Diga que Você Já Me Esqueceu – Expressionismo Rodriguiano e Maria Bethânico
Quando buscou no teatro uma forma de sustento, Nelson Rodrigues (1912-1980) não deixou de seguir os ideais e a estética do realismo literário, fez duras criticas a sociedade e suas instituições, sobretudo o casamento. O autor transpôs a tragédia grega para a sociedade carioca do início do século XX, e dessa transposição surgiu a “tragédia carioca”. O erotismo está muito presente na obra de Nelson Rodrigues, o que lhe garante o título de o maior dramaturgo brasileiro. Logo, é normal que suas peças apareçam sempre no circuito do sudeste brasileiro.
Assim fez o autor e diretor Dan Rosseto ao criar a tragicomédia Diga Que Você Já Me Esqueceu. As cenas, ambientadas na década de 50, trazem personagens claramente inspirados em folhetins escritos por Suzana Flag, pseudônimo como Escravas do Amor e Asfalto Selvagem, ou mesmo no único romance O Casamento, onde há apenas um dia do casamento de Glorinha e Teófilo, o médico da noiva avisa ao pai dela que seu futuro genro foi flagrado em um incidente homossexual.
A trama gira em torno das núpcias de Sílvio e Lúcia (vividos por Daniel Morozetti e Carol Hubner) e fala sobre sentimentos humanos numa linguagem expressionista. No momento da cerimônia, eles decidem revelar todos os segredos e frustrações que guardaram ao longo do relacionamento arranjado pela família. Lúcia terá ecos de Engraçadinha na adolescência e vida adulta como mãe de família, com todos os pecados e amores, afrontando a mãe de Silvio, Dona Querubina, a forte opositora ao enlace. As personagens precisam lidar com situações em que devem explorar suas motivações, fantasias, desejos secretos e a autopunição.
A parte musical é assinada por Fred Silveira, vencedor do Prêmio Bibi Ferreira, na categoria de “Melhor Ator Coadjuvante” pelo seu papel do governador Pôncio Pilatos no espetáculo Jesus Cristo Superstar, a consagrada ópera-rock da Broadway. A montagem teve origem na música “Negue” (Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos), sucesso na voz de Maria Bethânia.
O palco, apesar dos poucos recursos cenográficos e de figurino, buscou inspiração nas pinturas expressionistas através da performance dos oito atores do elenco e da luz e sombras dos holofotes de frente.
Esta é a segunda montagem de Dan Rosseto que Carol integra o elenco, a primeira “Enquanto as crianças dormem” foi um sucesso de público e de crítica. Sobre essa nova parceria ela afirma: “É muito bacana trabalhar com o Dan devido à força que preciso imprimir e entrega para desempenhar as personagens que ele cria. Estou muito contente em reeditar uma parceria que nos rendeu ótimos momentos no ano passado“.
Até 29 de Abril;
Sábados, às 21h30, domingos, às 19h.
Gênero: Comédia dramática
Tempo: 80 minutos
Idade: 14 anos
Endereço
Teatro Viradalata (270 lugares)
Telefone: 3868-2535
Horário da Bilheteria: Para espetáculos durante a semana: de terça a quinta, das 11h30 às 14h30. Para espetáculos apresentados aos fins de semana: sexta, das 18h às 22h; Sábado e domingo, das 13h às 22h.
Estacionamento (valet): R$ 20,00.
Direção
Dan Rosseto.
Elenco
Ana Clara Rotta, Daniel Morozetti, Carol Hubner, Juan Manuel Tellategui, Larissa Ferrara, Marjorie Gerardi, Nalin Júnior e Pablo Diego.