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FILMES CRÍTICAS

Review da animação Loki e Thor: Irmãos de Sangue.

Review da animação Loki e Thor: Irmãos de Sangue.
  • Publicado em: junho 24, 2020

O que aconteceria se Thor e Asgard sucumbissem à tirania de Loki? Quais seriam os passos futuros do meio-irmão do Deus do Trovão? Essa é a premissa de Thor e Loki: irmãos de sangue, uma animação feita com base na graphic novel ‘Loki’.

A animação, tal qual sua fonte, revela um futuro alternativo onde o deus da Mentira, Loki, sagrasse vitorioso e aprisiona Thor. Com o intuito de humilhá-lo ininterruptamente, o vilão pretende mantê-lo em cativeiro infinitamente, infligindo-lhe contínuas torturas e vergonhas.

Mas um rei não vive só de diversão. Loki, como novo governante de Asgard, descobre muito cedo que o peso do trono é grande. O fardo em liderar exige muito. Estar à frente do poder é expor também suas próprias fraquezas.

Cansado de tantas cobranças, entediado, o semi-deus isola-se em seus aposentos e, finalmente, recebe uma cobrança ainda maior: o pedido da cabeça de seu irmão de criação.

Alternando o presente e o passado, Loki oscila em uma balança na qual o medo das sequelas por desobedecer a ordem da morte de Thor e o passado vivido juntos irá decidir pela vida ou morte do filho de Odin.

O destaque inicial está na animação que, mesmo em Motion Comic, surpreende pela qualidade. Não esperem encontrar uma superprodução do gênero, mas o visual é bem atraente.

Não sei se há uma versão nacional, porém as vozes originais – em inglês – dão o tom certo à trama e garantem uma tensão compatível com os acontecimentos. É possível acreditar que as vozes realmente pertencem a seus personagens. A trilha sonora é um complemento que cria e reforça ainda mais a atmosfera dos acontecimentos.

Outro detalhe interessante é a caracterização do Deus da Mentira. Loki é forte, mas sua face é tão sulcada quanto a de um ancião. Poucos dentes ele ostenta e é possível ver que o tempo não foi gentil. Parece que buscaram mostrá-lo cansado por tantas lutas até a tomada do poder em Asgard. Caso tenha sido essa a intenção, eles acertaram em cheio.

Como dito anteriormente, o uso de flashbacks é constante e auxilia-nos a compreender um pouco mais da personalidade, dos ‘motivos’ pelos quais Loki tornou-se o que é. São essas viagens aos momentos juntos do Deus do Trovão que semeiam a dúvida no coração de Loki. É lícito acabar com seu eterno antagonista?

Mas a trama ainda guarda detalhes que surpreendem. Traição, ciúmes, uma infância onde ele é relegado ao desprezo por seus ‘pares’. O roteirista e o desenhista fazem questão de frisar o escárnio dos outros deuses por Loki, criando uma certa simpatia entre o usurpador e os espectadores. Algumas passagens chegam a por em dúvida a culpa do meio-gigante por seus atos.

As alianças são uma interessante e intrigante parte da obra. Loki ascendeu ao poder, porém, tal como um político, precisou de inúmeros aliados que, ao seu devido tempo, voltam para cobrar os favores prometidos. Corrupção em larga escala é o que vemos.

Entretanto, uma questão fica no ar desde o início do primeiro capítulo: Loki manterá seu governo? É seu destino sentar-se definitivamente no trono de Asgard? Pode o caos propagar a ordem? Vejam e tirem suas próprias conclusões…


Drama psicológico:

Loki e Thor: irmãos de sangue, recebeu esse título por méritos. A animação tem uma alta dose de conflitos e mostra com uma narrativa absolutamente cativante, o quanto podemos ser influenciados por traumas de um passado não tão distante. Loki culpa a todos por moldá-lo como o vilão, uma espécie de contrapeso que iria também moldar o heroico Thor. Como no Ying e Yang, os irmãos estão intrinsecamente ligados por um destino onde a derrota de um será a consagração de outro.

Do meu ventre viestes…

Qual a origem do mal? Esse questionamento é imposto por todos os episódios e leva-nos a uma reflexão sobre os efeitos de uma infância traumática. Atual, o enredo aborda o tão polêmico ‘bullying’ e os prejuízos de uma criação onde a atenção é dividida em proporções desiguais. Tal abordagem é algo que eu jamais esperaria encontrar em uma produção da Marvel.

Mas a maior de todas as lições englobou duas perguntas: quanto tempo temos para tomar uma decisão correta? O amor entre dois irmãos é capaz de superar o ódio?


Gran Finale

Thor & Loki: Blood Brothers é uma animação primorosa, complexa e que precisa ser vista com um olhar crítico. As lições embutidas, o visual, o apuro nas caracterizações, frases e as entrelinhas tornam essa obra algo inesquecível.

Recomendo a leitura da Graphic Novel e que assistam a essa minissérie pois há longos anos não via algo capaz de provocar tamanha reflexão.

Notas:

A história foi escrita por Robert Rodi  e a arte ficou a cargo de Esad Ribic. A direção é da dupla Joel Gibbs e Mark Cowart. A empresa por trás da animação é a Magnetic Dreams.

A apresentação inicial usa as imagens das capas da série em quadrinhos, criando um vínculo entre o leitor e a animação ou, ainda, incentivando a busca do espectador pela obra impressa.

Especial atenção à trilha sonora que, invariavelmente, é imprescindível para o clima das cenas mais importantes de toda a minissérie.

Written By
Franz Lima

Escritor de contos de terror e thrillers psicológicos, desenhista e leitor ávido por livros e quadrinhos. Escrever é um constante ato de aprendizado. Escrevo também no www.apogeudoabismo.blogspot.com