Nossas prioridades devem ser traçadas para que nossos objetivos sejam alcançados, mas a vida acontece, às vezes você precisa reavaliar e mudar toda sua lista de prioridades.
Para Lisa isso foi necessário e até natural quando se viu na necessidade de cuidar de seu irmão gêmeo, Sven, no filme “Minha Irmã”.
Esse longa suíço, cujo título original é “Schwestrlein”, é dirigido e escrito por Stéphanie Chuat e Véronique Reymond, foi um dos destaques na 44ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e é o representante suíço para o Oscar de 2021.
O elenco é formado por Nina Hoss (Lisa), Lars Eidinger (Sven), Marthe Keller (Kathy – a mãe), Jens Albinus (Martin), dentre outros.
Hoje, dia 28 de janeiro, ele chega ao circuito de cinemas brasileiros, com distribuição da A2 Filmes, e o NoSet teve acesso exclusivo.
Sven e Lisa são artistas nascidos e criados em Berlim, ele um ator de teatro aclamado e ela uma escritora de peças com carreira promissora. Mas a vida e o sucesso deles dá uma revirada quando Sven é diagnosticado com câncer e precisa de atenção especial, algo que só Lisa poderia dar a ele.
Durante todo o tratamento ele contou com ela, não seria diferente em sua recuperação. Sven tem a esperança de voltar aos palcos quando consegue um transplante de medula óssea, então, assim que recebe alta do hospital, vai ao teatro em que se tornou estrela e conversa com o diretor.
Lisa ajuda a convencer o diretor a aceitar Sven, mas ele é resistente, lembra que o ator ainda está muito debilitado e a peça dura 3h. Tudo que ela consegue é uma promessa do diretor, que poderá repensar sua decisão depois que Sven descansar por um mês.
Esse descanso deveria ser na casa da mãe deles, em Berlim, mas depois de uma noite conturbada Lisa ver que não será possível, então leva o irmão para Suíça, onde vive com o marido, Martin, e os dois filhos, que amam o tio e estão ansiosos para o ver novamente.
Nesse período Sven se agarra à esperança de voltar aos palcos, é o que lhe dá forças para continuar, mas quando recebe a notícia que a não iria voltar, porque o diretor teve que investir em outra peça e ele não poderia contar com um ator ainda debilitado, ele se perde completamente.
O delicado estado de saúde de Sven se agrava depois disso, voltando a ser internado e descobrindo que o transplante não surtiu os efeitos esperados, então ele teria que voltar a fazer quimioterapia.
Isso tudo já é grave o suficiente para Lisa, mas ela tem que enfrentar dois desafios pessoais, o fato de não conseguir mais escrever como antes e a relação com Martin, que está dependendo de uma decisão profissional.
Martin é o diretor de um internato, foi isso o fez levar a família para Suíça, mas só fez isso porque seria por um curto período de tempo, mas agora os chefes querem estender o contrato. Mas Lisa quer voltar para Berlim, ela alega que a culpa da sua falta de criatividade para escrever é o lugar onde está.
Enquanto ela está no hospital com Sven, já na recaída, Martin decide ficar na Suíça, o que a faz decidir acabar com o casamento. Entre isso e a decisão de Sven de não voltar a fazer tratamentos, Lisa pega o irmão e os filhos e vai para Berlim, na esperança que o irmão volte a ter saúde e aos palcos.
Ela luta incansavelmente para que isso aconteça, mas tudo que Sven quer é que ela volte a escrever, então ela o promete escrever um monólogo para ele, na verdade, um diálogo entre irmãos, baseado na fábula de João e Maria (que no original é Hansel e Gretel).
A última noite dele é ouvindo Lisa digitar freneticamente no computar, finalizando o monólogo.
Ah, o filme é suíço, mas o idioma que predomina é o alemão.
É uma obra muito intimista, com ritmo mais lento e com veia extremamente dramática, o final é mais poético do que estamos acostumados (em filmes comerciais), não tem mocinhos e vilões, nem atitudes certas ou erradas, é uma história muito real para ter esse tipo de dicotomia.
Ao ver a história de fora podemos julgar errado Lisa ter abandonado seus próprios objetivos para cuidar do irmão e acompanhar o marido, mas também podemos a ver um tanto quanto egoísta quando bate o pé dizendo que precisaria voltar para Berlim para poder escrever.
Contudo, vemos uma pessoa complemente ligada ao irmão, alguém sempre estava ao seu lado, e precisava o ajudar, fosse nos tratamentos, fosse na esperança de voltar a ser o ator que costumava ser, a pessoa que costumava ser. As atitudes dela são definidas a partir dessa relação.
Como julgar as atitudes de alguém que simplesmente quer fazer o melhor para quem sempre lhe fez o melhor? E é por isso que esse longa é extremamente real!
Título Original: My Little Sister | Schwesterlein
Direção: Stéphanie Chuat, Véronique Reymond
Roteiro: Stéphanie Chuat, Véronique Reymond
Elenco: Nina Hoss, Lars Eidinger, Marthe Keller, Jens Albinus, Thomas Ostermeier
Distribuição: A2 Filmes
Sinopse: Lisa desistiu de suas ambições como dramaturga em Berlim e se mudou para a Suíça com os filhos e o marido, que dirige uma escola internacional lá. Quando seu irmão gêmeo Sven, um ator que é estrela do teatro em Berlim, adoece com leucemia, Lisa retorna à capital alemã.
Até mais.