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FILMES CRÍTICAS

O Conto (2018) – #MeToo aos 13 anos.

O Conto (2018) – #MeToo aos 13 anos.
  • Publicado em: agosto 18, 2018

A campanha #MeToo, traduzindo como Eu Também, surgiu em 1996 pela ativista Tarana Burke após ouvir uma criança abusada sexualmente pelo padastro. O grito de empoderamento feminino, principalmente para as jovens mulheres negras, ME TOO ou EU TAMBÉM foi para criar empatia entre as vítimas dessa violência. A hastag viria através do Twitter pela atriz americana Alyssa Milano, de 44 anos, depois dos escândalos com o produtor Harvey Weinstein, um dos maiores produtores de Hollywood, fundador da Miramax e da The Weinstein Co, cujas muitas produções são a trilogia do Senhor dos Anéis e os filmes do diretor Tarantino.

Desde então, ultrapassado a esfera do cinema, #MeToo ajudou o feminismo a se espalhar pelo esporte e pelo mercado de trabalho, gerando debates antes considerados tabu ou assunto para desocupados.

O longa em formato de documentário com encenações dos acontecimentos com certos toques pessoais de ficção dirigindo e escrito pela documentarista Jennifer “Jenny” Fox inspirada em sua redação escolar de mesmo nome escrita nos seus treze anos de idade a ser transmitido com exclusividade no canal de tv por assinatura HBO. Em cena, ela é representada por dois avatares. Na sua vida adulta, Laura Dern a representa como diretora de documentários na casa dos quarenta aparentemente em paz com a vida ao lado do namorado Martin (Common) até sua mãe (Ellen Burstyn) ligar transtornada após ler uma redação e seus diários onde narra o inicio de sua adolescência nos anos 70.

Em flashbacks, vemos Jenny (Isabelle Nélisse) como a primogênita de cinco filhos da família Fox recebendo pouca atenção dos pais (Laura Allen e Matthew Rauch) e da avó materna (Juli Erickson). Durante as férias de verão, ela inicia suas aulas de equitação no rancho da Sra G (Elizabeth Debicki), onde conhece o amante dela, o treinador esportivo Bill (Jason Ritter). Ambos preencheram um espaço vazio na garota onde através de cartas, ela pode confessar seus segredos e se amadurecer como pessoa.

A ambientação dos anos 70 foi feita através do figurino e da maquiagem do elenco junto com o cenário das casas e dos carros. No campo, foi preciso tirar os sinais da modernidade para as externas e revitalizar a fachada de um cinema antigo. A direção de arte e fotografia tiveram pouco trabalho mesmo notável os detalhes.
A ficção é através das falsas entrevistas da Jennifer Adulta Dern com o casal mais jovem e com sua versão mais nova. Com o avanço da narrativa, a produtora junto com o público vai aprendendo novos detalhes conforme ela ouve relatos de cada participante dos eventos enquanto busca o paradeiro daquele que tirou a sua virgindade. As cenas de sexo possuem um enquadramento de close separados entre os atores quando juntos houve dublês adultos. A atriz -mirim estava presente no depois do ato onde recebe descansa sob as cobertas, vê seu sangue manchado na toalha e recebe beijos longos.

Conforme vai se redescobrindo e vê a reação das pessoas ao seu redor, cenas são refeitas depois de rebobinadas, Jennifer adulta precisa esclarecer que nunca se viu como vítima e quando os outros chamam de abuso, ela corrige para relacionamento, ainda que internamente se sente confusa e ansiosa. Ao contrário da Jenny criança, com misto de confusão e determinação vai construindo sua própria identidade e tomar decisões importantes para seu futuro.

Da performance das coadjuvantes, é notório as confissões da Sra G sobre os fatos assim como o seu papel de mãe espiritual. Debicki apresenta uma mulher carismática e receptiva embora tenha um caráter duvidoso na velhice por transformar o assunto em tabu. Ritter no papel do responsável por iniciar sexualmente uma criança, entrega um personagem também de grande carisma e de atitudes que deseja manter em segredo dando inicio a espiral de emoções na protagonista tanto criança quanto adulta. A mãe já idosa é o incidente incitante para a protagonista reavaliar suas experiencias de vida bem como uma reflexão pessoal sobre a própria negligencia materna.

O seu trabalho não se trata de defesa ou acusação aos adultos assim como vitimização ou critica ao silencio das crianças para os pais. Simples é uma obra autoral baseada em fatos com liberdade criativa com tema sexual. A diretora manifesta seu ponto de vista e sobre o impacto daquilo em sua vida. Cabendo ao publico julgar e usar para acontecimentos semelhantes no futuro. Podendo servir como acréscimo ao movimento #MeToo.

TRAILER

Ficha Técnica:
Nome Original: The Tale
Direção: Jennifer Fox
Roteiro: Jennifer Fox
Elenco: Laura Dern, Common, Ellen Burstyn, Isabelle Nélisse, Laura Allen, Matthew Rauch, Juli Erickson, Elizabeth Debicki e Jason Ritter.

Written By
Redação

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