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Ring of the Nibelungs: O Anel dos Nibelungos – Do Poema Épico, Ópera ao Filme

Ring of the Nibelungs: O Anel dos Nibelungos – Do Poema Épico, Ópera ao Filme
  • Publicado em: fevereiro 21, 2017

Salve Nosetmaníacos, eu sou o Marcelo Moura e hoje falamos da mitologia Nórdica e Germânica adaptada ao cinema e ópera.

A Canção dos Nibelungos:

A Canção dos Nibelungos, em alemão Das Nibelungenlied, é um poema épico escrito na Idade Média por volta de 1200 em alto alemão médio. Embora se use o termo “canção”, o significado de liet em alto alemão médio abrange ainda ‘estrofes’, ‘saga’. A “canção” dos Nibelungos é a mais famosa das versões da saga dos Nibelungos, que remonta à era do nomadismo dos povos bárbaros. Baseada em atos heroicos germânicos pré-cristãos que compreendem as lendas dos Nibelungos, misturando antigas tradições orais com eventos e personagens históricos dos séculos V e VI. Lendas sobre os mesmos temas existem em várias sagas da língua nórdica antiga, como a Saga dos Volsungos e a Edda em prosa. Em 2009, os três principais manuscritos da Canção dos Nibelungos foram registrados no Programa Memória do Mundo, da UNESCO, em reconhecimento à sua importância histórica. O rastro do poema foi perdido no fim do século XVI, porém manuscritos da canção, datados do século XIII em diante, foram redescobertos no século XVIII. Na atualidade há trinta e cinco manuscritos medievais conhecidos da canção, o que indica a grande popularidade da história durante a Idade Média. Onze desses manuscritos estão essencialmente completos, e vinte e quatro são fragmentários, incluindo uma versão em neerlandês (manuscrito T). O texto contém aproximadamente 2400 estrofes divididas em 39 âventiuren (capítulos). Em forma e conteúdo, as fontes do manuscrito têm uma tendência a desviar-se significativamente umas das outras. Os manuscritos completos mais antigos, todos datados do século XIII e contendo várias diferenças um em relação aos outros, são denominados “A” Hohenems-Münchener Handschrift (c. 1275), “B” St. Galler Handschrift (c. 1250 ou antes) e “C” Hohenems-Laßbergische ou Donaueschinger Handschrift e encontram-se hoje na Biblioteca Estadual Bávara de Munique, na Abadia de São Galo (Suíça) e na Biblioteca Estadual de Baden, em Karlsruhe, respectivamente. Tirado de um dos últimos trechos da versão do texto em “C” (hie hât daz mære ein ende: daz ist der Nibelunge liet: “aqui acaba a história: essa é a canção dos Nibelungos.”), o título atual data da metade do século XVIII, período em que ressurgiu o interesse pelo conteúdo dos manuscritos que contêm versões do poema (em especial os códices A, B e C, dentre outros 33 códices). Em “B” consta, no lugar de “canção”, a palavra not, ‘aflição’ ao final: “diz ist der Nibelunge not”.

Cenário histórico: A Canção dos Nibelungos é uma implementação medieval alemã do chamado Mito dos Nibelungos, um grupo de lendas cuja origem remonta à heroica época das migrações dos povos bárbaros. Nesse período, várias tribos germânicas invadiram o Império Romano e colonizaram vastas áreas da Europa ocidental. Uma destas tribos foi a dos burgúndios, que estabeleceram um reino na região do Reno, com capital em Worms. Um dos eventos históricos que possivelmente está nas origens da lenda é a destruição do reino burgúndio, por volta do ano de 436, pelo romano Flávio Aécio, com ajuda de soldados hunos. O poema se refere à destruição dos burgúndios numa luta travada no reino de Átila, o Huno. Outro evento histórico que pode ter influenciado o mito é o casamento de Átila com a princesa germânica Idico, em 453. No poema, Átila se casa com a princesa burgunda Kriemhild (em português, Cremilda). Batalha entre nibelungos e hunos (detalhe de afresco da Münchner Residenz). Outro acontecimento com possível reflexo no mito é o conflito na casa dos Merovíngios, entre a rainha Brünhild (Brunilda) e a amante do rei, Fredegunde (Fredegunda), ocorrido no século VI. Esse evento histórico tem um paralelo no poema na relação conflitiva entre as rainhas Brünhild e Kriemhild. Esse fundo histórico foi misturado com antigas lendas relacionadas aos nibelungos, originalmente uma raça mitológica de anões guardiões de um tesouro. Mais tarde, o nome nibelungo passou a designar uma dinastia burgunda. Na primeira parte do poema, o tesouro que Siegfried tomou dos nibelungos passa aos burgúndios. O significado do termo “nibelungo” muda na segunda parte, pois os burgúndios passam a ser chamados nibelungos, talvez por se terem tornado donos do tesouro. O público da Canção dos Nibelungos era composto por cortesãos educados, acostumados aos romances de cavalaria da Matéria da Bretanha e da Matéria de França. Assim, apesar da antiguidade dos temas da Canção, o comportamento dos personagens está fortemente condicionado pela ética da cavalaria medieval e do amor cortês. O cerimonial da corte burgunda, as ações de Siegfried, seus esforços para conquistar Kriemhild e o relacionamento amoroso entre os dois são típicos dos romances de cavalaria da época.

Autoria: Como é frequente nos poemas épicos da época, o nome do autor da Canção dos Nibelungos não é indicado no texto. A opinião geral dos estudiosos é a de que o autor seria um poeta anônimo, de refinada educação, da região do Danúbio, entre Passau e Viena, e que a composição inicial dataria do período entre 1180 e 1210. Uma possibilidade é que o autor fosse da corte de Wolfger de Erla, bispo de Passau entre 1191 e 1204, que foi um grande incentivador da literatura, tendo sido mecenas de Walther von der Vogelweide, entre outros. Na Lamentação dos Nibelungos, um poema anexo à maioria dos manuscritos da Canção, há uma explicação fantasiosa para a escritura do conto. O texto indica que um tal “Mestre Conrado” foi encarregado de transcrever a história para o bispo Pilgrim de Passau (971-991). Esse bispo teria sido supostamente, testemunha ocular dos acontecimentos. Não é claro o sentido dessa menção a Pilgrim. Isso poderia dever-se a que o autor utilizou fontes da época de Pilgrim para compor a Canção, talvez da autoria de um mestre Conrado. Também poderia ser simplesmente uma homenagem ao ilustre predecessor de Wolfer, responsável pela cristianização dos húngaros. A Canção dos Nibelungos está composta por estrofes de quatro versos denominadas Nibelugenstrophe ou Kürenbergerstrophe, uma métrica que influenciou diversos poemas épicos e o Minnesang. Elas estão organizadas em pares de versos rimados chamados de Langzeile. As cerca de 2.400 estrofes da Canção dos Nibelungos estão subdivididas em 39 âventiure (aventuras), capítulos de tamanho variável com subtítulos. Estes subtítulos variam muito de manuscrito a manuscrito e são fruto de adições posteriores. A Canção dos Nibelungos está constituída por duas partes. A primeira parte descreve a viagem de Siegfried à terra dos burgúndios, o amor de Siegfried e Kriemhild, a conquista de Brünhild pelo rei Gunther com a ajuda de Siegfried, o casamento de Siegfried e Kriemhild e a morte de Siegfried por Hagen. A segunda parte narra a vingança de Kriemhild , que se casa em segundas núpcias com Átila, o Huno e atrai os cavaleiros burgundos para uma emboscada na corte huna, o que causa um massacre em que morrem quase todos os protagonistas. O manuscrito “C” começa com uma estrofe que antecipa o final trágico e que se acredita que é uma adição posterior ao poema. Embora seja o manuscrito mais antigo que se conhece, acredita-se que sua versão seja posterior às versões *A e *B.

A Maldição do Anel (2004):

Direção Uli Edel, roteiro Diane Duane e Peter Morwood, elenco Benno Fürmann, Alicia Witt, Kristanna Loken e Max von Sydow, ‘Ring of the Nibelungs é uma mini-série de fantasia e aventura baseado no poema épico alemão Nibelungenlied. A história se passa na época em que os europeus haviam mudado de religião, abandonando as crenças pagãs e adotando o cristianismo. O filme foi dividido em três partes e compreende a vida de Siegfried, da infância até sua morte.

Enredo: Siegfried ainda é criança quando o castelo de seus pais é invadido pelos Saxões. Siegfried é colocado em um tronco flutuante num rio e é salvo pelo ferreiro Eyvind. O homem o adota e lhe dá o nome de Eric, criando-o na crença dos deuses nórdicos. 12 anos depois, Brunhild, rainha da Islândia e da mesma crença de Eric, segue uma profecia lida em runas e se encontra com Eric. Os dois se apaixonam mas ela volta para seu reino, com Eric prometendo que irá ao seu encontro. No dia seguinte, Eric vai com Eyvind para a Burgundia e no caminho os homens avistam uma cidade toda destruída por chamas. Em Burgundia, Eric conhece o príncipe Giselher, irmão mais novo do Rei Gunther. Eyvind presenteia o rei com espadas que fabricara e o monarca parte com mais onze homens para enfrentar o dragão Fafnir, o responsável pela destruição da cidade. Eric pega o metal de meteorito que encontrara na noite em que conhecera Brunhild e o forja numa poderosa espada. O rei Gunther fracassa em matar o dragão e retorna ferido. Eric então parte sozinho para enfrentar Fafnir que as lendas revelam ser o guardião do fabuloso tesouro dos Nibelungos. Na caverna do dragão, Erik encontra o tesouro e coloca em seu dedo um anel, mesmo os fantasmas dos Nibelungos avisando-o que seria almaldiçoado se tomasse para si aquelas riquezas. O pai de Hagen, maldoso conselheiro do rei Gunther, é o feiticeiro banido Alberich que tenta enganar Eric para ficar com o tesouro. Mas o guerreiro o derrota. Eric pega de Alberich seu elmo da transformação, que permite ao possuidor ficar com a aparência de qualquer um que queira após dizer algumas palavras mágicas. Ao retornar, Eric é proclamado pelo rei Gunther um herói do reino, para a inveja de Hagen. Nas comemorações da noite, a irmã do rei Gunther chamada Kriemhild, conversa mascarada com Eric por quem é apaixonada, e fica sabendo que ele ama outra mulher (Brunhild). Enquanto isso, os Saxões decidem invadir a Burgundia para tomar o tesouro de Eric. Eric enfrenta os reis gêmeos da Saxônia e se lembra de que foram eles que mataram seus pais. Também recorda que seu verdadeiro nome é Siegfried de Xanten. Um corvo avisa a Brunhild da verdadeira identidade de Eric e que ele logo a visitará. Mas o pai de Hagen faz uma poção do amor e dá a Kriemhild, que enfeitiça Siegfried, fazendo-o tomar a bebida mágica misturada a um vinho. Siegfried se apaixona por Kriemhild, esquecendo de seu amor por Brunhild que desconhece isso porque o corvo que lhe avisaria é morto por uma flecha de Hagen. Siegfried quer se casar com Kriemhild mas Hagen lembra a Gunther que o costume é de que o rei se case primeiro que seus irmãos. Gunther revela que deseja Brunhild por esposa e pede ajuda a Siegfried para que ele derrote a rainha num duelo, a única forma dela aceitar se casar. Siegfried aceita ajudar e usa o elmo de Alberich para se disfarçar de Gunther e enganar Brunhild. A rainha não entende o que aconteceu com Siegfried mas mantém sua palavra e aceita ir até a Burgundia para se casar com Gunther. Na noite de núpcias, Brunhild resiste a Gunther e o avisa que só se entregará a ele se o rei conseguir tirar seu cinturão dos deuses, que lhe dá sua imensa força. Gunther pede ajuda a Siegfried que se disfarça novamente e consegue tirar o cinturão de Brunhild. Gunther possui Brunhild mas Hagen o avisa de que no futuro alguém poderá descobrir sobre Siegfried e acusar de bastardo o eventual filho do rei. Então os dois homens planejam matar Siegfried. Kriemhild prepara um funeral pagão para Siegfried, colocando o tesouro e o anel dos Nibelungos num barco em chamas com o corpo dele. Lena avisa que os deuses pagãos morreram com Siegfried. Antes do barco queimar Brünnhild sobe no barco em chamas e se mata coma epada caindo sobre o corpo do amado. Após o barco queimar, o tesouro e o anel afundam nas águas do rio.

Crítica: O Anél dos Nibelungos é um filme épico de baixo orçamento, imperdível, quase um pré Senhor dos Anéis, de tão belo é o trabalho e química desta obra cinematográfica. Sim, aqui também possui um anel, um tesouro e um dragão, na verdade, Tolkien se baseou neste poema para escrever o seu Senhor dos Anéis e o Hobbit, livros que também geraram uma esplêndida franquia do diretor Peter Jackson. O diretor novato alemão Uli Edel, o mesmo das minisséries As Brumas de Avalon e Houdini, sabe contar uma boa e longa história, onde toda uma linhagem é contata, muiot similar a série Vikings, se você é fã desta série também. Os personagens envelhecem na sua frente e toda uma vida é detalhada através dos mitos e lendas destes povos conquistadores. Com um orçamento de US$ 23 milhões e uma produção simples e muito bem feita no interior da Europa, Uli Edel fez um filme simpático, não endeusando o mito, mas transformando a história em um conto humano de heróis e cobiça. Esqueça a mitologia nórdica de Odin, Thor e Loke e mergulhe em uma história de reis e rainhas, de tesouros e egoísmo mortal. O roteiro do filme é baseado, que já foi também uma Ópera pelo incrível Richard Wagner, desenvolve nas boas atuações de Benno Fürmann e Kristanna Loken, onde toda a mitologia passa pelos seus atos e decisões que mudam uma nação. No elenco o jovem Robert Pattinson, ator, modelo e músico britânico, conhecido por sua interpretação na franquia Harry Potter inspirada nos livros de J. K. Rowling e logo após na franquia Crepúsculo de Stephenie Meyer. Kristanna Loken, atriz norte-americana e ex-modelo, conhecida por seu papel como a andróide T-X no filme Terminator 3: Rise of the Machines ou a atriz principal da série BloodRayne. Benno Fürmann, ator alemão, de cinema e televisão, nascido em Berlin-Kreuzberg. No Brasil, ficou conhecido pelo seu papel de William Eden, do filme Devorador de Pecados. Max Von Sydow, ator sueco, conhecido pelos seus trabalhos com o cineasta Ingmar Bergman.

Gostou da matéria, é só seguir o meu instagram para acompanhar lançamentos e opinar: https://www.instagram.com/marcelo.moura.thor/

Written By
Marcelo Moura

Moura gosta de Cinema, Tv, Livros, Games, Shows e HQ´s, do moderno ao Cult. Se diverte com o Trash, Clássico e Capitalista. e um pouco de tudo isso você vai encontrar aqui. Muitos dizem que quem escreve é a sua esposa ou mesmo seus três filhos. É ler para crer....

2 Comments

  • Ótimas informações, primeira vez que encontro estes detalhes sobre a obra. Encontrei a página depois de descobrir que o tmdb simplesmente apagou o material de fanart que eu tinha postado há uns três anos. Me refiro ao poster e o background (esse no início da página), pois não existia nada antes, nem em inglês nem em português que tivesse um mínimo de qualidade. Fico feliz que tenha se preservado ao menos uma cópia aqui. Parabéns ao site pela matéria, recomendo um conteúdo adicional, Alex Alice’s SIEGFRIED Graphic Novel, é algo excelente.

    • Obrigado, seu fã da mitologia nórdica e germânica, além de suas obras e adaptações derivadas. Foi um prazer escrever sobre o assunto.

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