya Rudolph (“Missão: Madrinha de Casamento”, “The Good Place”, “Gente Grande”) como Daniela, mãe de Luca; Marco Barricelli como Massimo; Jim Gaffigan (“The ‘70s Show”, “De Repente 30”, “Hotel Transylvania 3”) como Lorenzo, o pai de Luca; Sandy Martin (“It’s Always Sanny in Philadelphia”, “Dumbo”) como a avó de Luca; Giacomo Gianniotti (“Reign” e “Grey’s Anatomy”) como um jovem pescador com medo de monstros do mar; e Sacha Baron Cohen (“Borat”, “Madagascar”, “Sweeney Todd”, “A Invenção de Hugo Cabret”, “Os 07 de Chicago”) como o tio estranho de Luca, Ugo, que vivi nas profundezas do mar.
Detalhe: a Disney e a Pixar aprenderam bem com a Marvel, em “Luca” tem cena pós-crédito!
Até mais.