O Orfanato da Srta. Peregrina para Crianças Peculiares: Cada um com sua peculiaridade!
Um lar para pessoas que não são normais, têm orgulho disso, mas precisam serem protegidos dos grandes perigos. Longe desse lar, um avô conta histórias fantásticas ao seu neto, daquelas que só a imaginação de um senhor e de uma criança poderia criar… Mas que eram reais.
O “Orfanato da Srta. Peregrine para Crianças Peculiares” é o primeiro livro de uma saga de suspense, de ação e, por quê não, de terror. A trama tem Jacob como personagem principal, um garoto que tem uma forte ligação com seu avô Abe, um judeu polonês sobrevivente da Segunda Guerra Mundial que adorava contar as histórias do orfanato em que foi criado.
Um avô contar histórias ao neto não tem nada de novidade, porém Abe não era normal e nem foi criado em um orfanato normal, mas sim para crianças peculiares. O que são crianças peculiares? Elas têm habilidades especiais que não eram aceitas na época, fazendo que fossem incompreendidas e abandonadas pela sociedade.
O orfanato era dirigido pela Srta. , uma ymbryne, ou seja, ela pode se transformar em uma ave (no caso dela era num falcão peregrino) e tinha poder sobre o tempo. As ymbrynes criam fendas do tempo, nelas o mesmo dia se repete indefinidamente, garantindo a proteção dos peculiares.
Esses eram os mocinhos das histórias de Abe, mas havia uma razão para que eles estivessem nesse lar especial. Havia perigos lá fora, não só pela Segunda Guerra Mundial, mas também pelos Etéreos, facção “rebelde” dos peculiares que desejavam além do que podiam e acabaram virando monstros que matavam os peculiares “do bem”.
Exatamente por isso Abe fugiu do Pais de Gales, onde o orfanato está, para os EUA, que, na época, tinha poucos Etéreos. Além disso, ele queria proteger Jacob, que havia herdado a sua peculiaridade: eles eram os únicos que podiam ver os tais monstros. Abe trabalhou a vida pós-guerra caçando os Etéreos, contudo suas histórias o faziam parecer um demente para o filho, pai de Jacob.
Abe acaba sendo atacado por um Etéreo e Jacob é quem o encontra nos últimos momentos de vida, só teve tempo mesmo para indicar ao neto como chegar ao orfanato. Jacob é aterrorizado com pesadelos da noite em que o avô morreu, desenvolvendo uma paranóia, precisando de acompanhamento psicológico, até perceber que ele só conseguiria superar esse problema se fosse procurar o orfanato, fazendo com que a realidade desmentisse as fantasias contadas pelo avô.
Com muita luta, Jacob consegue convencer seu pai de o acompanhar até a ilha no País de Gales em que o orfanato ainda funcionaria, assim ele poderia conhecer a tal Srta. Peregrine. Chegando lá o moço fica sabendo que o orfanato foi alvo de uma bomba alemã no dia 03 de setembro de 1940, e todos haviam morrido naquele momento.
Mesmo sabendo disso, Jacob continuou a buscar pistas nos escombros da casa que teria sido o orfanato. Passou alguns dias nisso e um dia achou estava delirando ou vendo fantasmas, viu e ouviu crianças lá, chamando-o de Abe. Eram os amigos de infância de seu avô, Emma, a que podia criar fogo, Millard, o garoto invisível, Brownyn, a menina com força descomunal, e alguns outros. Foi aí que ele conheceu a fenda, que eles conseguiram sobreviver ao tal ataque e estavam “seguros” neste lugar que nunca mudava, já que sempre era o mesmo dia todo dia.
Eles estavam protegidos dos Etéreos, já que estes não podiam entrar na fenda, mas ainda havia a ameaça dos Acólitos, são peculiares da mesma facção dos Etéreos, mas que não chegaram a virar monstros. Eles vivem para buscar comida para os Etéreos.
Jacob descobre muito mais sobre e sobre seu avô, arrependendo-se por um dia ter duvidado de suas histórias, e aceita sua peculiaridade, passando a ajudar aquele “estranho” grupo a sobreviver depois que a fenda se fecha e a Srta. Peregrine é raptada e ferida, não conseguindo voltar a ser humana.
Esse é um dos livros de ficção mais interessantes que eu li ultimamente, é bem escrito, a trama é bem amarrada, tem fotos sinistras de crianças peculiares (reza a lenda que são fotos reais), o que me fez ler o livro apenas durante o dia, senão eu teria sonhos peculiares.
Quando a Srta. Peregrine explica a Jacob o que era a fenda, o que era ser um peculiar e a razão por mantê-los protegidos, eu vi uma certa semelhança com os X-Men, pessoas com habilidades especiais que não são compreendidas pela sociedade, por isso muitos querem os exterminar ou os usar como experimento.
Logicamente o orfanato tem um tom sombrio e poético, diferente da academia do Professor Xavier, que tende mais para a ação e para a figura do herói. Mas até a ligação com fatos históricos eles têm, o orfanato com a Segunda Guerra Mundial e a academia com a Guerra Fria. Além, lógico, da temática social de segregação racial e preconceitos.
Esse definitivamente não é um livro infantil e, muito menos, voltado para crianças; ele tem uma complexidade dos fatos históricos e relações psicológicas. Isso sem contar com o fato de Millard, o garoto invisível que tem por volta dos 17 anos, só andar pelado!
No cinema: Confesso que a primeira vez que ouvi falar no livro foi por causa do filme, lançado em 2016, mas acabei lendo primeiro o livro e depois assistindo o filme. Como quase toda a adaptação de livro, o filme é bom, mas não tanto quanto o livro.
O filme foi produzido e dirigido por Tim Burton, a Srta. Peregrine foi interpretada por Eva “maravilhosa” Green (sou fã mesmo), o líder dos Acólitos e dos Etéreos foi vivido por Samuel L. Jackson, Jacob por Asa Butterfield (o Hugo Cabret), Emma por Ella Purnell (que fez Malévola adolescente e ficou igual a Angelina Jolie), dentre outros. Logo, podemos concluir que é um filmão, interpretações impecáveis.
Apesar de ser fã de Eva Green, preciso dizer que a melhor interpretação de todas foi de Samuel L. Jackson como Barron, um acólito que pode se transformar em quem ele quiser, disfarçando-se de psicólogo (no filme foi psicóloga, vivida por Allison Janney, já falei dela por aqui). Apesar das semelhanças, esse personagem foi bem diferente no filme, um psicopata maravilhoso, um autêntico louco!!!
Há muitas diferenças.
A fenda se passa no ano de 1943.
Emma flutua, “deixando” o poder de fazer fogo para Olive (era ela que flutuava e era mais nova no livro).
Idades são mudadas, deixando de lado alguns outros elementos secundários de lado, como alguns possíveis romances.
As crianças que ainda estão no orfanato não são as mesmas dos livros. O exemplo mais interessante são os gêmeos sinistros que estão sempre fantasiados de palhaços. Eles são citados no livro, tem até foto deles (para mim é a foto mais assustadora), mas se fala na peculiaridade deles, o que é revelado quase no final do filme, no único momento que tiram as máscaras… Eles são um tipo de medusa que transforma as pessoas em pedra.
Sério, o rosto real deles é melhor que essas máscaras, misericórdia!
A Srta. Peregrine é mais nova, no livro ela parece uma senhora, quase um figura de diretora de colégio religioso. Mas Tim Burton tinha que dar o toque dele e colocar Eva Green para fazer uma bela mulher com segredos. Fiquei pensando, se ele tivesse colocado Helena Boham Carter, tão maravilhosa quanto Eva, talvez tivesse ficado mais fiel. De todo jeito, foi uma Srta. Peregrine diferente, mas igualmente genial.
Só mais uma coisa, não desistam dessa resenha ainda, por favor. Eu sabia do elenco antes de começar a ler o livro, logo eu tinha ideia de como imaginar as cenas ao ler, mas, apesar de gostar muito da atuação de Asa Butterfield, eu imaginei esse personagem sendo interpretado por Dylan Minnette, o Clay de “13 Reasons Why”. Impossível não pensar nele quando se fala em um adolescente paranoico.
Agora é real oficial, falei quase tudo que queria dessa obra, se deixasse faria outro livro, por isso mesmo convido todos a comentarem e fazer um pequeno debate. Se tiver muitos comentários eu faço uma live lá no Instagram para a gente conversar bem muito, topam?
Beijinhos e até mais.