Programa mensal traz a cada edição um filme seguido de debate com um psicanalista convidado
No dia 11 de junho, o MIS – instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo do Estado de São Paulo – realiza o Ciclo de Cinema e Psicanálise com exibição do filme Infiltrado na Klan, de Spike Lee. O programa é uma parceria com a Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo e apoio da Folha de S.Paulo. A sessão, que tem entrada gratuita e acontece no Auditório MIS (172 lugares), será seguida de debate com o psicanalista convidado Leopold Nosek e do professor e colunista da Folha Thiago Amparo. A diretora de Cultura e Comunidade da SBPSP, Luciana Saddi, mediará a conversa.
INFILTRADO NA KLAN (BlacKkKlansman, Dir. Spike Lee, EUA, 2018 136”, biografia/policial, digital)
No início dos anos 1970, época de grandes convulsões sociais e luta pelos direitos civis, Ron Stallworth torna-se o primeiro detetive afro-americano no Departamento de Polícia de Colorado Springs. Mas sua chegada é recebida com ceticismo e hostilidade por parte da divisão. Destemido, Stallworth resolve fazer a diferença em sua comunidade e parte em uma perigosa missão: se infiltrar e expor a Ku Klux Klan.
Mecanismos de defesa psíquica simples podem gerar formas cruéis de viver e de organizar a sociedade, pois a psicologia individual também é, ao mesmo tempo, psicologia social e o outro, na vida psíquica dos indivíduos, pode ser modelo, objeto, ajudante e adversário. O narcisismo das pequenas diferenças, por exemplo, é um termo usado por Freud para compreender como as pequenas diferenças entre os homens são convertidas em grandes diferenças para, simplesmente, reafirmar um sentimento de superioridade que, de certa maneira, se infiltra em todos nós e justifica matanças, explorações e guerras.
Não menos letal é o preconceito, uma forma de ser e pensar, que se utiliza dos mecanismos de projeção psíquica de complexos ideo-afetivos para colocar num outro, projetar, todos os defeitos, a fim de se livrar dos mesmos. Tal simplificação de pensamento permite crer que basta eliminar o outro para alcançar a pureza e a purificação.
No filme Infiltrados na Klan, de Spike Lee, o sofrimento que os homens podem causar aos homens em termos de preconceito racial e religioso, um dos temas de Freud em O mal-estar na civilização (1929), é exposto de forma crua, natural e tragicômica. Os personagens toscos e bizarros do filme, os homens da Klan, seus ódios e obsessões, nos fazem duvidar de haver correspondência no mundo real com seres humanos. Infelizmente há e há muito mais do que a vã filosofia e as boas maneiras possam imaginar. Basta alguma organização e liderança para que indivíduos com atitudes preconceituosas, arrogantes, criminosas e autoritárias saíam das trevas e venham aterrorizar. Não é à toa que continuamos, no final da segunda década do século XXI, a expor os sofrimentos sociais e a lutar por maior igualdade e inclusão com a finalidade de abrandar o imenso ódio humano.
Sobre os convidados:
Thiago Amparo é professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e colunista da Folha de S.Paulo. Foi secretário-adjunto de direitos humanos na Prefeitura de São Paulo e consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento e da Open Society Foundations. É doutor em direito constitucional comparado e mestre em direitos humanos pela Central European University (Hungria). Foi pesquisador visitante da Universidade Columbia (EUA).
Leopold Nosek é analista didata da SBPSP, foi presidente da SBPSP, Febrapsi e Fepal. Ex membro do board da IPA. Recebeu o prêmio Mary Sigourney Award em 2014. Publicou A disposição para o assombro (ed. Perspectiva), 2017.
Sobre o Ciclo de Cinema e Psicanálise
A cada edição o ciclo traz um filme em longa-metragem (ficcional ou documental) seguido de debate com um jornalista e um psicanalista convidado. Em seguida, o público pode participar com perguntas, integrando novas perspectivas sobre a obra discutida. A temporada 2019 está dividida em cinco temas, exibindo dois filmes de cada, sendo eles: Sexualidade, Violência, Poder, Religião e Infância.
O ciclo pretende discutir, à luz da Psicanálise, algumas questões suscitadas por obras do cinema moderno e contemporâneo, e proporcionar também formas transdisciplinares de compreensão. O tema, que norteia os debates e a seleção dos filmes, surgiu a partir do ensaio O mal-estar na civilização (1929), escrito por Freud. Neste, o psicanalista afirmava que o progresso civilizatório e tecnológico cobrava elevado preço do indivíduo. Exigia renunciar à agressividade e à sexualidade – como esforço necessário ao desenvolvimento civilizador. Por consequência, o homem se tornava refém do sentimento de culpa inconsciente e de constante mal-estar, ambos impeditivos da fruição da felicidade.
CICLO DE CINEMA E PSICANÁLISE | JUNHO | INFILTRADO NA KLAN
DATA 11.06, terça-feira
HORÁRIO 19h
LOCAL Auditório MIS
INGRESSO Gratuito. Ingressos distribuídos uma hora antes Recepção MIS
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
Museu da Imagem e do Som – MIS
Avenida Europa, 158, Jardim Europa, São Paulo| (11) 2117 4777 | www.mis-sp.org.br
Estacionamento conveniado: R$ 18
Acesso e elevador para cadeirantes. Ar condicionado.