Difícil dizer o que eu esperava de Fragmentado, filme recém-lançado de M. Night Shyamalan. Ao mesmo tempo, torcia por uma volta aos bons tempos de O Sexto Sentido (1999), Sinais (2001) e A Vila (2004), mas também tinha medo por suas produções mais recentes (como O Último Mestre do Ar, de 2010). Após assistir o filme, digo que vale a pena conferir. A boa fase pode estar voltando!
Fragmentado traz de volta aquela tensão, fantasia e mistério que são características marcadas do diretor. James McAvoy dá vida a Kevin, que tem Transtorno Dissociativo de Identidade (TDI), e que vive tendo 23 (!) identidades que convivem com uma certa harmonia. Sua psiquiatra, Dr. Karen Fletcher (Betty Buckley), acredita que essas identidades podem interferir inclusive em sua forma física. Ela associa as mudanças de personalidade a doenças físicas e psíquicas específicas. Baseada nesta teoria, ela procura identificar e tratar cada identidade em particular, dando nomes a cada uma e estabelecendo “regras” de convivência.
Embora não seja um tema tão inovador, McAvoy está bem e o clima de suspense funciona no início, pois é sabido que algo não vai dar certo. Uma das identidades, denominada Dennis, sequestra três garotas na saída de um shopping e as mantém em cativeiro. A parte inicial do filme concentra-se então nas tentativas de fuga das meninas e na disputa entre as diferentes personalidades. Há um clima de tensão no ar e as identidades que estão “no controle” (ou na luz, como falam no filme) estão tramando alguma coisa macabra envolvendo algo que eles chamam de “Fera”. Seria uma nova identidade? Ou alguma ilusão criada pelas identidades que representa uma parte sombria de Kevin?
Este clima de tensão e um apelo ao sobrenatural já são características marcadas de Shyamalan, mas em Fragmentado o diretor extrapola. A tensão criada ao longo do desenvolvimento do filme não funciona tanto como em seus melhores filmes. Isso porque o final vai se desenhando e se mostrando previsível. Aliás, essa tentativa de criar uma atmosfera de tensão e o ritmo lento em algumas cenas até desconcentram o expectador.
Isso não quer dizer que Fragmentado seja ruim. Pelo contrário, é uma retomada e um alívio para os fãs, que há tempos aguardavam uma volta de Shyamalan aos bons tempos. McAvoy é um dos maiores responsáveis por isso. Ele está muito bem, e consegue criar uma personalidade para cada identidade, e realmente convence que são pessoas diferentes. Anya Taylor-Joy também está muito bem como Casey, uma das meninas sequestradas, que acaba adotando uma estratégia diferente das outras duas para lidar com aquela situação.
Fragmentado consegue atender a expectativas, entregando um bom filme, bem feito e até mesmo com possibilidades de continuidade. Por isso, está mais do que recomendado!
Confira o trailer de Fragmentado: