Fui a uma sessão de Como Eu Era Antes de Você em Nova York no dia 1 de junho e, para minha surpresa, me deparei com uma manifestação pessoas com deficiência em frente ao cinema. Ao chegar mais perto, notei que o alvo do protesto era justamente este filme!
Os manifestantes seguravam cartazes, distribuíam panfletos e pediam para que não assistíssemos a este filme. Eles argumentavam que tanto o filme quanto o livro no qual se baseia retrata pessoas com deficiência de maneira preconceituosa, como se fosse estivesse sendo propagado que a vida de tetraplégicos não tem sentido. Para entender melhor o protesto, é preciso saber o que acontece no filme.
Adaptado por Jojo Moyes, mesma autora do livro, Como Eu Era Antes de Você conta a história de Will Traynor (Sam Claflin), um jovem bilionário que fica tetraplégico após um acidente. Alguns anos se passam e sua mãe decide contratar Louisa Clark (Emilia Clarke) para auxiliá-lo por seis meses. Não se trata propriamente de cuidados médicos ou higiênicos – há um enfermeiro contratado especialmente para isso. A função de Lou, não muito clara no início, é mais para tentar animá-lo.
Até então, não há muito motivo para protestos. O grupo fora do cinema, integrantes da organização “Not Dead Yet” (Ainda Não Morremos, em tradução livre), se irrita com o que acontece mais ao final do filme. Portanto, já fica o alerta de que haverá SPOILERS nos próximos três parágrafos.
Will decide que não quer mais viver dessa maneira e, assim, irá a uma clínica na Suíça especializada em suicídio assistido. Louisa, assim como os pais dele, tenta convencê-lo de que vale a pena viver, mas não consegue alterar sua decisão de morrer. E é isso que vem sendo alvo de críticas acirradas.
O panfleto que eu recebi diz que o filme mostra a morte como uma saída “honrosa” a pessoas com deficiência e que, após morrerem, não seriam mais “um peso” para os outros. Também usam a hashtag #MeBeforeEuthanasia (Eu Antes da Eutanásia).
É compreensível que pessoas com deficiência sejam contra qualquer tipo de suicídio assistido. No entanto, após assistir ao filme, não acho que seja uma propaganda aberta a favor da eutanásia. Entendo que fica claro que é uma decisão exclusiva do Will, sendo que todos a sua volta tentam convencê-lo de que ele pode viver plenamente e ser amado mesmo em uma cadeira de rodas. Foi uma escolha dele e não acho que tenha havido uma generalização.
Dito tudo isto, o filme propriamente dito consegue ter momentos cômicos e muito romance, seguindo a linha de Um Amor para Recordar (A Walk to Remember – 2002) e A Culpa É das Estrelas (The Fault in Our Stars – 2014). Emília Clarke está ótima como Louisa, fazendo caras e bocas e usando o figurino inusitado da personagem. Sam Claflin também agrada como Will e o casal funciona bem, na minha opinião.
Há uma cena em que os dois vão a um concerto que me lembrou muito a cena de Uma Linda Mulher em que os personagens de Richard Gere e Julia Roberts vão à ópera por vários motivos: Louisa nunca tinha ido a um concerto de música clássica antes e se emociona, Will fica muito feliz ao vê-la assim e ela está usando um vestido vermelho!
Para quem gosta deste tipo de filme é um prato cheio! Vale a pena assistir. Aviso aos que se emocionam no cinema: ouvi muita gente chorando na sessão de quarta-feira…