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Papai Noel pode ser uma garota? – “Noelle”

Papai Noel pode ser uma garota? – “Noelle”
  • Publicado em: dezembro 15, 2020

A visão clássica do Papai Noel é algo que já está definida há muito tempo, diria até que há muitos séculos … Será que tem como mudar essa visão? Será que essa figura tão marcante poderia ser uma garota?

O longa “Noelle”, original e exclusivo da Disney+, dirigido e escrito por Marc Lawrence, mostra essa nova perspectiva.

Lá no Polo Norte, na vila do Papai Noel, onde é Natal e inverno o ano inteiro, vive a família Kringle, que é a linhagem direta do próprio Papai Noel. Em outras palavras, os homens da linhagem principal dessa família se tornarão, eventualmente o Papai Noel.

O Papai Noel vez era pai de Nick e Noelle. Ele nunca quis muito o posto para o qual estava destinado, ela não sabia onde se encaixava naquilo tudo, sendo convencida que seu papel sempre seria o de contagiar a todos com o espírito de Natal.

Quando esse patriarca morreu, seis meses antes do Natal acontecer, Nick teve que intensificar o seu treinamento, mas nada fez efeito, ele claramente não tinha jeito para aquilo. A semana do Natal chegou e, faltando alguns dias para a grande noite, Nick desabafa com a irmã, dizendo que não era aquilo que ele queria.

A resposta de Noelle foi um conselho, tirar o final de semana de descanso, assim, quando voltasse, tudo daria certo, ele se sentiria mais descansado e preparado. Ela até mencionou alguns lugares que viu por meio das revistas que o pai trazia junto com os presentes de Natal.

Nick viu e decidiu ir para Phoenix, no Arizona, EUA, só que não tinha planos de voltar. Quando o conselho de Elfos percebe a falta de Nick tão perto do Natal e o erro de Noelle, ela decide reparar indo atrás do irmão nessa cidade.

O plano um tanto quanto mal feito, como a elfo “babá”, Polly, mencionou ao tentar convencer de não ir. Primeiro que ela estava fazendo aquilo pelos motivos errados, era para reparar os próprios erros, não salvar o Natal, depois tinha algo mais prático, Noelle se transformou em uma princesa mimada, não sabia se virar sozinha, sem a influência da família nem na própria vila, quem dirá numa cidade totalmente diferente.

Mas ela foi mesmo assim, com Poly do lado.

Enquanto isso o primo dela, Gabriel é eleito como o Papai Noel, por causa da vacância do cargo. Ele não era a pessoa indicada, era chefe da equipe de tecnologia, completamente prático e só pensava em formas de mecanizar o processo natalino, chegando ao ponto de reduzir o número de crianças boas para menos de 3.000 no mundo inteiro.

Noelle e Polly tinha uma missão e tanto em Phoenix, mas pouco sabiam como se portar naquele lugar onde tudo era “real”, completamente diferente do espírito natalino da vila do Papai Noel. Felizmente elas pousaram o trenó em um shopping, onde as renas se tornaram atração principal e elas receberam certa ajuda da gerente de lá.

Enquanto Polly prestava atenção para as renas não se tornarem insuportavelmente estrelas, com toda atenção que estavam recebendo, Noelle foi procurar Nick, completamente perdida com a cidade e se destacando pelas roupas de frio em uma cidade que, mesmo no inverno, é quente.

Não encontrou Nick, mas encontrou um detetive particular, Jake Hapman. Ela descreveu o irmão e a situação, tentando ao máximo não falar quem eles eram de verdade. Jake relutou um pouco, mas aceitou o caso.

Jake tinha suas próprias preocupações, aquele seria o primeiro Natal que passaria sem o filho, Alex, já que seria o primeiro depois de ter se divorciado da mãe do menino. Aceitar o caso de Noelle parecia insanidade, ela sequer sabia o que era dinheiro de “verdade”, quis pagar o serviço com moedas de ouro recheadas de chocolate. Ainda assim, ele conseguiu notícias de Nick.

Nick agora era um instrutor de Yoga e havia se encontrado naquilo, nem passava na cabeça dele poder ser o Papai Noel. Foi preciso Noelle mostrar a atual situação, a causada por Gabriel, e parasse numa clínica psiquiátrica para que ele entendesse a importância de voltar para a vila e tomar o posto de volta.

Aliás, foi só por isso também que Jake voltou a acreditar no Natal, ele ajudou a fuga de Noelle do hospital.

Chegando à vila, Noelle, Nick e Polly foram direto para a assembleia que estava ocorrendo, cuja pauta era saber como entregar os presentes, dentre tantos outros problemas. O testemunho de Nick não foi em favor dele mesmo, mas sim em favor da irmã, era ela quem merecia ser o próprio Papai Noel, sendo a primeira mulher a ocupar o posto.

Ao longo da missão de Noelle em Phoenix mostraram que isso era verdade, como ela saber dirigir o trenó, mesmo com alguma dificuldade, falar qualquer língua e saber exatamente quem fora uma criança boa ou má só de a olhar.

Um detalhe de nomenclatura e tradução faz parte do sentido se perder. Em inglês Papai Noel é Santa Claus, um nome que pode ser neutro quanto ao gênero, logo, embora fosse estranho por causa da tradição milenar, seria totalmente possível acreditar que Santa Claus fosse uma garota.

De toda forma, o filme parece ser bobinho, mas ele vai além de tradição natalina e comédia romântica, fala sobre uma relação entre irmãos que parecia harmoniosa, mas era baseado em suposições e, possivelmente, inveja dos papeis de cada um dentro da família.

Noelle sempre foi colocada como uma personagem secundária, o único papel dela era ajudar o irmão a ser o Papai Noel, algo que ele simplesmente não queria e sabia disso desde quando era pequeno. Ela tinha todo o potencial, mas essa sensação de viver sem bússola a tornou fútil, até o momento que ela pode fazer algo que realmente ajudasse o próximo.

Ela passou a entender que o Natal via muito além de ganhar presentes e fazer cartões temáticos, que seria muito mais significativo presentear, algumas vezes nem era com coisas materiais, mas a presença do pai na ceia, como Alex queria que Jake fizesse.

Ah, como bom filme da Disney, o mascote de Noelle chamou atenção desde o início, era uma jovem rena, ainda desengonçada e que deveria chegar quando ela cantarolasse certa melodia, tipo os pássaros de Branca de Neve e Cinderella.

À propósito, a melodia usada é justamente a música tema da Cinderella do musical “Caminhos da Floresta”, vivida pela mesma atriz que deu vida a encantadora Noelle, Anna Kendrick.

Se tem alguém que conseguiu se sair melhor depois do filme debut, esse alguém é Anna Kemdrick. Ela fez um dos papeis secundários da saga “Crepúsculo”, num era nem vampira nem lobisomem, mas desde então tem se destacado em filmes de diversos gênero, especialmente em musicais, como a triologia “A Escolha Perfeita” e “Caminhos da Floresta”.

Estava só faltando uma comédia romântica desse estilo para ela se tornar ainda mais aclamada.

Antes de falar do resto do elenco preciso apontar um detalhe importante sobre o quesito “romance” no filme … Diferentemente de filmes sobre Natal desse estilo, não há exatamente um casal principal, embora dê para ver um clima entre Nolle e Jake, mas eles sequer dão a entender que seriam um casal de fato.

Talvez o clima eu vi tenha sido mais uma suposição, por está acostumada a ver esse tipo de história.

Falando de Jake, ele é vivido por Kingley Bem-Adir, conhecido pelo filme “Rei Arthur: Lenda da Espada” e pelas séries “The OA”, “High Fidelity” e a “Peaky Blinders” (eu tento fugir dos blinders, mas eles sempre surgem para mim …. mentira, tento fugir não, mas, nesse caso, nem sabia da ligação).

Nick é vivido pelo comediante Bill Hader, conhecido pelo programa cômico “Saturday Nigh Live”, pelo filme “It: A Coisa – Capítulo2” e pela série “Barry”, pela qual recebeu muitas indicações a prêmios. Como ele é bem ligado à comédia besteirol, nunca fui muito fã dele, contudo, ele tem mudado o estilo de seus trabalhos, o que me fez gostar da atuação dele em “Noelle”.

Polly, a elfo sábia que implicava com Noelle, mas sempre a ajudou na vida, é vivida por Shirley MacLaine, atriz veterana, ganhadora de Oscar e continua trabalhando ativamente. Podemos a ver em “Idas e Vindas do Amor”, “Downton Abbey”, “Glee” (02 episódios) e a “Pequena Sereia” (filme de 2018).

Santa Claus … ops… Papai Noel pode sim ser uma garota.

Até mais!

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.