Por: Franz Lima
A cada novo dia aumenta o meu medo do medo…
Não há outra forma de começar este post. Todos os dias eu leio, vejo e percebo que a desculpa para o desprezo, a violência e a segregação está intimamente vinculada ao medo. Tenho medo de negros: segrego. Tenho medo de espíritas: persigo. Tenho medo de pobres: isolo-me.
É bem verdade que a humanidade nunca teve sequer um único período onde a igualdade fosse uma realidade, mas isso não significa achar que estamos na Era de Ouro da Igualdade. Jamais.
Os dias atuais são belos. Mais recursos para combater doenças, maior consciência social, maior luta pelo meio-ambiente, direito a ter um credo diferente do que é maioria. São mudanças consistentes, com poder de mudar não só a sociedade, como também a humanidade em sua grandeza.
Entretanto, alguns problemas insistem em caminhar ao lado da evolução. Pessoas vivem em seu próprio mundo, cercadas por toda a tecnologia possível, porém distantes de quem está ao seu lado. A expectativa de vida aumentou e, em contrapartida, diminuiu o valor de uma vida humana. Matar é algo tão corriqueiro quanto atravessar uma rua.
E o que fazer para corrigir esses problemas tão comuns aos dias de hoje? Eu, como um mero escritor, creio que a solução (ou o início dela) deva vir de uma maior tolerância e de muito menos ‘achismo’. Sim, você provavelmente não entendeu, mas eu explico…
As crises, guerras e os micro-conflitos são fruto direto de dois fatores bastantes conhecidos que são a intolerância e a discórdia. Quando um indivíduo reúne outros ao seu redor para pregar o ódio, fomentar a caçada por quem distoe de sua visão de perfeição ou de suas crenças políticas e religiosas, esta pessoa irá se transformar em uma célula doente, um câncer, que contamina outras. Por sua vez, quem promove a discórdia também contribui enfaticamente para resultados tão negativos quanto o intolerante. São muito parecidos entre si, não tenho dúvida, com potenciais destrutivos também similares, porém cada um age ao seu modo.
E quais são os frutos colhidos por tais seres humanos dotados de tal potencial de influência? A morte, direta ou indireta.
Direta quando por meio de conflitos, lutas e perseguições alguém literalmente tira a vida de outro em nome de uma causa inaceitável para quem tem um mínimo de coerência, porém absurdamente normal para os ‘seguidores’.
Indireta quando as mesmas perseguições, calúnias e discórdias são usadas com um maior grau de covardia, sendo embutidas na alma de alguém que não suporta a carga e, paulatinamente, definha até não ter mais forças para resistir e cai, morrendo por intermédio da pressão sofrida (inclua aí o suicídio).
Baseado no que acima expus, podemos concluir que há um grupo de alvos e outro de atiradores. São esses ‘snipers’ que provocam tantas perdas. Quando decidem alvejar alguém, mesmo que essa pessoa não morra, sequelas quase indeléveis são cravejadas no espírito e na mente dela.
Esse tipo de conduta, pessoa e grupo devem ser combatidos com o mesmo ímpeto que empregamos para divulgar coisas que, diante desses males, são fúteis. Não é preciso se tornar um mártir e ostentar um estandarte para eliminar tais problemas, basta expor, divulgar e promover a conscientização de que uma vida perdida é um futuro extinto. Acrescente a isso um outro elemento: a vida destruída arrasta junto com ela outras vidas. Um pai que perde um filho certamente perde uma parcela de sua vida, tal qual um filho que morre um pouco ao perder o pai.
Extremistas são um câncer que merece ser tratado com a mesma agressividade de uma radioterapia ou quimioterapia. Mas a quem cabe ministrar essa terapia? A você, a mim e a todos que estão cansados de ver vidas serem apagadas. Covardes maiores que os agressores são os que fingem não ver essas agressões.
Então, irá continuar lendo esse texto ou começará a olhar com mais atenção ao que ocorre próximo a você? Não olhe para as trevas e queira ver luz.
A cada novo dia aumenta o meu medo, mas a esperança permanece viva…