Player 1 encontrando Player 2 – “Geek Love: O Manual do Amor Nerd”
A primeira impressão ao ver esse livro foi achar que era um livro de humor, uma história engraçada sobre um casal com gostos da cultura pop, chamado de geek ou de nerd.
Mas não se trata disso, embora seja engraçado em muitas situações. “Geek Love: O Manual do Amor Nerd” é uma obra escrita por Eric Smith, publicado originalmente em 2014, mas que a Gente Editora trouxe ao Brasil com a tradução de Flávia Yacubian.
É, de fato, um manual, atendendo aos mais pragmáticos dos nerds (pensem em todos os Sheldon’s Cooper que recorreu a ele).
Eric Smith (que, ao que tudo indica, está casado) começa dizendo que são experiências que foi coletando ao longo do tempo. Ele as colocou junto com referências de filmes, séries, jogos, HQs e outros elementos nerds para que o leitor pudesse entender exatamente como funciona o jogo do amor.
Ah, ele também avisa que o Player 1 (o nerd solteiro) é um homem porque ele se coloca nestas situações, provavelmente ele passou por algumas delas, mas que leitoras (mulheres nerds) poderiam aproveitar os ensinamentos.
O manual começa, lógico, do começo, como conhecer sua cara metade, depois informa como abordar a(o) Player 2, como a chamar para sair, como planejar o encontro, como se vestir no primeiro encontro, como lidar com adversidades e com a família dela(e) e, para ser bem completo, como lidar com o término do relacionamento.
No começo parecia ser algo muito específico, apenas para os nerds em si, usando piadinhas internas. Mas foi além, até porque os nerds são, pasmem, seres humanos, logo, muitas as dicas e ensinamentos passados podem ser usados para “pessoas normais” … Seja lá o que você acha que é uma pessoa normal.
E sim, tem piadas e referências de todo jeito!
Como uma mulher que não é nerd (pelo menos não me vejo desse jeito), o livro me ajudou a entender melhor como os nerds se sentem, como eles vêm o mundo. Lógico que estamos falando de algo hipotético, possivelmente estereótipos, personalidades mudam de pessoa para pessoa sob as mais diferentes variáveis.
Contudo, é interessante entender como é que essas pessoas sentem, como é que o cérebro da maioria deles funciona, entender que existem muito além de uma insegurança e de jogos de tabuleiro (dentre outros tantos elementos). Com certeza isso me fará os ver diferente.
Não me entendam errado, nunca tive preconceitos, até gosto dos nerds, já fui apaixonada por um nerd …
O que eu quero dizer é que esse manual ajuda as pessoas fora desse universo geek/nerd a entender quem está dentro, auxiliando em momentos futuros, possíveis relacionamentos, em que talvez precisemos abrir mão de algo ou os ver abrindo mão de algo.
E de uma forma bem divertida.
Obviamente que eu não entendi nem 1% das piadas, especialmente quando se trata de jogos de videogame e RPG, só entendi as referências à “The Big Bang Theory” e a “De Volta Para o Futuro”, talvez uma e outra sobre “Senhor dos Anéis” e “Harry Potter”, mas a forma como autor escreve é incrível até para mim. Ele coloca as informações claras e diretas, sem rodeios, até em assuntos mais delicados, como sexo e relacionamentos familiares.
Em alguns momentos eu li “ouvindo” a voz de um dos meus irmãos, que é um nerd declarado e usa muito desse tom de humor quando quer me ensinar alguma coisa de tecnologia, sempre acompanhado da seriedade técnica (ele é especialista em TI).
Não concordei com todas as dicas e já vou deixar claro, porque aí vocês já repensar quando forem ler o manual …
Se eu tiver algum poder de influência sobre vocês, pequenos Padawans (depois de muito tempo entendi que é uma referência a “Star Wars”).
O primeiro ponto é a vestimenta. O autor fala que não é legal chegar no primeiro encontro com uma camiseta de super-herói, de banda ou com uma piada interna. Eu só concordo com isso quando a outra pessoa não é do universo geek, mas ainda assim, acredito que uma ou outra estampa pode gerar um assunto entre eles, quebrando o gelo.
Atenção, não é qualquer estampa e nem de forma desleixada. Você, garoto nerd, pode usar uma bela calça de jeans de lavagem escura, um tênis social (ou um mocassim) e uma jaqueta (sobretudo, blazer, etc) por cima de uma camiseta com estampa nerd. Você estará arrumado, mas com sua camiseta da sorte, que pode ser tópico de conversa.
Mas eu concordo com o autor quando ele diz que o Player 1 pode se inspirar em personagens bem vestidos, adequando às situações e à personalidade dele. Uma dica bem legal é baixar o aplicativo Pinterest e ter uma pasta para salvar inspirações, ajuda tanto para encontros quanto para trabalho, festas e outros eventos.
O outro ponto que eu discordei foi o caso do pagamento. No capítulo que fala do primeiro encontro em si o autor fala que é de extrema grosseira o homem deixar a mulher pagar a conta, isso passaria a mensagem errada para a Player 2, achando que ele a ver como um ticket refeição.
Ele fala antes que o mundo tem mudado e as mulher não são donzelas em perigo, não precisam ser salvam, têm seus próprios empregos e rendas, mas que pagar a conta do encontro é símbolo de cavalheirismo. Até podem dividir, mas nunca a deixar pagar tudo.
Fiquei um pouco decepcionada com essa passagem, não vejo dessa forma. O cavalheirismo ainda existe, mas devemos pensar como ele deve ser explorado, muitas mulheres podem se sentir desvalorizadas com um gesto desses feito de forma errada.
A comunicação sempre será essencial para evitar mal-entendidos, não caia em clichês seguindo a desculpa do “cavalheirismo”.
De toda forma, esqueçam Hitch e seus conselhos românticos, prefiram Eric Smith e sua visão direta e clara para o início e o fim de relacionamentos!
Até mais!