Pequeno Demônio: Um terror nada assustador!
Pequeno Demônio é um filme americano de terror e comédia, lançado em setembro de 2017 pela Netflix, escrito e dirigido por Eli Craig. Para ser sincera, o que mais me chamou a atenção no filme foi o elenco, afinal sempre fui fã de carteirinha de Adam Scott, principalmente em comédias.
Apesar de ter como clássico o tema da “demonização” de uma criança, o que é bem comum em filmes de terror, esse filme faz uma sátira priorizando a paternidade como o foco central. A trama conta a história de Gary (Adam Scott), um sujeito que acaba de se casar com uma mulher linda (Evangeline Lily) e, como consequência, ganha um enteado, Lucas (Owen Atlas). Todo esse romance é abalado por diversos eventos sinistros que são desencadeados pelo menino, que é fruto de um relacionamento anterior de sua atual esposa. Ele tenta, de todas as formas, se aproximar do enteado, porém algo o impede: ele descobre que o menino é o anticristo. Sua jornada está em decidir se deve destruí-lo e perder a mulher que ama, ou tentar de alguma forma resolver o problema.
O filme, apesar do humor nítido, faz referências a filmes famosos de terror como A profecia (1976) e O iluminado (1980), o que provoca nos fãs do gênero uma remota nostalgia. A pegada de humor faz com que a discussão principal pareça leve, apesar de ser bem importante. Apesar de bem óbvio e esperado, o filme não contém muitas surpresas. Meio que já sabemos como ele será desenrolado, mas ainda assim consegue prender a atenção para o desfecho. Acho que uma das partes interessantes é como Eli Craig usa a trilha sonora.
Em diversos momentos a imagem fica vazia, sem som, para que a música possa entrar na hora certa, já sabendo o que isso despertará em quem o está assistindo. Adam Scott representa Gary de uma forma excepcional, conseguindo através de sua expressão demonstrar toda a confusão e insegurança do personagem ao tentar contato com o enteado, tanto quanto o medo que isso o provoca ao saber que sua vida de “conto-de-fadas” pode acabar, literalmente, no inferno.
Apesar disso, o filme discute com bom humor a dificuldade de se criar laços com uma nova família, seja para o menino, ou para o adulto. Ambos são pessoas diferentes que precisam se encaixar e se adaptar em uma nova rotina, o que torna tudo tão difícil. Vai abordar temas como amizade, já que Gary faz novos amigos em um grupo de apoio para pais, assim como a ideia de que o amor pode mudar a forma como as pessoas enxergam a vida. De terror mesmo, o filme apenas mostra a insegurança nas novas relações e o quão macabro isso pode parecer para as pessoas envolvidas.
No decorrer do filme fica claro que, ao ficar sozinho com o menino, perder o medo e realmente conhecê-lo, Gary entende que as pessoas não são quem são porque alguém assim as definiu. Isso me lembra uma frase de Sartre, que gosto de pensar que se encaixa em tudo na vida: “Não importa o que fizeram com você, importa o que você faz com o que fizeram com você”.
https://www.youtube.com/watch?v=XnkaQeVfFuw
Direção: Eli Craig
Elenco: Adam Scott, Evangeline Lilly, Owen Atlas, Donald Faison
Em meio a tantos outros filmes incríveis da Netflix, esse filme não pode ser considerado uma “super obra”, mas para quem busca algo leve, divertido e com certa reflexão, ele não irá decepcionar. Mas certamente, de terror não tem absolutamente nada. É completamente previsível e engraçado e, apesar da história não ser muito criativa, o resultado é agradável.