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Congelar problemas? – “Reviver”

Congelar problemas? – “Reviver”
  • Publicado em: janeiro 25, 2018

Tem vezes na vida que tudo quer é se congelar e voltar a viver em um momento melhor, especialmente quando tem aquela ferida que não fecha, física ou psicológica.

A ficção científica já tem trazido algumas experiências nesse estilo para o cinema, mas “Reviver” talvez seja o mais impactante da atualidade por trazer a baila a noção sentimental e espiritual, talvez a religiosa também, da criogenia.

Sinopse: Quando Marc (Tom Hughes) é diagnosticado com câncer terminal e com uma expectativa de vida de um ano, ele decide congelar seu corpo através da técnica da criogenia, com a esperança de poder voltar a viver no futuro. No ano de 2048, Marc se transforma na primeira pessoa a ser ressuscitada. No entanto, logo ae dá conta de que a vida como “ressuscitado” não é o que esperava, e começa a se arrepender de ter deixado para trás o amor de sua vida, Naomi (Oona Chaplin).

Esse filme essencialmente europeu tem como foco a vida de Marc. Ele é filho único de um casal feliz, teve um infância repleta de boas lembranças, sempre foi muito querido dentro e fora de casa, mas viu a luta e o sofrimento do pai com um câncer de garganta.

Apesar dessa dor, Marc se torna um adulto feliz, realizado e muito bem sucedido. Até que descobre que também desenvolveu a câncer na garganta, como seu pai. Ele primeiro se desespera, sendo positivo porque o aproxima da mulher que ele sempre amou, mas nunca conseguiu manter um relacionamento, Naomi.

Depois ele se concentra no que pode fazer antes da doença tomar conta dele. Organiza os negócios, ensinando os subordinados a continuar com os projetos, faz testamento, separa os bens e curte o que resta de vida.

Marc descobre os mais novos estudos sobre criogenia, convencendo-se que não queria acabar como o pai, debilitado. Decide então cometer suicídio, colocar seu corpo na criogenia e, como tem fundos para bancar, ordenaria que só seria ressuscitado quando pudesse ser curado. E assim se faz.

Em torno de 60 anos depois Marc é acordado, sendo objeto de estudo do Projeto Lazaro, em alusão a um dos primeiros milagres que Jesus faz e é citado na Bíblia. Mas nem tudo são flores, o futuro e o tal do reviver não são exatamente como Marc imaginava.

Ele é a primeira experiência que dar realmente certo, por isso tem sempre alguém o analisando, tentando angariar todos os dados, para que possam o entender e fazer novamente. Eles não o vêm como o homem que ele era, mas como um objeto de estudo.

Nada parece certo para ele, a recuperação é longa e lenta, poucas das suas memórias ainda estão lá, precisando de equipamentos para fazer com que ele lembre de alguma coisa, não faz nada sozinho, não pode sair e não conhece ninguém.

Marc acaba sofrendo mais do que ele imaginaria, querendo não viver mais, afinal, para ele, aquilo nem era vida de fato.

Tem dois pontos principais nesse filme.

De um lado tem toda a questão da ética profissional na área médica. Uma coisa que é bem comum é ver que alguns médicos se acham Deus, com o poder de dar ou tirar a vida de quem ele quiser (mais do que se imagina, infelizmente).

No filme esse tipo de profissional é representado pelo chefe da equipe, West. Ele pode até pensar em Marc e ter compaixão pela dor do outro, mas seu objetivo é se igualar a Deus, podendo ressuscitar quem ele quiser, precisando apenas de uma certa quantia de dinheiro (médicos mercenários, acho que também é bem comum). Isso já o custou o convívio de sua família, mas ele continua lá, insistindo no mesmo erro.

Por outro lado há a consciência humana, que é representada por Marc. Ele tinha uma vida quase perfeita, até que sabia aproveitar o que havia conquistado, mas se precipita diante de algo que o assusta tanto, achando que no futuro ele acordará sem nenhum problema.

Isso é um alerta para que possamos saber viver com nossas dificuldades. Não há nenhuma mágica, nenhum método milagroso, para fazer com que nossos problemas sumam, nem podemos fugir deles, em algum momento devemos os enfrentar.

É um filme com uma carga emocional muito forte. Na descrição ele é dito como um drama, mas particularmente o encaro quase como um terror psicológico. Se você tiver na bad, um pouco pra baixo, não assista.

Recomendo que vocês que querem seguir alguma profissão na saúde assistam, por causa da ética profissional, é um tópico bem evidente e vale a análise.

O elenco é bem europeu, atores excelentes, mas desconhecidos do grande pública, incluindo eu mesma, mas vale alguns destaques.

Marc é vivido por Tom Hughes, ator inglês que ainda está sendo conhecido, faz parte do elenco da série “Victoria”, que fala da juventude da rainha Vitória. Ele é lindo, foi a escolha perfeita para representar alguém como Marc, mas também soube passar toda a carga emocional necessária.

Naomi, o grande amor de encontros e desencontros de Marc, é interpretada por Oona Chaplin. Ela é bem famosa por ser uma Stark em “Game of Thrones”, não assisto a série, mas acredito que ela esteja bem diferente. Naomi é passional, age com o coração quase sempre, quase num aceita ajudar no suicídio de Marc, não a imagino mandando matar ninguém.

Obs.: Vou matar a curiosidade de vocês, o Chaplin dela é o mesmo de Charlie Chaplin sim, ela é neta dele!

Quando Marc é acordado um enfermeira é designada para ser sua companheira, que significa desde ser babá até outras coisas, se vocês me entendem. Ela é Elizabeth, que tenta ser profissional com ele, mas se conecta e entende a sua dor, seguindo o coração e enfrentando algumas regras.

Ela é vivida por Charlotte Le Bon, uma atriz canadense que, curiosamente, fez mais filmes europeus do que americanos (me refiro ao continente mesmo).

A vida vale mais do que a nossa vã filosofia conta, cuida para aproveitar enquanto pode!!

Beijinhos e até mais.

Written By
Nivia Xaxa

Advogada, focada no Direito da Moda (Fashion Law), bailarina amadora (clássico e jazz) e apaixonada por cultura pop. Amo escrever, ainda mais quando se trata de livros, filmes e séries.

1 Comment

  • Amei o filme reviver. Com certeza nos remete a várias reflexões. Muito bom.

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