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A História das Aparições – “Fátima”

A História das Aparições – “Fátima”
  • Publicado em: novembro 7, 2019

Quem é criado na fé católica já ouviu muitas histórias de seus anjos e santos, aprendeu desde pequeno a cantar e a rezar pelo anjo da guarda e por Nossa Senhora.

Com certeza já ouviu a história dos três pastorinhos, Francisco, Jacinta e Lúcia, que presenciaram as aparições de Nossa Senhora no vilarejo de Fátima, em Portugal. Essa história atrai fiéis para a cidade de Fátima até hoje, seja pela religião seja pela curiosidade, também foi uma forma de confirmar a crença na Mãe de Jesus Cristo e de seu Imaculado Coração.

Foi seguindo essa fé que Berthaldo Soares, ao lado da esposa criou o evento anual “Tarde com Maria” no Rio de Janeiro, construiu, ao lado da esposa, Kenya Camerotte Soares, a única réplica da Capelinha das Aparições (no Rio de Janeiro também) e escreveram o livro “Fátima”, para a editora Globo Livros.

O livro tem a intenção de contar a história das aparições e a relação disso com os acontecimentos das décadas futuras, explicando alguns livramentos e vidências, além de demonstrar a fé que move as pessoas por Nossa Senhora.

Você conhece essa história? Vou resumir aqui:

No ano de 1917, em plena Segunda Guerra Mundial, três crianças viviam em um lugarejo no interior de Portugal, Fátima. Na época o país estava revoltado contra a fé católica, mesmo que a população (até por tradição) ainda tivesse muita crença. A educação também não era algo comum, eram poucas as escolas, e muitas menosprezava o catolicismo.

Essas três crianças eram os irmãos Jacinta e Francisco, de 08 e 09 anos, respectivamente, e a prima deles, Lúcia, de 10 anos. Eles sempre foram apegados entre si, logo, quando Lúcia começou a ser responsável por levar o rebanho de ovelhas de seus pais para pastar, Jacinta e Francisco a acompanhava, mesmo sendo muito pequenos.

A família deles era muito religiosa, todos conheciam as orações, eram devotos. Alguns anos antes Lúcia já havia recebido a visita de um anjo, como se a preparasse para o dia 13 de maio de 1917. Foi nesse dia, quando os três pastorinhos estavam descansando na Cova da Iria para almoçar (depois do ofício) que viram uma figura feminina, rodeada de luz.

Apesar de os três estarem vendo aquilo, apenas Lúcia conseguiu conversar com ela, Jacinta ainda conseguia ouvir a conversa, mas Francisco nem ouviu nem falava. Essa foi a primeira aparição de Nossa Senhora, que avisou a Lúcia que iria aparecer por seis meses, todo dia 13, e ao final ela iria contar qual o objetivo.

E de fato ocorreram as aparições todo dia 13, de maio a outubro daquele, exceto no mês de agosto, porque as crianças foram presas e quase torturadas por oficiais da justiça que não acreditam no ocorrido. A cada mês mais pessoas se dirigiam a Cova da Iria junto com as crianças para presenciar tal acontecimento.

Nunca mais a vida deles foi a mesma. Jacinta e Francisco faleceram poucos anos depois, ainda muito jovens, mas já tendo intercedido alguns milagres. Tornaram-se São Francisco Marto e Santa Jacinta Marto em 2017, no centenário das aparições. Já Lúcia viveu até seus 98 anos, ainda recebendo visitas de Nossa Senhora constantemente, sendo quase uma porta-voz.

Enquanto crianças eles sofreram muito, nem a própria família acreditava no que eles falaram, é tanto que Lúcia nunca falava sobre o que viu, ouvia ou falava com a santa. Foram perseguidos tanto por quem queria “desmentir” quanto por quem queria um milagre em sua vida, mas aceitaram o martírio.

Qual a ligação com os acontecimentos no mundo?

Lúcia, que se tornou freira, portanto, irmã Lúcia, escreveu o segredo em cartas para seus confessores e até para os Papas que sucederam. Ela se referia à consagração do mundo como forma de terminar as guerras que assolaram o mundo naquele século, com ênfase na Rússia. Só as crianças, quase sem estudo, não sabiam como repassar isso.

Tudo que eles sabiam é que precisavam rezar o rosário e fazer penitência em prol dos pecadores. Essa outra parte do segredo só foi revelado e entendido depois, veio da visão tida na última aparição, de um bispo todo de branco sendo atingido por soldados.

A interpretação e concretização veio só em 1981, quando o Papa João Paulo II foi atingido por uma bala de um terrorista, que deveria ser fatal, mas foi desviada milagrosamente. Dizem que foi intercessão de Nossa Senhora. A partir daí o próprio Papa começou a entender o aviso e finalmente conseguiu consagrar a Rússia ao Imaculado Coração de Maria.

Ele conseguiu também, usando suas habilidades políticas, unir representantes dos blocos políticos que dividiam o mundo da Guerra Fria, auxiliando no fim desta, bem como no fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (a URSS).

Há relatos de milagres de Nossa Senhora e dos pastorinhos ao longo das Grandes Guerras e no período da Guerra Fria também, mostrando que as aparições tinham o intuito de trazer para o mundo a mensagem de Maria para acabar com tais conflitos.

Logo a Capelinha das Aparições foi construída e hoje atrai fiéis de todos os cantos do mundo, em especial no dia 13 de maio, dia de Nossa Senhora.

O livro em si é bem escrito, a linguagem usada é acessível, até mesmo nos momentos de contextualização histórica, é algo prático e simples de entender. As revelações feitas sobre o período histórico a mensagem de Nossa Senhora pode chocar um pouco e até fazer certo sentido.

Confesso que a história me tocou, isso porque fui criada em família católica, estudei a vida inteira em colégio católico (dirigido pela diocese). Quando eu era pequena fazia questão de participar da coroação de Nossa Senhora, me vestir de anjinho (mesmo que a roupa nunca tenha sido rosa, como eu queria sempre) e cantar uma música que ainda me emociona, e é até mencionada no livro, especialmente esse trecho:

“Mãezinha do céu, eu não sei rezar

Eu só sei dizer, eu quero te amar

Azul é seu manto, branco é seu véu

Mãezinha eu quero te ver lá no céu

Mãezinha eu quero te ver lá no céu”

Mas sou questionadora. Sempre fui, desde pequena, meus professores de ensino religioso (acho que qualquer professor meu) devem ter sofrido muito. Ao ler o livro eu comecei a questionar muita coisa e discordar de algumas.

Eu sei, até por essa educação que recebi, que existem sacrifícios que devem ser feitos e entendo teoricamente a importância deles. Mas nunca vou aceitar que crianças tenham passado por tudo que Jacinta, Francisco e Lúcia passaram, desde muito pequenos conheceram o sofrimento de diversas formas.

Perdoem se estou sendo cética, mas para mim não é justo que crianças sejam martirizadas em nome de pecadores alheios. Lúcia perdeu todo o carinho da própria mãe, aos poucos os irmãos a hostilizaram dentro de casa. Como é que isso pode ser positivo?

A história deles, em especial da irmã Lúcia, é muito inspiradora, sem dúvidas. Eles trouxeram ao mundo uma esperança que parecia nunca mais ressurgir, uma fé que precisava ser refeita, um respeito religioso que até hoje precisa ser construído. Mas me assusta muito pensar que para isso eles passaram por tudo isso, não me parece uma parte boa da mensagem.

Mas sabem de uma coisa, fiquei ainda mais curioso de visitar Fátima e outros pontos, como o Colégio Nóbrega, em Recife, que é dedicado a Nossa Senhora e tem uma capelinha ao lado (me lembrou meu colégio do coração).

 

História forte e reflexivo! Alguém tem alguma experiência, nem que seja sendo anjinho e cantando “Mãezinha do Céu”? Compartilhe comigo.

 

Até mais!

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.